PCO, após 8 anos, reconhece que a LBI estava correta em não votar em Lula desde 1994

Depois da proeza de conquistar pífios 38 mil votos para sua candidatura a presidente, em um país com 115 milhões de eleitores e tendo acesso diário ao rádio e à TV durante todo o 1º turno, em função de sua política sindicalista rasteira e do "ar de cemitério" do Sr. Pimenta, o PCO assumiu a defesa do voto nulo nas eleições presidenciais: "Tanto Lula como Serra são a representação dos empresários e de políticos tradicionais da burguesia... Os trabalhadores não têm candidato e por isso, é preciso fortalecer com o voto nulo, a luta pela independência política da classe trabalhadora" (Suplemento Especial do Jornal Causa Operária nº 3, outubro/2002).

A defesa do voto nulo pelo PCO, em um pleito em que Lula disputou a Presidência da República com José Serra, candidato oficial do governo FHC, joga por terra a "pletora" de asneiras que o PCO usou para explicar seu apoio eleitoral a Lula em 94 e 98, assim como para atacar a LBI como um grupo de "lulistas arrependidos" por chamar o voto nulo desde 94, após ter votado criticamente na candidatura da frente popular em 89. Deixemos que o "intempestivo" oportunismo político do Sr. Pimenta prove o pântano de desmoralização política em que meteu o PCO.

LULA E O PCO: DE "CANDIDATO DA CLASSE OPERÁRIA CONTRA O GRANDE CAPITAL" EM 98 PARA "UMA CANDIDATURA PATRONAL, NEM SEQUER DE ESQUERDA" EM 2002

Em 98, o PCO chamava o voto em Lula e assim caracterizava a disputa eleitoral: "De um lado temos FHC, que representa os interesses do grande capital. De outro temos a candidatura de um operário, que agrupa atrás de si a maioria esmagadora dos setores explorados" (Causa Operária, nº 282, 1998). Para acomodar sua nova posição de voto nulo, o PCO, como um passe de mágica oportunista, tem uma avaliação completamente distinta. De candidato com apoio massivo da classe operária, Lula passou a representar uma candidatura burguesa: "A candidatura Lula apóia-se sobre diversos setores da burguesia e não sobre o movimento de luta dos trabalhadores. Não é uma candidatura operária ou até mesmo de esquerda, mas uma candidatura patronal, apoiada e financiada pelos patrões" (Suplemento especial do Jornal Causa Operária, outubro/2002).

Com esse verdadeiro samba do crioulo doido, o PCO busca encobrir sua vergonhosa capitulação à frente popular nas eleições de 94 e 98. Nestas duas ocasiões, Lula já representava uma candidatura burguesa comprometida como o imperialismo, ainda que tivesse em torno de si a "esmagadora maioria dos explorados".

A diferença é que até então o PCO continuava a embelezar a candidatura Lula, apesar de sua integração à ordem burguesa. Chegou mesmo a hipotecar, em nome do caráter operário dessa candidatura, solidariedade incondicional à frente popular quando a imprensa denunciava seu envolvimento em escândalos de corrupção. O editorial "Porque caluniam Lula" afirma: "De imediato, o objetivo é impedir que esta reação possa ser canalizada para o terreno das eleições, por meio de um expressivo crescimento eleitoral do candidato da oposição, que é apoiado pela quase totalidade das organizações de luta dos trabalhadores da cidade e do campo, da juventude, dos negros e das mulheres, o companheiro Lula... A manipulação do processo eleitoral expõe o temor da burguesia em relação à unificação do movimento operário e a possibilidade de vitória da candidatura que o representa" (Causa Operária nº 284, agosto/98).

Em verdade, na atual disputa, Lula teve o maior apoio da vanguarda operária e camponesa de toda sua trajetória eleitoral. "Quase a quase totalidade das organizações de luta dos trabalhadores da cidade e do campo" apoiaram a frente popular, razão política tão preciosa que serviu para justificar o voto do PCO em Lula em 94 e 98. No entanto, o PCO argumenta que agora não apóia Lula porque este não expressa mais uma candidatura operária, por ser financiada e apoiada pelos patrões. A contradição é flagrante. O apoio do PCO a Lula foi entusiasta em 94 e 98. Nestes anos, o PT já defendia as privatizações, a continuidade do Plano Real, os acordos com o FMI, suas campanhas eram financiadas pelo Bradesco e o Itaú e tinha, como seu vice, Brizola, um tradicional político burguês, ou seja, era claramente "apoiada e financiada pelos patrões".

A FRENTE POPULAR MUDOU EM 2002, OU FOI O PCO QUE CAPITULOU À SUA POLÍTICA DE 94 E 98?

O processo de completa integração burguesa que o PCO identificou no PT somente em 2002, já era apontado pela LBI desde 94. Mas, para justificar seu até então apoio a Lula, o PCO defendia que não havia diferenças entre as frentes populares de 89, 94, 98: "Se defendemos que a classe operária deve lutar por sua independência..., qual a diferença entre as duas frentes populares do PT? Nenhuma. No entanto, todos....os grupos centristas vêem uma grande diferença entre 89, 94, 98" (Autópsia de uma Campanha de Calúnias). Com oito anos de atraso, o PCO conseguiu enxergar que Lula representa uma candidatura burguesa, reconhecendo que a LBI estava correta em não votar na Frente Popular desde 94. O mais contraditório é que o Sr. Pimenta, agora defensor ardoroso do voto nulo, sempre acusou a LBI de ser um grupo de "lulistas arrependidos" por defender esta posição. Para o PCO o fato da LBI pontuar nítidas diferenças da conjuntura política e da campanha eleitoral entre 89, 94 e 98, advogando o voto nulo nas duas últimas, ainda que reivindicando votar criticamente em Lula no ano de 89, por caracterizar que a candidatura Lula expressava, ainda que deformadamente, a tendência à independência do movimento operário frente à burguesia, o que não pôde ocorrer nas eleições seguintes pela completa integração do PT à ordem capitalista, seria uma demonstração de sua "desilusão com o PT". A estupidez dessa tese é que, se prestamos apoio eleitoral crítico a Lula num determinado período histórico, estamos obrigados a repetir mecanicamente este apoio nas eleições seguintes, sob pena de sermos acusados de estarmos "iludidos" quando este se apresentou pela primeira vez. A história provou que o grande iludido com Lula era o próprio Sr. Pimenta.

O PCO também chegou a afirmar que: "Chamar o voto nulo em uma eleição disputada entre Lula e FHC dificilmente poderá ser considerado como um ‘ataque pelos flancos’. Para os operários que apóiam Lula, o voto nulo parecerá um ataque frontal contra Lula, e pior ainda, uma defesa de FHC" (Um grupo de impostores políticos, pág. 50). Cabe uma perguntinha: será que o PCO ainda tem a cara-de-pau de dizer que chamar voto nulo em uma eleição entre Lula e Serra fortalece o candidato do governo? Parece piada, mas hoje, dizem que "é preciso fortalecer, com o voto nulo, a independência política da classe trabalhadora".

Afinal de contas, a posição do PCO em defesa do voto nulo é o oposto de uma verdadeira política revolucionária, como afirmava o Sr. Pimenta, polemizando com a LBI anos atrás, ou o reconhecimento tardio do acerto de nossa orientação? Deixemos que a atormentada mente do Sr. Pimenta invente uma saída para a armadilha que ele mesmo criou para o seu moribundo partido.


NOTAS:
Artigo extraído do jornal Luta Operária n.º 66, Edição Especial, Novembro/2002


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