ELEIÇÕES NO CENTRO DO MONSTRO IMPERIALISTA

Bush reforça-se internamente para aprofundar sua ofensiva contra os povos

Realizaram-se nos EUA, em 5 de novembro, as primeiras eleições parciais (parte do Congresso Nacional e dos governos estaduais) após os ataques de 11 de setembro. Marcado por um período de recessão econômica e queda na produção industrial, o imperialismo norte-americano se prepara para a invasão do Iraque. As eleições americanas transcorreram em um clima de apatia por parte da população: "os Estados Unidos votaram terça-feira num clima de desilusão e curioso distanciamento do sistema político" (New York Times, 07/11). Essa apatia decorre do circo eleitoral montado por republicanos e democratas na disputa pelo parlamento. Diante da crise econômica, os monopólios imperialistas acordaram que é hora de favorecer a supremacia republicana, com o intuito de submeter os trabalhadores norte-americanos a um regime fascistóide e diminuir os obstáculos internos ao recrudescimento da ofensiva econômica e militar sobre o mundo. Após garantir há dois anos a sua eleição, através da fraude e complacência dos democratas, Bush agora possui maioria no Senado e na Câmara, apesar do Partido Republicano ter contado com apenas 18% dos eleitores aptos a votar, sendo obrigado a realizar uma nova fraude no estado do Texas para eleger seu irmão Jeb Bush, curiosamente o único lugar no mundo, além do Brasil, onde foi utilizada a urna eletrônica. Com essa manobra, Bush repete o que só dois presidentes norte-americanos conseguiram: Franklin Roosevelt, em 1934, e Bill Clinton, em 1998, saindo-se agora fortalecido para impor o recrudescimento da ofensiva imperialista, aumentando ainda mais as forças bélicas sobre os povos.

NEOMACARTHISMO, PRODUTO DA FASCISTIZAÇÃO DO REGIME

Com a vitória dos republicanos, Bush passa agora a se fortalecer internamente e colocar em prática seus planos fascistas, como a implantação de um Neomacarthismo. O Macarthismo foi o período da caça às bruxas nos EUA, onde qualquer pessoa era investigada, perseguida, presa e até executada (como ocorreu com o casal Rosemberg, por serem filiados ao Partido Comunista), mais de 6 milhões de norte-americanos foram vítimas dessas perseguições, com a justificativa de serem simpatizantes de esquerda. Agora, através da criação do Departamento da Segurança Interna, as perseguições irão se basear na "prevenção ao terrorismo", justificando a quebra de direitos civis, a vigilância policial sobre a população e a xenofobia, com prisões em massa e "julgamentos" passíveis de execução. Isto significa um aumento espetacular da sufocante repressão interna. Aquele que se propagandeia "um país livre", possui menos de 5% da população do planeta, mas hoje já detém 25% de toda a população carcerária mundial(!), sendo a maioria negros ou latinos. Através destas medidas, Bush visa facilitar o ataque aos direitos dos trabalhadores norte-americanos, como a demissão de 850 mil funcionários públicos, a metade do quadro do funcionalismo, enquanto destina verbas para a contratação de 180 mil arapongas para o Departamento da Segurança Interna. A privatização do seguro social que mantém milhares de desempregados sustentados pelo Estado aumentará ainda mais o contingente de miseráveis que hoje supera os 60 milhões de pessoas no país. A perseguição e prisão de ativistas do movimento popular, sindicalistas, militantes negros, muçulmanos, visa a quebra de qualquer manifestação de resistência popular que possa colocar em risco sua política fascista de intervenção em outros países, o que aconteceu por exemplo nos protestos contra a guerra do Vietnã, quando milhares de norte-americanos rechaçavam a invasão ianque. O plano é estender esta caça às bruxas a todo o planeta, através de uma rede mundial de repressão, seguindo a "doutrina Bush de segurança nacional".

A vitória sobre o Afeganistão e a transformação desse país numa verdadeira base militar ianque na fronteira com a Rússia facilitou o controle de uma região rica em minerais e petróleo, o que proporciona aumentar o domínio mundial, que vem se consolidando desde a restauração capitalista da URSS. A invasão contra o Iraque representa o momento mais elevado deste processo de hegemonia mundial, onde os EUA, através da doutrina de segurança nacional, declaram uma "ação militar preventiva" contra qualquer país que ofereça riscos à supremacia dos interesses dos monopólios norte-americanos. A ocupação do Iraque pretende dar um fôlego temporário à crise econômica imperialista, abrindo uma nova ponta-de-lança ianque no Oriente Médio, tornando-o um grande campo de concentração para as massas árabes e palestinas ao velho estilo nazista.

SOMENTE A CLASSE OPERÁRIA PODERÁ DESTRUIR O MONSTRO IMPERIALISTA

Novamente, os rumos da História estão lançados nas mãos da classe operária e de sua vanguarda. Somente a mobilização das massas exploradas poderá garantir a vitória do povo oprimido, unificando os trabalhadores de todo o Oriente Médio para expulsar o imperialismo. Por outro lado, é mais do que urgente que a classe operária norte-americana, entorpecida pelo chauvinismo ianque, expulse dos sindicatos as suas direções mafiosas e pró-imperialistas, lutando contra o fascismo crescente e impondo uma enorme derrota no coração do monstro capitalista. Para isso, é necessário a reconstrução de uma seção da IV internacional nos EUA, tarefa que as correntes pseudotrotskistas se negam a realizar, abandonando o combate no interior do movimento operário pelo guetoísmo pequeno burguês, sucumbindo às pressões de sua burguesia imperialista.

Neste momento, a mobilização e unidade internacionalista dos trabalhadores árabes e norte-americanos pode abrir um período sem precedente de revoluções em todo o planeta, porém, essa tarefa só pode ser cumprida através da construção do Partido Mundial da Revolução Socialista, que conduzirá o proletariado à vitória final. O primeiro passo para deter a ofensiva fascistizante de Bush é desencadear uma ampla campanha internacionalista pela vitória do povo iraquiano frente à guerra de rapina imperialista no Oriente Médio.


NOTAS:
* Artigo extraído do jornal Luta Operária n.º 67, 2ª Quinzena de Novembro/2002


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