APRESENTAÇÃO

Oferecemos aos nossos leitores e simpatizantes a quinta edição da revista Marxismo Revolucionário, após um ano de interrupção em sua publicação, contendo vários artigos republicados do jornal Luta Operária(JLO), em versões ampliadas, que por falta de espaço não puderam ser editadas integralmente no J LO. Esta edição de Marxismo Revolucionário também inclui artigos inéditos da LBI, além de matérias elaboradas pela OCI-CI argentina, organização política que mantemos relações políticas de fraternidade e afinidade programática.

Esta nova edição de Marxismo Revolucionário é lançada em meio a uma derrota militar e política de mais uma nação oprimida, no caso, o Afeganistão, sob o tacão do ápice da ofensiva imperialista iniciada no começo dos anos 90 sob a égide do fim da URSS e dos demais Estados operários do Leste europeu. Com o ataque ao Pentágono e às torres gêmeas do World Trade Center, onde localizava-se a sede da CIA em Nova Iorque, o imperialismo norte-americano, absolutamente hegemônico econômica e militarmente no cenário mundial, desencadeia uma ofensiva sem precedentes aos povos e nações oprimidas de todo o planeta. As vergonhosas capitulações de Galtieri, Sadam Hussein, Milosevic e agora do Taleban e Al Qaeda revelam a impotência absoluta das burguesias nacionais e suas organizações políticas de fazerem frente à ofensiva detonada pelo imperialismo. Mais do que nunca se faz necessário colocar a classe operária como principal sujeito histórico da luta e resistência aos ataques do imperialismo e, para que isto aconteça, a construção do Partido da Revolução Mundial, a Quarta Internacional, é imprescindível.

Também a profunda crise política e econômica que atravessa a Argentina, que culminou com a queda do governo De la Rúa, sob um espetacular levante popular, revela acidamente que sem a existência de um partido revolucionário com influência de massas, a burguesia sempre acaba encontrando campo de manobra para manejar a salvação do regime político dominante e do modo de produção capitalista. A ascensão de um governo peronista constitui-se em uma válvula de escape transitória, devido ao servilismo das direções do movimento operário em relação à burguesia nacional. A esquerda que se reivindica revolucionária na Argentina não quer desvencilhar-se do cadáver da democracia burguesa e aferram-se à sua consígnia estratégica de uma Assembléia Constituinte (AC). Não bastou o recente exemplo da Venezuela, onde os setores burgueses "nacionalistas" utilizaram a armadilha da AC para enganar e desviar as massas de seu curso revolucionário e anticapitalista. Na Argentina, a lógica de ferro da revolução está lançada, ou se rompe com a democracia burguesa e avança-se na construção de organismos revolucionários de poder operário, ou mais uma vez vamos assistir a uma colossal derrota política do proletariado deste país do Cone Sul.

A ofensiva imperialista após o 11 de setembro colocou, com toda a nitidez, o caráter pró-imperialista das ONGs e da maioria do chamado movimento "antiglobalização". Bastou o monstro ianque ser atingido em seu próprio território, que estes movimentos logo clamaram por "justiça e não revanche", ou seja, uma represália imperialista ao Afeganistão comandada pela ONU, com todo seu receituário de intervenções "humanitárias", como ocorreu na Bósnia. Além da podridão completa de sua posição política, o movimento "antiglobalização" caiu no mais absoluto prostracismo, temendo qualquer identificação com os milhões de trabalhadores muçulmanos que saíram às ruas exigindo a derrota do imperialismo em sua guerra de rapina. Nesse mesmo contexto de ofensiva imperialista, as ONGs, junto com o PT brasileiro, patrocinam a segunda edição do Fórum Social Mundial, com o objetivo de elaborar um programa de gerenciamento ético e humanitário da crise do capitalismo, sem em momento algum questionarem a própria existência do imperialismo e do capitalismo mundial.

Por toda a etapa internacional aberta nos anos 90 e intensificada com a atual ofensiva imperialista após o 11 de setembro, é que afirmamos mais uma vez a precisão e acerto dos prognósticos do velho bolchevique León Trotsky no final dos anos 30: "A crise histórica da humanidade reduz-se à crise de sua direção revolucionária" (Programa de Transição).


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