O REVISIONISMO NO II FSM A vergonhosa integração do pseudotrotskismo ao FSM No meio dos 60 mil participantes do II FSM estavam as correntes que se reivindicam trotskistas, visíveis por suas imensas bandeiras, mas diluídas politicamente, apesar de organizações como o PO e do MST argentinos deslocarem um número considerável de sua militância para o evento, assim como também o PSTU convocou seus satélites da LIT. O aumento da presença numérica do pseudo-trotskismo argentino em meio à onda de levantes populares no país vizinho em si não trouxe para o Fórum o "espírito insurgente de Buenos Aires". Muito pelo contrário, todas estas organizações mereciam o prêmio de bom comportamento dos promotores do Fórum. Isto, apesar das humilhações que organizações como o PO foram obrigadas a passar, como a de terem visto suas 10 oficinas divulgadas com orgulho na página web serem anuladas na última hora, ou por serem impedidos de usar o microfone nos atos (seus oradores foram obrigados a descer calados do carro de som). Também não poderia ser diferente, a capitulação à burocratização imposta pelos organizadores do FSM demonstra mais uma vez que o PO e seus satélites não buscam construir uma internacional trotskista com uma política de combate para construir uma nova direção para o movimento de massas, mas para ser um sócio de esquerda das atuais direções conciliadoras. A política democratizante dos pseudotrotskistas posicionou-os na retaguarda das manifestações argentinas, apresentando saídas de recomposição do regime democratizante em bancarrota. O PO veio ao II FSM para tentar tirar dividendos oportunistas do prestígio adquirido pelos lutadores argentinos junto a esquerda mundial, com o intuito de usá-lo para reintegrar-se ao círculo contra-revolucionário da esquerda democratizante latino-americana, agrupada no Fórum de São Paulo, do qual o PO já fez parte e hoje sente saudades. Por isso, se submeteu conformado a todas as imposições e manobras da direção do FSM, para os quais quer dar provas de confiabilidade. A UIT participou do Fórum revelando uma fratura exposta de sua filial brasileira, a CST. Em crise, em função de sua capitulação aberta à burocracia sindical cutista e por disputas internas em torno de seus mandatos parlamentares, a CST é agora vítima de sua própria política de ser apêndice de esquerda do PT e da Frente Popular. Como prova de que a crise da CST não é um desvio de um setor brasileiro da política original da UIT, no FSM, o MST argentino dedicou-se a divulgar a política ultra-oportunista que apresentou em pleno levante argentino, quando legitimou a farsa parlamentar que indicou Duhalde presidente, ao reivindicar do Congresso burguês a aprovação de um governo provisório do neoesquerdista Zamora com a reformista Esquerda Unida (MST/PC). Já o PSTU/LIT, que em momento algum quis ser excluído desta frente popular mundial, dançou conforme a música tocada pelos organizadores do FSM, abandonando até mesmo a defesa do não pagamento da dívida externa. No dia 4 de fevereiro, participou da mesa do seminário pela Auditoria "Cidadã" da Dívida que teve entre seus principais organizadores a Campanha Jubileu Sul e em conjunto com estes representantes do Vaticano, o PSTU defendeu a AUDITORIA e SUSPENSÃO da dívida externa e interna (maiores detalhes desta escandalosa capitulação ver na página do PSTU na internet). Para não correr o risco de ficar de fora das mesas, em um debate sobre a usurária dívida externa, o oportunista PSTU negociou seu próprio programa para não fugir do "consenso de Porto Alegre". O mesmo oportunismo se aplicou à juventude onde o PSTU repetiu o consenso à oposição formal à ALCA e calou-se sobre o Mercosul, capitulando à política pró-imperialista européia do FSM. A LBI participou de uma plenária sobre a situação argentina no acampamento da juventude em que estavam presentes correntes da LIT, PO, UIT, MAS, PTS. Em nossa intervenção comparamos o papel das direções contra-revolucionárias sindicais peronistas na Argentina e da frente popular no Brasil, ressaltando que o levante popular de 19 e 20 de dezembro e as manifestações posteriores na Argentina só foram possíveis quando as massas ultrapassaram nas ruas os limites impostos pelas burocracias sindicais (CGT´s e CTA) e os piqueteiros e desocupados não mais esperaram pela CCC filomaoísta. Ao mesmo tempo, a LBI delimitou-se com a esquerda pseudo-trotskista que apresenta saídas de recomposição do regime (eleições gerais, governo provisório, Constituinte), consígnias que neste momento levariam à sabotagem da marcha da revolução no país vizinho. Denunciamos que, no Brasil, a frente popular, o PT e a CUT são os principais responsáveis por os trabalhadores daqui não acompanharem seus vizinhos argentinos, recordando que há dois anos Lula saudou a posse de De La Rúa, apresentando-o como exemplo de governo de centro-esquerda que o Brasil deveria se inspirar. Apontamos, portanto, como tarefa dos revolucionários na Argentina unificar as lutas dos desocupados e das classes médias ao proletariado pelas expropriação dos meios de produção, impulsionando a construção de organismos de poder operário e popular, e não apresentar saídas reformistas para salvar a democracia argentina. Já no Brasil, a melhor forma de prestar solidariedade aos trabalhadores argentinos é desmascarar a frente popular e suas aspirações de um governo centro-esquerdista, a partir da denúncia política no próprio FSM, e não fazer seguidismo a ela como fazem os pseudo-trotskistas PSTU e CST. Por tudo isto, acreditamos que ao contrário do que propagandiza a LIT uma "Frente de Esquerda" (MST, PO, LIT, MAS) argentina, reunindo a política desastrosa deste conjunto democratizante seria um passo atrás, uma verdadeira armadilha contra a revolução argentina. O PTS desanimou-se do FSM porque os setores antileninistas aos quais bajulava, a "juventude antiglobalização", entraram em completo refluxo. A LOI argentina (ruptura do PTS, que como o partido de origem também defende neste momento a Assembléia Constituinte) representa um caso raro de esquizofrenia política: participou do II FSM mas finge que não participou. Como possui uma grande afinidade programática com seus pares argentinos, quando tenta criticar os outros pseudotrotskistas, fabrica argumentos que acabam por levá-la ao extremo ridículo. Em seu jornal DO n º8, elaborou uma longa lista de pseudotrotskistas (The Militant, SWP inglês, UIT, LIT e PO) criticando-as porque iriam estar no Fórum e tenta meter neste saco de gatos a LBI: "outras correntes que se dizem trotskistas iriam alí participar dos chamados "fóruns alternativos" que não são senão a cobertura "pela esquerda" desta "internacional contra-revolucionária, como fizeram no ano passado o PTS da Argentina e a LBI do Brasil". Mas, para nossa surpresa, a LOI não quis ficar de fora da "internacional" contra-revolucionária, e pior, participou envergonhadamente, fingindo que estava de passagem, não como uma corrente de combate como a LBI, mas como um transeunte curioso, sem a coragem política para desmascarar as direções contra-revolucionárias em seus próprios fóruns, um dever elementar dos marxistas-leninistas. NOTAS: Artigo extraído do jornal Luta Operária n.º 56, Março/2002 |
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