Tigres Asiáticos Caíram as bolsas, começa a resistência Artigo extraído do JLO nº 24 (janeiro/98) "Enquanto os EUA se concentram no salvamento financeiro da Coréia do Sul, os programas de emergência para a Tailândia e Indonésia se complicam, motivando dúvidas sobre a eficácia das receitas do FMI para a estabilização de vastas regiões da Ásia" (O Estado de São Paulo, 10/01/98). O efeito dominó da queda das bolsas transfere-se agora numa dinâmica semelhante para o levante das massas asiáticas contra a destruição trazida pela recolonização imperialista das políticas de ajuste. Para salvar os banqueiros ocidentais e japoneses que especulavam com bilhões nas bolsas asiáticas, o FMI põe em risco os frágeis regimes das semi-colônias orientais. "O que mais se receia em Washington é que o recrudescimento da instabilidade econômica nos países relativamente pequenos da Ásia escape ao controle" (The New York Times, 10/01/98). A Coréia do Sul foi o último dos tigres asiáticos a se somar a onda antiimperialista contra os planos de ajuste. Na Tailândia, a aplicação dos programas de emergência com suas medidas anti-operárias já custaram a falência de metade do sistema bancário e de várias indústrias, uma onda de greves com grandes manifestações operárias e camponesas que derrubaram o primeiro ministro dez meses após ter assumido o governo. Neste quadro, o novo primeiro-ministro, que já havia presidido o país anteriormente e é conhecido por seu pulso firme em sufocar levantes populares como o de 1992, já "foi forçado a pedir que o FMI afrouxe os termos do pacote de socorro de US$17,2 bilhões" (idem). Na Indonésia, a aplicação dos planos de ajuste se mostrou uma operação mais complicada. O clã do ditador Suharto, no poder há mais de três décadas, é organicamente a própria classe proprietária dos principais ramos da economia local que nega-se a cumprir os planos do FMI. "Familiares de Suharto e amigos do presidente, que tem vultosa participação financeira nas empresas mais lucrativas da Indonésia, procuram esvaziar as reformas ou evitá-las. Por duas vezes na semana passada, altas patentes da Indonésia, prevendo para breve o desemprego de 2 milhões de trabalhadores, disseram que as forças armadas estão dispostas a sufocar protestos que ‘perturbem a estabilidade’"(idem). Os temores do clã Suharto têm fortes motivos para existir. Mesmo resistindo aos planos de ajustes, o governo já fechou 16 bancos nos últimos meses. Cerca de 6 mil bancários foram demitidos. Os bancários foram às ruas e sua revolta somou-se a dos 40 mil operários das fábricas de cigarros, que foram às ruas exigindo aumentos salariais. Isto deu um novo impulso na luta democrática, que agora se combina com a luta antiimperialista contra os planos de ajustes. Centenas de ativistas foram presos, acusados de "atividades antigovernamentais". Na Malásia, o governo Mahathir, posto contra a parede pelas massas, começou a ensaiar um discurso anti-ocidental, apelando para o nacionalismo burguês, negando-se a levar adiante os planos de ajuste, temendo o mesmo destino que o ex-primeiro-ministro da Tailândia. Nas Filipinas, desde o final de outubro, milhares de manifestantes vão às ruas contra o governo Ramos, obrigando-o a despedir-se de seus sonhos de reeleição. A oposição, dirigida pela frente Nova Aliança Nacionalista tem organizado marchas de 20 mil pessoas pelas ruas de Manila. Os próximos enfrentamentos serão bastante valiosos para o jovem proletariado dos tigres asiáticos, cuja a superexploração do passado operou um verdadeiro "milagre econômico". Agora, que foi revelado que todo o imenso esforço do proletariado foi desperdiçado pelos capitalistas que queimaram a riqueza produzida com a especulação financeira, querem que os trabalhadores paguem a conta do estrago. Os trabalhadores se levantam e dizem não, é a vez dos capitalistas pagarem a conta. O proletariado levanta-se contra o imperialismo e combatem com todas as suas forças os regimes capitalistas responsáveis pela aplicação dos planos de ajuste do FMI. É a hora de passar à ofensiva, aproveitando-se que os regimes marionetes do imperialismo encontram-se fragilizados por crises internas, expulsar o FMI e os credores, ocupar as fábricas que demitirem trabalhadores e não cair no canto de sereia dos setores da burguesia nativa que, agora posam de nacionalistas, tentando desviar o caminho das massas. |
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