APRESENTAÇÃO O lançamento da sexta edição da Revista Marxismo Revolucionário ocorre em um momento de profunda inflexão na conjuntura política latino-americana, o que exige dos trotskistas uma imediata resposta política, conectada com a nova realidade emergente. Marxismo Revolucionário nº5 surge para cumprir esta tarefa fundamental, qual seja, a de orientação programática para a intervenção revolucionária da vanguarda militante. O triunfo da frente popular, encabeçada por Lula no Brasil, a eleição do coronel Gutiérrez, protagonista do levante equatoriano em 2000, o segundo lugar nas eleições presidenciais da Bolívia obtido pelo líder camponês "cocalero", Evo Morales, somadas às já ocorridas vitórias de Lagos do PS chileno, de Toledo no Peru, e a do próprio Hugo Chávez, na Venezuela, configuram o chamado "cinturão democrático" na América do Sul. A reação democrática é um recurso preventivo do imperialismo para conter e derrotar as mobilizações e insurreições de massas que varreram o continente latino-americano nos últimos anos. A Argentina caminha a passos largos para a mesma direção, ou seja, a posse de um governo da "centro-esquerda" burguesa, fechando o "ciclo" de profunda instabilidade aberto há um ano atrás (os que afirmavam que a revolução na Argentina estava na "esquina" devem alguma "explicação" ao proletariado deste país). A Venezuela, ponteira do processo de "reação democrática", vivencia o esgotamento deste recurso político burguês. Descredenciado junto à classe operária por sua política demagógica capitalista, Chávez apóia-se no alto comando das FFAA para manter-se no governo. A esquerda reformista venezuelana, em troca de benesses estatais, abandonou a classe trabalhadora nas mãos da direita pró-ianque, que empunha a bandeira da oposição ao falido governo de Chávez. A Colômbia, retardatária na política de cooptação "democrática" da esquerda, em função do caráter bélico do conflito nacional e do fracasso de Pastrana em sua missão de "paz" logo após o "11 de Setembro", espera pela rendição total da guerrilha pequeno-burguesa, ou em caso negativo, uma intervenção militar aberta dos EUA em seu território no esteio da impotência política das Farc. Como podemos ver, em nosso continente, as burguesias nacionais, sob a batuta de Washington, conseguiram temporariamente "institucionalizar" a ação direta das massas, traídas pela esquerda social-democrata e revisionista. A grande tarefa neste momento para os genuínos trotskistas é romper com o bloqueio da contra-revolução democrática, estabelecendo uma vigorosa denúncia política dos regimes democratizantes, agora, em sua grande maioria, controlados pela "centro-esquerda" frente-populista e social-democrata. Essa é a condição sine qua non para "rasgar o véu democrático" e recolocar o movimento operário na trilha da luta política e da ação direta independente e revolucionária. É absolutamente falsa a "oposição" ou mesmo a "contradição" entre o recrudescimento da ofensiva imperialista mundial e a atual etapa "democrática" por que passa a América Latina. Como nos ensina Trotsky, os governos de frente popular pavimentam o caminho para o retorno da direita, que objetiva esmagar o proletariado com métodos de guerra civil. O período histórico de fascistização que surge no vulto do cenário mundial tem na ocupação do Iraque pelas tropas anglo-ianques seu ponto de referência. Lutar com todas as energias pela derrota do imperialismo no marco internacional e, muito em particular, na guerra contra o Iraque, continua a ser a prioridade absoluta de todo o proletariado mundial. Depositar a mínima esperança que os "sociais-traidores", à frente de governos nacionais, possam conter a sanha assassina do imperialismo é cometer o maior crime contra os povos. Somente a reconstrução do Partido Mundial da Revolução Socialista, a IV Internacional, poderá conduzir a classe operária e seus aliados a ensejar o golpe fatal nos planos imperiais. Não existem atalhos, ou a humanidade supera a atual crise de direção revolucionária, ou sucumbirá à barbárie capitalista. Nós que fazemos Marxismo Revolucionário, embora ultraminoritários no "campo de classe", empregamos o melhor de nossas vidas e forças na edificação da primeira alternativa. Os Editores. |
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