Há 30 anos do Maio Francês Uma revolução abortada É comum encontrar análises pequeno-burguesas que caracterizam o Maio Francês como uma revolta estudantil, de caráter anarquista, cultural e utópica como forma de minimizar sua importância política no contexto do pós-guerra. Passados 30 anos, faz-se necessário resgatar os fatos que, do ponto de vista marxista, estabeleceram as condições objetivas para que a classe operária francesa colocasse em xeque o governo do general De Gaulle com seus próprios métodos de luta e iniciasse uma revolução proletária que foi minada e abortada conscientemente pelas direções sindicais e políticas da época. Inúmeros e importantes acontecimentos da conjuntura internacional impulsionaram a ação da classe operária mundial, aliada à juventude, à luta contra o regime capitalista e pela construção do socialismo. A descolonização da Índia em 1948/49, a Revolução Chinesa de 1949, a Guerra do Vietnã, a Independência da Argélia,a Revolução Cubana de 1959, as greves gerais na Bélgica (1961), Itália (1962), Alemanha (1964), Grécia e Iugoslávia (1966), França (1967) etc., espelhavam o profundo esgotamento do boom do pós-guerra, estabelecendo a ponte para que o ano de 1968 concentrasse um grande impulso revolucionário, cuja característica, do ponto de vista subjetivo, fosse a tentativa de ruptura com velhas direções políticas e, do ponto de vista objetivo, fosse a determinação e radicalização dos métodos de intervenção na luta de classes. O ano de 68 é inesquecível porque representou o auge da ofensiva operária e revolucionária de caráter internacional do pós-guerra, condensando num curto período lutas de grande envergadura política como as manifestações no Central Park exigindo o fim da Guerra do Vietnã, os protestos estudantis na América Latina contra as ditaduras militares, os levantes antiburocráticos na Polônia e Iugoslávia, culminando com a invasão soviética, a Primavera de Praga na Tchecoslováquia esmagada pelo Pacto de Varsóvia e, principalmente a ofensiva norte-vietnamita do TET cuja conseqüência foi a derrota do exército ianque; além é claro, do próprio Maio Francês. O crescimento no pós-guerra fez surgir um exército de estudantes que ingressavam nas universidades para preencher a demanda do mercado de trabalho. Mas, com o esgotamento dessa fase, a juventude emergia como o setor que protagonizaria os protestos contra o ajuste social às novas necessidades burguesas com o fim do chamado "boom do pós-guerra". Era uma força política com pouca tradição de luta, mas muito determinada e radicalizada. Para a ofensiva do Maio Francês, uma faísca estudantil foi suficiente para a classe operária romper o isolamento das manifestações localizadas, atropelando direções historicamente traidoras e retomar as greves, os piquetes, as ocupações de fábricas, de modo a incendiar todo o proletariado francês. A possibilidade da vitória de uma revolução operária no centro imperialista europeu orientou a conduta do governo De Gaulle, que reprimiu violentamente as greves. Não logrando êxito só com a repressão policial, acionou e requisitou forças auxiliares (PCF/PS), isto é, direções políticas que estavam à cabeça dos aparelhos sindicais e estudantis para intervirem como bombeiros no incêndio operário, canalizando as lutas para o âmbito das negociações superestruturais (concessões econômicas e políticas) nos marcos do regime. O germen de 68 As raízes do levante francês encontram-se no esgotamento de um regime com características bonapartistas que já não detinha a capacidade de resolver a crise política e econômica do país, sem massacrar a população com medidas que afetavam a garantia do emprego, o exercício do direito de greve etc. O governo do general De Gaulle (V República) foi fruto de um golpe de estado em maio de 1958, justificado para concluir vitoriosamente a tarefa que seu antecessor (IV República – parlamentarista) não completou, de colocar a França em lugar de destaque na disputa dos mercados para a reestruturação capitalista européia do pós-guerra, centralizando o comando do Estado. A França conheceu um período de relativa prosperidade com o reaquecimento de sua indústria, aniquilada durante a Guerra. Este fato, somado à pressão da resistência e revoluções operárias no mundo, permitiu ao governo fazer diversas concessões à classe trabalhadora, principalmente no que diz respeito à criação de empregos para todos e medidas de proteção social. Os anos 60 são marcados pelo esgotamento dessa fase de crescimento aparente e pela brutal ofensiva contra as condições de vida dos trabalhadores. Já em 1962, após o referendum que estabeleceu o regime presidencialista, o general De Gaulle, que saiu fortalecido, resolve adotar uma série de medidas que afetam a garantia de emprego, do direito de greve, a previdência social (as ordens), as universidades, os salários etc. Por sua vez, os trabalhadores ensaiavam várias pequenas lutas de resistência a tais medidas. Porém, pode-se considerar a greve mineira de 1963 um marco porque, certamente, foi a primeira semente do Maio Francês. Destacou-se pela radicalização e métodos de ação direta das massas. Os mesmos mineiros que votaram majoritariamente (80%) pelo Sim no Referendum sobre o presidencialismo do general De Gaulle, poucos meses antes, foram os mesmos a cruzarem os braços por três semanas, reivindicando melhorias salariais. Foi uma greve que, ao desafiar o aparelho estatal, adquiriu contornos eminentemente políticos, rompendo o bloqueio das direções dos aparatos sindicais que fracassaram em impedir o apoio e a solidariedade de todas as camadas populares aos mineiros. As lideranças da CGT, controlada pelo PCF (Partido Comunista Francês), trataram de minar a greve, defendendo seu final em troca de um acordo entre os dirigentes sindicais e a Companhia de Carvão. No entanto, o acordo foi rejeitado pelos mineiros. Embora houvesse choques nas assembléias e vaias aos dirigentes defensores do acordo, os mineiros, acefalados politicamente, cessaram a greve. E assim foram os inúmeros combates e greves posteriores travados contra o general De Gaulle, em que crescia o grau de combatividade, determinação e desconfiança com as velhas lideranças sindicais. Vale lembrar ainda a greve de um mês (março/67) da Rhodiaceta, uma fábrica de Lyon, que continuou em greve, apesar de sua direção ter fechado acordos sem consultar os grevistas; as mobilizações de apoio à greve dos operários de Saint-Nazaire (1967); a luta dos camponeses nas ruas de Le Mans (outubro de 1967); a greve com piquetes na Saviem (janeiro de 1968), uma fábrica de caminhões em Caen etc. Neste período ocorreu uma explosão de greves, cujo caráter nacional é bloqueado pelas direções que as isolam, não unificando-as. Todas as manifestações operárias obtiveram grande apoio popular e foram violentamente reprimidas. Tem estudante demais nas universidades" A crise agrava-se. O primeiro-ministro George Pompidou, apesar de reforçar suas características bonapartistas, aprovando no parlamento uma licença para governar sem controle parlamentar por seis meses, não consegue estabilizar a situação política. Impõe o arrocho salarial e o disciplinamento dos sindicatos proibindo a representação por local de trabalho. Simultaneamente às lutas operárias, desenvolve-se uma campanha nas cidades universitárias contra o Plano Fouchet, uma tentativa de reforma do ensino superior. O objetivo da reforma educacional é adequar a saída de estudantes das Universidades às necessidades da economia que sofria uma crise de sobreprodução capitalista. Seria preciso, portanto, controlar, selecionar e limitar a saída de profissionais, uma vez que o mercado não poderia absorvê-los. Em janeiro de 1968, o ministro Alain Peyrefitte sintetiza a Reforma Fouchet na seguinte frase: "Tem estudante demais nas universidades"! A UNEF (União Nacional dos Estudantes Franceses) faz campanha contra o Plano Fouchet. No início de 68, os estudantes de Caen protestaram, chocando-se violentamente contra a polícia. Mas o antecedente que detonou a revolta estudantil no país ocorreu na Universidade Nanterre, em março de 68, em que estudantes, liderados por Daniel Cohn-Bendit, em protesto contra a prisão de membros do Comitê contra a Guerra do Vietnã, ocuparam a Administração, originando o surgimento do "Movimento 22 de Março". Com o crescimento dos protestos, a Universidade de Naterre é fechada no dia 2 de maio, fazendo com que os estudantes sigam à Sorbone e a ocupe no dia seguinte. É a primeira vez que a Sorbone é ocupada desde a Idade Média. Isto provoca uma violenta repressão por parte da polícia que é surpreendida pela resistência dos estudantes. Ocorre, então, a primeira barricada, cujo saldo foi 600 estudantes presos e dezenas de feridos. O caminho das barricadas sacode a frança e o mundo O PCF, através de seu jornal L’Humanité, e sua juventude UEC (União dos Estudantes Comunistas), revelou seu papel contra-revolucionário ao condenar a manifestação de Nanterre e Sorbone e atacar Daniel Cohn-Bendit, líder estudantil, chamando-o de "judeu alemão". Esta atitude do stalinismo provocou protestos de 50 mil estudantes que em defesa de sua liderança, bradaram "somos todos judeus alemães". Seguem-se os combates de ruas e as primeiras barricadas e coquetéis molotov. Participam muitos trabalhadores, contagiados pelo impacto e vigor dos estudantes em luta contra o regime. Começa a agitação nas fábricas à revelia de suas direções sindicais. Isto explica o porquê do PCF mudar sua tática, antes hostil às manifestações estudantis, passando no dia 8 de maio a apoiá-las. No dia 7, 60 mil manifestantes marcharam 30 quilômetros sobre Paris, obtendo a solidariedade e o apoio da população, com o objetivo de libertar a Sorbone ocupada pela polícia. Depois de dois dias, o PCF, a CGT e a UNEF, dirigida pelo Partido Comunista Unificado, reunem-se para preparar uma manifestação conjunta para o dia 14 de maio. "A noite das barricadas" começou quando os estudantes decidiram, durante uma marcha de 50 mil manifestantes entre professores, estudantes, trabalhadores, no dia 10 de maio, a marchar em direção à Sorbone, tomando o Quartier Latin. Erguem umas 20 barricadas em todas as saídas da Sorbone. Proliferam numerosos debates políticos e culturais, as paredes vestem-se de criativos grafittis que contestam os valores e a moral burguesas. Em resposta, o governo reage com uma selvagem repressão às barricadas que dura toda a madrugada e só acaba às 5h30min da manhã com a retirada dos manifestantes. A guerra campal daquela madrugada impactou toda a população que apoiou os estudantes, inclusive, abrigando-os. O fato comoveu toda a França. As barricadas do dia 10 provocaram o acirramento da crise, fazendo com que as direções sindicais e a UNEF antecipassem para o dia 13 uma greve geral de 24 horas, onde um milhão de trabalhadores e estudantes percorreram as ruas de Paris, sob a consígnia "Abaixo De Gaulle". Diante desta enorme demonstração de força, o governo apressou-se tardiamente a acenar com uma conciliação. Anunciou a libertação dos presos e a reabertura das universidades. Inútil tentativa! A revolução foi detonada e contagiou completamente o proletariado francês. Começou, então, uma onda de greves espontâneas, com ocupações e piquetes. No dia 14 de maio, 2.800 metalúrgicos da Sud-Aviation de Nantes ocuparam a empresa; um dia depois, foi a vez da Renault-Cleon, e em seguida a Renault-Flins. As ocupações atingiram todo o setor matalúrgico e, no dia 17, foi a vez da Renault-Billancourt, no centro de Paris. Os 60 mil trabalhadores da Renault exigiram salário mínimo de 1.000 francos, 40 horas semanais, aposentadoria aos 60 anos, liberdades sindicais e seguro desemprego; no dia 20, incorpora-se a Nord-Audation, Dessault, Citroen, Peugeot e Paris amanhece sem metrô, ônibus, telefonia e outros serviços públicos. São 6 milhões de grevistas ocupando 300 fábricas na França. No dia 21, foram ocupadas as centrais de energia elétrica, gás, luz. Até o dia 25, o efeito dominó completa o circuito e atinge 10 milhões de grevistas em todo o país. Os trabalhadores controlam a cidade. O mundo observa a França atônito. Em muitas fábricas ocupadas são eleitos comitês de greve de caráter revogável que faziam a auto-defesa dos manifestantes, controlavam a produção, o acesso às barricadas e organizavam o abastecimento de alimentos para as fábricas em greve. Há claramente uma dualidade de poder político e militar no país. Abre-se, portanto, objetivamente duas alternativas para a revolução iniciada pela revolta estudantil: avançar até a insurreição, expropriando a burguesia, ou retroceder e colocar a revolução nos marcos do regime capitalista, aceitando a saída negociada com a governo De Gaulle. Operação desmonte do PCF O PCF, dirigente da CGT, não adotou nenhuma medida para impulsionar a poderosa onda grevista, tampouco decretou oficialmente uma greve geral no país. Na verdade, foi arrastado pelos acontecimentos e colou-se a eles para que pudesse melhor manobrar junto ao governo De Gaulle a sua traição. Certamente, a conduta política do stalinismo foi sempre marcada como um braço auxiliar do governo no interior do movimento operário, desde a reconstrução do Estado capitalista francês após a II Guerra, desmobilizando a resistência partisan, até a traição a greve mineira de 63, o que se repetiria para abortar a revolução em 68. Não causa surpresa que o chefe da polícia francesa, na época do Maio de 68, Maurice Grimaud, responsável pela selvagem repressão aos manifestantes, declare que "o governo se beneficiou da posição do Partido Comunista e da CGT, que era uma central sindical comunista. Ela fez um bloqueio bastante eficaz para impedir um contato maior entre os estudantes e os operários" (Folha de São Paulo, 10/05/98). A operação desmonte do PC continua mais decididamente no dia 25, quando a CGT inicia negociações com o governo, resultando nos "Acordos de Grenelle" (aumentos salariais, promessa de redução da jornada de trabalho e de garantia do emprego, legalização da representação sindical, pagamento de 50% dos dias parados etc.) Em 27 de maio, os operários da Renault em assembléia, rejeitaram os "Acordos de Grenelle", gritando "não assinem", sendo seguidos por todas as demais fábricas em greve. Também, 50 mil estudantes em ato público em Chaléty gritavam "tudo é possível". A decisão de não assinar o acordo é a expressão de que milhões de grevistas conheciam o potencial de sua luta e desejavam ir mais além do que aquelas meras concessões econômicas ou políticas, muito aquém da força gestada na consciência dos operários. Como nenhuma grande revolução pode prescindir da estatura de uma direção revolucionária, não foi difícil ao governo De Gaulle contra-atacar os grevistas, a partir da cooptação de suas direções (PC e PS) que cumpriu o objetivo de abortar uma revolução em curso. Diante do impasse criado, o governo De Gaulle passou à contra-ofensiva. Até então, encontrava-se paralisado. De Gaulle, que havia fugido com medo da insurreição para a Alemanha, retorna à França no dia 30, prometendo eleições gerais se a greve acabar. Também, dissolveu a Assembléia Nacional. Adaptando-se a esta perspectiva, tanto o PC e o PS, canalizaram as forças e a resistência operária para o terreno eleitoral, buscando a formação de um governo popular/provisório, oriundo das futuras eleições. Desse modo, os operários em greve, carecendo de uma perspectiva política independente, permaneceram reféns das mais traiçoeiras manobras de suas lideranças. O governo, então, destroça, uma a uma, cada greve existente no país. A polícia desocupa as fábricas e prende lideranças e ativistas políticos. A CGT não reage e, até 10 de junho, o governo do General De Gaulle recupera o terreno perdido, desmantelando todo o movimento grevista. Restou somente alguns focos residuais de resistência e insatisfação localizadas. A repressão deixou centenas de feridos e dois mortos entre os operários da Renault-Sochaux. O governo decreta a dissolução das organizações revolucionárias e proíbe novas manifestações. Em 23 de junho, o General De Gaulle ganha as eleições e o regime toma as rédeas da situação política, triunfando sobre toda a França ocupada pelo proletariado. Isto só foi possível porque todo o peso dos aparelhos sindicais serviu exclusivamente para impedir e abortar o desenvolvimento da revolução, aberta em pleno centro imperialista da Europa. herança do Maio Francês O proletariado francês pôs-se de pé e exerceu uma enorme pressão sobre o regime Gaullista e as correntes dirigentes do aparato sindical. No entanto, isso não foi suficiente para garantir-lhe a vitória sobre a burguesia porque, apesar do seu enorme impulso revolucionário, suas lutas revelaram uma debilidade política fundamental: a ausência de um programa e de uma direção revolucionária. A radicalização e a determinação de seus métodos e ações resultaram de uma insustentável situação de desconfiança para com suas direções e do próprio esgotamento do regime. Saindo dos limites corporativos e locais, os grevistas tornaram-se temíveis por que gestaram objetivamente uma revolução que foi conscientemente abortada. As "conquistas" (aumento salarial e eleições) advindas desse movimento ficaram bem aquém de suas possibilidades reais. Um efeito político residual, ainda do Maio Francês, foi a queda do regime Gaullista que, vitorioso num primeiro momento, sofreu uma derrota no plebiscito corporativista de abril/69. Esta derrota fez com que o Gal. De Gaulle abandonasse a vida pública e preparasse o terreno para que a chamada esquerda socialista governasse a França (Giscard D’Estaign, Mitterrand, Jospin). O alcance político do Maio Francês atravessa as décadas imprimindo na consciência dos trabalhadores a confiança em suas próprias forças para superar o regime de fome e miséria capitalistas. Na França, um dos últimos exemplos da resistência aos planos de ajuste do capitalismo foi a greve de dezembro/95 que, embora não tivesse a magnitude de 68, representou a maior greve dos últimos 20 anos. Reuniu 3 milhões de trabalhadores em todo o país contra os planos de Juppé/Chirac, sendo novamente derrotados, mesmo que parcialmente, tendo suas conquistas ficado aquém da envergadura do movimento, pela política de conciliação de classes de suas direções sindicais, a CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho) pró-Juppé, central democrata-cristã, a CGT, dirigida pelo PCF, e a social-democrata Força Operária. Diferente de 68, quando mais ou menos um terço da humanidade estava sob controle dos Estados operários burocratizados, havia na época uma pressão objetiva sobre os países capitalistas que obrigavam-se a oferecer os anéis para não perder os dedos, ao proletariado, porque a burguesia temia ser expropriada nos 2/3 restante do planeta. A existência dos Estados operários, portanto, além de exercer esta pressão sobre a burguesia, exortava ideologicamente toda a atividade revolucionária das massas à construção do socialismo. O Maio Francês foi reflexo desse momento. Com os processos contra-revolucionários de 89-91 e a restauração capitalista na URSS e no Leste europeu, sob a propaganda do "fim da ameaça comunista", o imperialismo também tratou de recuperar as concessões anteriormente feitas, intensificando sua ofensiva contra os trabalhadores. A perda objetiva dos Estados operários, agravada pela política de apoio à instauração da democracia burguesa "contra o totalitarismo stalinista" da maioria esmagadora das correntes de esquerda, inclusive das que se reivindicam trotskistas, provocou uma imensa confusão nas fileiras do proletariado e um retrocesso na consciência da vanguarda. Na verdade, o que hoje se vê são lutas tradeunionistas tensionadas pela contra-ofensiva ideológica da burguesia de que o socialismo morreu. As correntes, inclusive as autoproclamadas trotskistas (PT de Lambert, LCR etc.) hoje vão a reboque vergonhosamente da frente popular do PS e PCF, buscam migalhas apegando-se às saias da burguesia. Há uma distância de 30 anos do Maio Francês, suas lições têm completa vigência atualmente. Primeiro, sendo uma demonstração do potencial revolucionário da classe operária organizada e mobilizada, nega teorias do surgimento de "novas vanguardas"; segundo, reafirma que o fôlego do regime capitalista reside na política das direções operárias traidoras e, por último, conseqüentemente, impõe-se a tarefa de resolver a crise de direção revolucionária da humanidade, construindo o único instrumento capaz de guiar vitoriosamente o proletariado à conquista do poder, o partido operário revolucionário. Numa etapa de profundo retrocesso ideológico das massas e de comprometimento completo de suas direções aos interesses da burguesia, esta tarefa de construção de uma direção revolucionária reveste-se de fundamental importância porque é a única perspectiva de fazer vingar futuros "maios franceses" vitoriosos. |
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