ATAQUE AO CORAÇÃO DO MONSTRO IMPERIALISTA

A esquerda pseudo-trotskista integrou de fato a frente contra-revolucionária ‘antiterror’

O imperialismo ianque prepara uma provocação ao Estado operário de Cuba instalando em sua base militar de Guantanamo, no interior do território cubano, um campo de concentração, ao estilo nazista, para os prisioneiros da guerra no Afeganistão, membros do Taleban e do Al Qaeda. O secretário de defesa do governo Bush, Donald Rumsfeld, diante de vários protestos de entidades de direitos humanos sob a negação da concessão do status de prisioneiros de guerra que teriam direito aos benefícios dos acordos de Genebra, celebrados após a I Guerra Mundial, afirmou que são "terroristas perigosos" e não combatentes de guerra, ou seja, para o imperialismo e seus porta-vozes, diretos e indiretos, não houve uma guerra iniciada após os ataques de 11 de setembro a sedes do Pentágono em Whashington e da CIA em Nova York, trata-se "apenas" de uma "caçada" a "bárbaros" que ousaram cometer "atos terroristas" no coração do monstro imperialista ianque.

Mas, desgraçadamente, o imperialismo não está só em suas "conclusões" políticas e militares sobre os ataques do dia 11. Para a "esquerda" pseudo-trotskista, em seu amplo arco de matizes revisionistas, o quartel general do Pentágono e os "escritórios" da CIA em Nova York não são legítimos alvos militares para as nações que são constantemente bombardeadas pelo imperialismo ianque (este sim que sob a fachada de bombardeios "cirúrgicos" atinge sistematicamente populações civis indefesas). Para os revisionistas de plantão, que se transformaram em reféns das pressões de classe da pequena burguesia influenciada pela mídia imperialista, as "vítimas" do Pentá-gono e da CIA, mais além dos yuppies e financistas que trabalhavam nas torres gêmeas do World Trade Center, são parte do proletariado norte-americano, vitimados por fanáticos muçulmanos (bárbaros), que se movem pelo inexplicável sentimento "antiamericano".

Como já afirmamos em nossa declaração política sobre o 11 de setembro, os ataques ao Pentágono e ao WTC são uma resposta nitidamente militar à guerra de "baixo impacto" que os EUA vêm travando contra nações islâmicas e oprimidas ao longo das últimas décadas, mais particularmente depois do fim da antiga URSS. Se é verdade que os protagonistas dos ataques aos EUA são direções nacionalistas-burguesas, fundamentalistas e reacionárias, esta caracterização não altera em absoluto a posição dos marxistas e dos revolucionários diante de um conflito militar, com características ou não de "terrorismo", entre um estado imperialista e governos de organizações políticas, representantes de povos semicoloniais. Seguimos as lições de Leon Trotsky: "No Brasil existe um regime semifascista que qualquer revolucionário verá senão com ódio. Suponhamos que amanhã a Inglaterra entre em conflito militar com o Brasil, eu me pergunto de que lado estará a classe operária? Responderei eu mesmo, estarei ao lado do Brasil ‘fascista’ contra a Inglaterra ‘democrática’".

LCI (ESPARTAQUISTAS) CONVERTE-SE EM ‘VOCERO’ DA CIA E DO GOVERNO BUSH

"O ataque de ontem contra o WTC, levado a cabo mediante seqüestro de aviões civis foi um ato indefensável de terror criminoso". Não! Esta não é uma declaração do porta-voz oficial da Casa Branca, ou mesmo de Rumsfeld ou do próprio Bush, esta é a declaração política da LCI sobre os ataques do dia 11. Esta corrente que ainda tem o descaramento de se reivindicar "trotskista", transformou-se, produto das pressões de classe de um país imperialista, em um apêndice da "democracia" americana, defendendo abertamente a "superioridade" da democracia americana sobre os "fanáticos religiosos do Terceiro Mundo".

O mais inacreditável é que esta corrente vem falsificando grosseiramente as posições da OCI-CI, acusando-nos de defendermos a polícia, ou que os policiais seriam parte da classe trabalhadora. Mentira grotesca contra a OCI-CI, única corrente que em meio à greve das polícias defendeu abertamente que se tratavam de greves reacionárias (que reivindicavam melhores condições para a repressão da população) e não deveriam receber nenhum apoio do movimento operário. Agora, os espartaquistas (e seus comparsas do IG que comungam a mesma posição pró-ianque) são traídos pela própria boca ao afirmarem que os militares do Pentágono e os agentes da CIA, mortos pelo ataque do dia 11, são: "trabalhadores de todas as raças, etnias e religiões que estavam empregados ali" (Declaração da LCI, Workers Vanguard, 14/09/2001). A LCI, em sua intencional "cegueira" pró-imperialista, ultrapassa os limites da lucidez política e também não considera o Pentágono e a CIA como alvos militares, vejamos o que escreveram estes revisionistas, "o objetivo não era sequer uma instituição que representasse os brutais assassinos governantes imperialistas dos EUA" (idem). Será que o Pentágono, para sequer mencionar o WTC, não representa uma "instituição" dos governos assassinos do imperialismo. Será mesmo que o ataque ao Pentágono significou "o custo de provavelmente milhares de vidas inocentes" (Declaração da LCI, Workers Vanguard, 14/09/2001). Para a LCI o quartel general do Pentágono é uma inocente "instituição" civil habitada por "vidas inocentes", tão inocentes estes militares do Pentágono que já levaram à morte para mais de um milhão de vidas só no Iraque, sem mencionar a Palestina, Afeganistão, Iugoslávia, Sudão etc.. A verborragia de qualificar o governo dos EUA como "assassino" é apenas uma referência literária para a LCI, porque quando se trata de um enfrentamento militar dentro do próprio território do imperialismo, os espartaquistas dizem que somente "desde dentro" pode-se "varrer" "os homens que dirigem Wall Street e Wha-shington", ou seja, trata-se de um chauvinismo pró-ianque sem meias palavras. Aos povos oprimidos só caberia defender-se da sanha genocida dos governos norte-americanos (por isso junto com outros pseudo-trotskistas - Workers Power, PTS etc. - opõem-se à consigna de vitória militar para as nações oprimidas); se por acaso contra-atacam, o que Trotsky considerou o justo direito de revanche dos oprimidos, logo são advertidos pela lógica do "Tio Sam", agora abraçada pela LCI: Alto! Nosso país é inviolável, somente os cidadãos americanos podem opor-se ao nosso governo, os bárbaros devem permanecer longe das fronteiras do império!

A capa do Workers Vanguard, periódico da LCI nos EUA, logo após o ataque do dia 11, estampava a manchete: "Ataque ao World Trade Center" e "Opor-se à repressão interna", nenhuma palavra em defesa da derrota militar dos EUA em sua guerra imperialista contra o Afeganistão. Os espartaquistas repetiram, agora de forma mais ampliada e piorada, a posição que tomaram em 1982, quando da guerra entre o imperialismo britânico e a Argentina, em torno da posse das ilhas Malvinas. Nesta guerra alegaram o caráter reacionário da ditadura militar argentina, para abster-se de tomar o lado da Argentina. Passados vinte anos, a LCI desenvolveu suas posições pró-imperialistas, chegando a integrar de fato a frente contra-revolucionária mundial "antiterror", ao lado de Bush, da social-democracia e da esquerda reformista e pequeno burguesa internacional.

O PSEUDO-TROTSKISMO ASSINOU SEU PRÓPRIO ATESTADO DE ÓBITO APÓS O 11 DE SETEMBRO

Sem dúvida, a LCI não está sozinha nesta brutal capitulação aos interesses do imperialismo, o conjunto do pseudo-trotskismo, seja europeu ou latino-americano, somou-se ao coro uníssono da burguesia mundial, condenando os "atentados terroristas" aos EUA. Os morenistas da LIT, velhos camaleões políticos, usaram de sua tradicional manobra de veicular uma posição "principista" para consumo interno e outra aberrantemente pacifista e pró-imperialista para o grande público: "chega de bombas no Afeganistão". Já o POR argentino, hoje depurado da influência lorista, deu uma guinada à direita, considerando o ataque aos EUA como "bárbarie do terrorismo criminoso", causando a morte de "milhares de vítimas inocentes". Coerente com sua tradição nacionalista, considera o 11 de setembro como sendo uma conspiração do próprio governo Bush, para justificar o incremento da ofensiva imperialista. Os ex-loristas são completamente incapazes de compreender a luta de classes internacional, mais precisamente que a atual ofensiva imperialista começou com a derrubada contra-revolucionária dos Estado operários burocratizados.

Pura ironia da História a convergência política colocada pela condenação aos ataque do 11 de setembro, no campo do revisionismo, que uniu desde os espartaquistas até os morenistas (da LIT ao PTS), correntes que anteriormente estavam em trincheiras opostas, como no caso da ocupação soviética ao Afeganistão em 1979, ou na queda do Muro de Berlim, ou mesmo na guerra das Malvinas em 82. A atual etapa da luta de classes mundial não suporta mais os "meios tons", ou seja, a "dança das cadeiras" dos centristas crônicos. Somente a delimitação programática rigorosa e profunda com o "campo" do pseudo-trotskismo, por mais antipático que pareça, poderá assentar as bases políticas para a reconstrução genuína da Quarta Internacional. A OCI-CI na Argentina, apesar de sua juventude e inexperiência, conseguiu ultrapassar este ácido teste da luta de classes sem se mancharem com o lixo apodrecido da escória pró-imperialista.


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