Lambertistas de ‘O Trabalho’ vendem a ilusão de que o governo Lula/Alencar irá romper com o FMI e atender as reivindicações dos trabalhadores A tendência interna do PT "O Trabalho" (OT) segue mais uma vez sua tradição de apêndice da social-democracia. Sendo mais uma das "correntes de esquerda" do PT, onde possui um peso insignificante, OT tenta garantir seu espaço na frente popular, apresentando a candidatura Lula como sendo um instrumento de rompimento com o FMI e atendimento das reivindicações dos trabalhadores, exatamente no momento em que Lula se curva ainda mais ao Fundo Monetário, esperando ser o próximo gerente do Estado burguês em bancarrota. OT chega ao absurdo de igualar os levantes de massas ocorridos recentemente na América Latina com a eleição de Lula no Brasil, apresentando a candidatura do PT como sendo a melhor expressão da resistência do povo trabalhador aos ditames do imperialismo. Enquanto a América Latina arde em lutas, no Brasil, a frente popular encabeçada pelo PT e agora aliada ao PL e à Igreja Universal, que OT tanto embeleza nesta eleição, é a principal responsável por celebrar um pacto de co-governabilidade com FHC e o imperialismo para manter a estabilidade política, represando a insatisfação popular e canalizando-a para o campo institucional: a pressão parlamentar, CPI´s, eleições, etc. OT reivindica em seus jornais "um governo autêntico do PT para romper com o FMI" (OT, nº 523, 12/09 a 26/09), ou seja, os mesmos governos petistas "autênticos" que desde a prefeitura de Diadema (1982) vem reprimindo os trabalhadores e seguindo as mesmas políticas de qualquer administração burguesa. O mais escandaloso é vender a idéia de que o governo petista irá "romper com o FMI". Perguntamos: em que mundo de faz-de-conta está a cabeça dos dirigentes de OT? No Brasil não é! Basta ver a resolução oficial do PT sobre o acordo com o FMI para cair a máscara dessa corrente impostora e lambe-botas da Articulação: "Na carta aos brasileiros assumimos dois compromissos: o de honrar todos os contratos, internos e externos, e o de preservar o superávit primário... Aceitamos, por ser inevitável, o acordo ora firmado" (Site do PT). A política de OT no movimento de massas vem servindo há muito tempo como sustentáculo da direção do PT, a Articulação, como já faz parte de sua trajetória como corrente. O grande exemplo ocorreu quando os lambertistas se dissolveram no PT apresentando a Articulação e Lula como autênticos revolucionários a ponto de perder grande parte de seus quadros para o lulismo. Como foi o caso de Luis Favre, "queridinho" da socialite Marta Suplicy e conselheiro pessoal de Lula. Seguindo as ordens da direção do PT, OT tenta se "delimitar" com o PSTU, chegando a reclamar de suas "denúncias" sobre o programa de Lula: "Ao invés de uma campanha de denúncia que desmoraliza os militantes para fazê-los desertar do terreno da luta, é preciso afirmar o que é necessário: Nunca foi tão importante um autêntico governo do PT, que rompa com o FMI e salve a nação do desastre do tipo argentino!" (idem). OT considera o PT como o único terreno possível para se lutar e denunciar a política burguesa do PT seria "desertar do terreno da luta", mesmo quando hoje o PT paralisa todas as lutas e derrota as greves em função das eleições e da estabilidade do regime burguês, e que a CUT, dominada pela Articulação, sirva como sustentáculo do governo FHC, promovendo acordos e paralisando o movimento operário, através de uma burocracia sustentada pelas verbas estatais do FAT. OT não passa de uma corrente sindicalista, a chamada "corrente sonrisal", que se dilui na burocracia de todo sindicato que participa sem qualquer delimitação política. Trotsky, no Programa de Transição, deixa muito claro: "Olhar a realidade de frente; não procurar a linha de menor resistência; chamar as coisas pelo seu nome; dizer a verdade às massas, por mais amarga que seja; não temer obstáculos; ser rigoroso nas pequenas coisas como nas grandes, ousar quando chegar a hora: tais são as regras da Quarta Internacional". Portanto, a campanha ilusionista de OT a favor de Lula, iludindo as massas quando coloca a possibilidade de uma ruptura desta candidatura com o FMI, não passa de oportunismo e revisionismo sem princípios! OT, assim como o PSTU durante muitos anos, pode alegar que defende a candidatura Lula, mas chama esta a romper com a burguesia e o FMI, reproduzindo a política de Lênin durante o governo de Kerensky na Rússia de 1917, quando chamava "Fora os ministros burgueses do governo!". O problema é que OT se utiliza desta "tática" de forma torpe e mecânica desde 1989, ou seja, durante 13 anos, transformando-a em uma estratégia de embelezamento do PT e de seus governos! Lênin, ao contrário, utilizou esta palavra-de-ordem educativa para mostrar às massas que Kerensky e os mencheviques não queriam romper com a burguesia, isso porque seu governo fora fruto da revolução de fevereiro de 1917, e não simplesmente de uma eleição burguesa. No entanto, esta palavra-de-ordem foi utilizada de abril até julho desse ano, durante apenas três meses, quando o Partido Bolchevique passou a adotar a bandeira de "Todo poder aos Sovietes", os conselhos operários formados na Rússia e que se constituíam como um verdadeiro poder paralelo ao governo de Kerensky. E mesmo assim, o Partido Bolchevique, desde a chegada de Lênin em abril de 1917 na Rússia, nunca deixou de fazer a denúncia do governo: sua negação de sair da guerra, de fazer a reforma agrária, etc. "OT" só copia bastardamente parte da política dos bolcheviques, porque a defesa da revolução e dos organismos de poder operários foi substituída pelos lambertistas pela defesa da "democracia" capitalista, apresentada como maior patrimônio da classe operária. Essa orientação obedece aos ditames de uma corrente social-democrata e em desagregação, completamente adaptada ao regime burguês, ao ponto de seu principal dirigente, Pierre Lambert, ser funcionário da Força Operária, central social-democrata francesa. Combater a frente popular e seus satélites no movimento operário é a principal tarefa a que se entregam os revolucionários, na perspectiva da construção de um verdadeiro partido revolucionário que guiará os trabalhadores à superação de suas direções traidoras e à construção da Revolução Socialista em todo o planeta. NOTAS: Artigo extraído do jornal Luta Operária n.º 64, Outubro/2002 |
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