Polêmica A falência da pirataria política do PBCI O PBCI argentino possui uma característica muito peculiar encontrada entre os pseudotrotskistas argentinos, a facilidade em mudar drasticamente de posições políticas sem nenhum ajuste de contas com o que vinham defendendo anteriormente. Nahuel Moreno, velho camaleão político, era um grande mestre nesta arte oportunista. Mas o PBCI revelou-se neste ofício muito superior aos seus "professores" Moreno e Altamira. Além de trocar de política como quem troca de roupa, desenvolveu o "mau hábito" de se apropriar de posições programáticas de seus adversários políticos, apresentando-as como de sua própria elaboração partidária. O mais interessante, contudo, é que os verdadeiros "autores", via de regra, logo depois de serem "subtraídos" teoricamente, passam a ser considerados reles revisionistas, ou coisa pior. O PBCI é como uma espécie de "Alien" das chamadas correntes "trotskistas"; como um bom parasita político, logo após se apropriar de parte do programa de seu oponente, passa ao trabalho de detratá-lo, ao melhor estilo stalinista, com falsificações e calúnias de baixo nível. A LBI cometeu um grande erro político, e tem a coragem de reconhecê-lo publicamente, ao precipitar-se em conformar uma tendência internacional com esta corrente de forma apressada e com pouco conhecimento sobre o seu passado político. É o preço que toda jovem organização revolucionária (a LBI tinha pouco menos de um ano de formação quando integrou a CBQI) paga pela sua inexperiência política e imaturidade programática. Mas erro maior seria permanecer nesta articulação, já que nossas divergências alcançavam questões de princípios, ultrapassando a própria fronteira de classe, como foi no caso das recentes agressões do imperialismo ianque ao Iraque, onde o PBCI recusava-se a defender o direito da nação oprimida atacar o enclave do imperialismo na região, o gendarme de Israel, sob a justificativa de que isto significaria uma capitulação ao nacionalismo árabe. Na verdade, os grandes capituladores são aqueles que defendem a inviolabilidade de territórios sionistas, e neste lado da trincheira o PBCI não está sozinho, conta com o apoio de Arafat e do próprio Clinton. A fraude da "fortaleza" programática do PBCI O PBCI tem apresentado como principal arsenal de seu "programa" a posição sobre o golpe encabeçado pelo stalinismo na ex-URSS em agosto de 91. Todos que tiveram contato com o PBCI sabem que este apresenta o apoio aos golpistas chefiados por Yanaiev, como sendo uma elaboração original de sua própria autoria, um verdadeiro divisor de águas no "movimento trotskista" internacional. A adoção da defesa dos golpistas na URSS levou, inclusive, ao esfriamento das relações políticas entre a LCI (espartaquismo) e o PBCI, pelo fato do primeiro ter adotado uma posição neutral no conflito entre o contragolpe de Yeltsin e o Bando dos Oito, como ficou conhecida a fração de Yanaiev. A LBI, quando das primeiras discussões com o PBCI, também adotou a posição de apoio ao bando stalinista como um mal menor em oposição ao contragolpe de Yeltsin patrocinado pelo imperialismo ianque, contrariando inclusive uma posição anterior onde defendíamos o derrotismo entre ambas as frações em luta. Ao mudar de posição, a LBI publicamente reconhecia que aderia à elaboração do PBCI por entender que a vitória dos golpistas representaria uma sobrevida fundamental ao Estado operário soviético, mesmo que dirigido por uma camarilha militar stalinista, tempo este fundamental para a preparação da revolução política e construção de um genuíno partido revolucionário em melhores condições de luta, ou seja, ainda sob a existência de um Estado operário, que para os trotskistas é bem superior, do ponto de vista do proletariado, a qualquer democracia burguesa. Logo depois de algumas investigações metodológicas, a LBI descobriu que, na verdade, o PBCI jamais tomou posição ao lado dos golpistas no tempo real dos acontecimentos; ou seja, em agosto de 1991, mesmo já tendo três anos de existência (ao contrário da LBI que foi fundada em 1995) e mudado três vezes de nome (PT, PTCI, PBCI), o PBCI nos dias decisivos do conflito tomou a mesma posição dos que depois viria a criticar, como é o caso da LCI e do POR argentino. Somente cerca de um ano depois, sem nunca ter feito qualquer autocrítica, e o que é pior, sem nunca ter admitido sua posição anterior, o PBCI adotou outra posição, melhor dizendo, o apoio retardatário aos golpistas de Yanaiev. Para comprovar nossa afirmação, vejam o que escreveu o dirigente máximo do PBCI, Sérgio Romero, em março de 1992 (portanto, depois do golpe), em carta à LCI, onde elogia a posição neutral dos espartaquistas diante do conflito: "O fato que estivéssemos na mesma barricada lutando para aplastar a contra-revolução yeltsinista é motivo suficiente para solidarizar-nos com vossa dor, pois Marta Philips (militante espartaquista assassinada em Moscou - NDR) e vossa corrente adotaram uma posição defensista em momentos de perigo à existência mesma do Estado operário" (Carta à LCI em março de 1992). Vejam que contradição, o PBCI afirma hoje que esteve na barricada de Yanaiev, onde os espartaquistas nunca estiveram, então, o que significa "o fato que estivéssemos na mesma barricada"? Atualmente, o PBCI não se cansa em revelar que a linha política da LCI foi oportunista em agosto de 1991, como então afirmava em março de 1992 que os espartaquistas "adotaram uma posição defensista"? Só um camaleão do calibre de Moreno seria capaz de tal feito. Para ilustrar melhor aos leitores a posição adotada pela LCI no curso do golpe, deixemos que ela mesma responda uma pergunta de Sérgio Romero, feita por correspondência interna em 1º de fevereiro de 1992: "Em relação à posição democratista que tínhamos a respeito do problema das nacionalidades na URSS, entendemos que o alinhamento com a ‘pobrezinha’ Lituânia, dirigida por pequenos-burgueses restauracionistas era uma posição antidefensista... Não nos fica claro... qual tenha sido vossa posição concreta na semana do golpe de agosto" (Carta assinada por Sérgio Romero pelo CC do PBCI, Buenos Aires, 1º de fevereiro de 1992). Os espartaquistas escreveram a Sérgio Romero o seguinte texto: "Todo operário soviético com consciência de classe que compreendia a necessidade urgente de pôr abaixo as forças da restauração capitalista estaria certamente contra Yeltsin, porém, teria criticado ao golpe que se recusou a parar Yeltsin e conseqüentemente estava destinado a falir" (Carta ao PBCI, Jan Norden pelo Secretariado Internacional da LCI). Como fica evidente, o PBCI, além de nunca ter estado na barricada dos golpistas em agosto de 1991, como também nunca esteve a LCI, ainda apoiava, nesta ocasião, as forças contra-revolucionárias que lutavam pela separação da Lituânia em relação à URSS. Na realidade, a defesa do Bando dos Oito foi tomada pelo PBCI só após ter conhecido a existência da Tendência Bolchevique Internacional (TBI), uma cisão da LCI dos anos 80. Foi a TBI, na verdade, que, em agosto de 1991, tomava o lado dos golpistas stalinistas, como afirmava seu jornal em uma declaração de setembro de 1991: "A intenção do golpe de estado de agosto foi uma confrontação na qual a classe trabalhadora havia tomado partido... A obrigação dos revolucionários marxistas foi a de colocar-se ao lado deles, contra Yeltsin e Gorbachev." (Revista "1917", de 1991). Logo após um breve namoro com a TBI, o PBCI, depois de ter-lhe "subtraído" sua posição sobre o golpe na URSS, passa a acusá-la de ser um "grupo oportunista", pois não defendeu a Argentina durante a guerra das Malvinas contra a Inglaterra, assim como a LCI. Mas o camaleonismo pirata do PBCI não se resume à questão russa. No que tange ao balanço histórico da IV Internacional, sem sombra de dúvida, uma posição programática de muita relevância para os trotskistas, a elaboração do PBCI é produto de outra "cópia" feita de uma corrente com a qual manteve um curto intercâmbio de reuniões e debates, nos referimos ao Workers Power inglês (Poder Obrero), também conhecida como LICR. O WP sustenta que a partir do II Congresso, em 1948, da IV Internacional, esta já teria se passado de conjunto ao revisionismo, e que quando da grande cisão ocorrida no III Congresso em 1953, os dois setores que emergiram do racha (SI e CI) eram igualmente contra-revolucionários. Até o momento em que não conheciam esta formulação, o PBCI seguia defendendo a mesma posição espartaquista, como prova uma correspondência interna entre a LCI e o PBCI em outubro de 1991: "Informamo-lhes que veio à Argentina um membro da LICR... Nós desconhecíamos a existência desta corrente, a qual nos deixou abundante materiais para analisar... Gostaríamos que nos proporcionem informação sobre esta corrente e vossa apreciação sobre a mesma, levando em conta os largos anos de experiência que vocês têm" (Carta de Sérgio Romero à LCI, 29/10/91). A LCI responde, afirmando entre outras críticas ao Workers Power (LICR), seu balanço sobre a ruptura da IV Internacional: "Assinalamos que o velho Comitê Internacional, CI, formado em 1953, sob a iniciativa do SWP e James P. Cannon, buscou, ainda que de forma tardia e parcial, combater o liquidacionismo pablista e defender as colocações centrais do Programa de Transição" (Carta da LCI assinada por Sandor Jonas, 11/12/91). Após o congelamento das relações entre o PBCI e a LCI, os piratas argentinos mudam de posição e passam a apresentar a caracterização do Workers Power (LICR) sobre a IV Internacional como sendo de sua própria lavra. É um dos "pontos mais graníticos" do PBCI, como afirmou Sérgio Romero em uma Plenária de discussões com a LBI em Buenos Aires. Diz um ditado popular que toda cópia é sempre pior que o original, isto parece comprovar-se no caso do mimetismo político do PBCI. É compreensível que para a LICR, uma organização "semitrotskista", que não reivindica a reconstrução da IV Internacional, os dois setores em que se rompe a IV sejam considerados igualmente homogêneos, sem nenhuma diferenciação política. O estranho é uma corrente que se diz quarta-internacionalista, como o PBCI, comungar desta mesma caracterização. Igualmente compreensível é o seguidismo dos espartaquistas em relação ao Comitê Internacional de 53, chegando ao cúmulo de afirmarem que este defendia o Programa de Transição, afinal de contas, lá estava Cannon, aclamado pela LCI como grandioso teórico, quase no mesmo patamar de Trotsky, apesar de Cannon ter chancelado a expulsão dos espartaquistas (TR) do SWP americano na década de 60. Para nós da LBI, existem diferenças entre o SI e o CI, embora este último não tivesse a firmeza programática necessária para combater o revisionismo do SI. Em nosso jornal Luta Operária, em um artigo sobre a morte de Mandel, afirmamos o seguinte a este respeito: "No primeiro momento, a maioria dos dirigentes da IV, inclusive Mandel, colocava-se em oposição às teses revisionistas de Pablo... Mandel chegou a divulgar um manifesto conhecido como ‘Dez Teses’ contra os exageros de Pablo. Em oposição à orientação pablista, conformou-se um bloco ‘antipablista’ com a maioria da seção francesa e inglesa e o SWP norte-americano, que acusa Mandel de ‘Zinoviev’ e ausente desta ‘pequena coisa chamada caráter’ (La Verité, fev/51)... A heterogeneidade política do CI (antipablista)... fez com que este agrupamento não fosse uma alternativa política programática de fato ao SI..." (Luta Operária, nº 3). Se é verdade que o CI não se colocou à altura de suas tarefas pela sua profunda confusão programática, seria absurdo colocar os dois lados como "contra-revolucionários", o que levaria à conclusão da necessidade de se fundar uma V Internacional, como defende a LICR coerente com sua caracterização. A falsificação como método familiar da pirataria política Poderíamos continuar enumerando as subtrações políticas feitas pelo PBCI e apresentadas como suas bases programáticas, mas isto seria bastante cansativo ao leitor. Passamos então a outra questão não menos importante, levada a frente pelo PBCI: a falsificação como método político para atacar seus adversários. Desta prática, a LBI tem sido o alvo preferido do PBCI. Quando surgiram graves diferenças políticas entre a LBI e o PBCI sobre a questão palestina, tratamos imediatamente de estabelecer nossas divergências, inclusive de forma pública, para naquele momento suscitar um debate franco e leal. Considerávamos completamente equivocada a posição derrotista que adotava o PBCI em relação à luta entre as organizações guerrilheiras palestinas, em sua grande maioria dirigidas por setores fundamentalistas islâmicos, e o gendarme sionista de Israel. Em nosso jornal LO nº 6, de novembro de 95, portanto, bem anterior à ruptura da CBQI, afirmávamos o seguinte sobre o PBCI: "sacam conclusões equivocadas diante do embate real entre o povo palestino e suas organizações e o enclave terrorista a serviço do imperialismo ianque. Acreditam que ‘apoiar a substituição do Estado de Israel por um Estado burguês palestino é equivalente a atirar judeus ao mar’ [citado do PBCI]. Se dermos conseqüência a afirmações deste tipo, concluiremos que a posição que o proletariado deveria tomar diante de todas as guerras sionistas contra os povos árabes, assim como a Intifada, seria a posição do derrotismo, ou seja, a derrota de ambos os lados em todos esses conflitos... A vitória do povo palestino, mesmo na hipótese de uma direção burguesa, sobre Israel significaria um enorme impulso em todas as lutas proletárias do planeta contra o imperialismo e, em particular, a ante-sala da revolução socialista no próprio Oriente Médio" (Luta Operária, nº6). Com este método, Trotsky criticava as tendências ultra-sectárias que na Guerra Civil Espanhola negavam-se a combater em frente única com os Republicanos a reação monárquica franquista: "o partido Comunista devia lavar as mãos frente ao conflito entre monárquicos e republicanos burgueses? A defesa de semelhante política seria um suicídio... Nestas condições a luta heróica dos operários teve inevitavelmente que fortalecer o governo republicano, pelo temporariamente. Só pode negar isto gente que não tem nada na cabeça e sustenta a análise dos acontecimentos em frases banais" (Leon Trotsky, A Revolução Espanhola e a tática dos Comunistas). Outro episódio que nos chamava atenção, nesta mesma questão, foi quando do atentado à sede da AMIA (Associação de Ajuda Mútua aos Judeus) em Buenos Aires, o PBCI defendia que Menem deveria prender os ativistas do Hezbollah que dirigiram esta ação (ver LO nº 28). Quando então das ameaças de intervenção militar sobre o Iraque pelo imperialismo, as divergências entre a LBI e o PBCI tomaram corpo como diferenças políticas de princípios, não tolerando a coabitação comum em uma mesma tendência internacional. É neste momento que o PBCI empreende sua campanha de falsificações e calúnias contra a LBI, taxando-nos de "anti-semitas". Mas até nesta campanha difamatória contra a LBI, o PBCI não consegue ser original. Acusando-nos de delatar o Hezbollah por ser o responsável pelo atentado à AMIA, justificando assim sua tese de que este atentado seria produto da "polícia de Menem" e, portanto, seria cabível o pedido para que Menem "busque os responsáveis" (Tribuna Classista, nº2). Não foi por mera coincidência que o Partido Obrero argentino também exigia de Menem a mesma coisa, e para se esquivar das críticas da esquerda (PTS, por exemplo), por ter participado da marcha convocada e dirigida pela embaixada de Israel contra o atentado, acusava o PTS de delator das organizações fundamentalistas envolvidas no atentado à AMIA. A LBI jamais reivindicará que Menem ou qualquer outro governo burguês encarcere ativistas palestinos por terem cometido atos terroristas contra alvos ligados a Israel, mesmo discordando de seus métodos. Entendemos que só os tribunais da classe operária internacional têm autoridade política para julgar as ações destas organizações terroristas. Para tentar justificar suas posições político-programáticas sobre a questão palestina e o Oriente Médio, o PBCI acusa a LBI de ser "anti-semita" e, ao mesmo tempo, "delatora do Hezbollah" (uma contradição inexplicável!), método stalinista de desqualificar o adversário político para não penetrar no âmago e conteúdo das divergências políticas. O que o PBCI teme em debater é a defesa que fazem em comum com o espartaquismo da autodeterminação dos judeus na Palestina, o que equivaleu a criação do Estado enclave de Israel na Palestina, apoiado pelo stalinismo na ONU, em 1948. Vejamos o que escreveu a LCI ao PBCI sobre este tema: "Como vocês sabem, a grande maioria dos grupos pseudotrotskistas, com sua política de seguidismo atrás do nacionalismo árabe, negam o direito de autodeterminação à população hebréia, tratando-a como simples peões do imperialismo" (Carta da LCI ao PBCI, assinada por J. Norden). Estes senhores desconhecem o fato da imigração hebréia à Palestina ter sido promovida pelo imperialismo britânico e depois o ianque com o objetivo de criar uma base de apoio militar no Oriente Médio. Os judeus europeus ou norte-americanos não tinham nenhuma identidade nacional ou cultural com a Palestina. Os próprios judeus de origem árabe, que viviam na região, jamais reivindicaram sua autodeterminação, no sentido de formarem um Estado hebreu. A defesa da autodeterminação dos judeus, neste caso, corresponde a estabelecer uma nova opressão nacional sobre os habitantes da região (palestinos, beduínos, árabes e por incrível que pareça, os próprios judeus sefaradim, discriminados por seu próprio "país" etc.) e o que é pior, a serviço dos interesses do imperialismo ianque no Oriente Médio. Talvez seja por isso, que tanto a LCI como o PBCI defendam fervorosamente a "inviolabilidade" do território sionista por parte dos povos e nações árabes oprimidas pelo gendarme imperialista na região. Se a defesa da destruição do Estado de Israel significa "anti-semitismo", então, a LBI pode ser enquadrada nesta categoria, e continuará levantando a construção de uma Palestina soviética, apoiada em conselhos de operários árabes, judeus e palestinos. A bancarrota do PBCI após a ruptura da CBQI A ruptura política da CBQI representou um duro golpe ao já abalado PBCI por crises sucessivas e rachas anteriores. Neste quadro tem imperado as tendências à confusão política, acompanhada com uma espécie de messianismo camuflado de obreirismo desesperado para superar sua intensa crise política. Nesta ótica, o PBCI tem se aproximado internacionalmente de um grupo norte-americano, recentemente autodenominado de Grupo Marxista Operário - GMO. O GMO é produto da recente cisão do Workers Voice, ex-simpatizante da LICR e do Voce Operaia italiano. O núcleo que agora forma o GMO é remanescente do tronco espartaquista da cidade de Detroit. Com uma trajetória tão inconstante, não é de se admirar que agora procurem uma aproximação com o PBCI, uma vez que este tenta recompor seu "trabalho" internacional com o primeiro grupo que lhe bata à porta. O PBCI logo apressou-se em apresentar o GMO para a vanguarda argentina da seguinte forma: "seu periódico de fábrica chamado Midwest Worker (boletim do GMO - NDR), assim como o Tribuna Classista na Argentina, chega regularmente a várias fábricas, com o objetivo de construir um partido de operários revolucionários" (Tribuna Classista, nº 182). Pelo visto, o PBCI encontrou sua cara-metade nos EUA, um grupo pequeno-burguês que pretende "purificar" suas origens com o obreirismo mais despolitizado possível. Acontece que o GMO resolveu criar uma teoria justificativa para o seu obreirismo antimarxista, ao contrário do PBCI que o pratica de forma empírica. Para o GMO, os desvios políticos das correntes trotskistas devem-se ao fato de não serem constituídas exclusivamente por operários. Uma explicação já usada anteriormente pelo próprio stalinismo para lavar a cara do seu oportunismo programático. O GMO sustenta o seguinte: "Reconhecemos que para desenvolver uma direção política revolucionária da classe operária há medidas concretas que devem ser tomadas. Pelo menos nos países industrializados avançados, o primeiro passo para progredir neste sentido é a criação de uma organização integrada exclusivamente por membros da classe operária" (Declaração de Princípios do GMO). Para o GMO, segundo seus critérios, o próprio Marx, Engels, Lenin e Trotsky seriam excluídos de tal organização revolucionária, por esta ser "integrada exclusivamente por membros da classe operária". Tal charlatanismo é patético vindo da boca de militantes de origem social pequeno-burguesa. Estas descobertas, muito freqüentes em seitas delirantes, servem na verdade para encobrir a descrença na construção de um autêntico partido revolucionário, composto por operários e demais setores sociais, como o campesinato e a própria pequeno-burguesia. Foi o próprio Lenin, dirigente máximo da única revolução socialista dirigida por um genuíno partido operário revolucionário, quem afirmou que a "ideologia socialista vem de fora da classe operária". O absurdo destas afirmações do GMO são tão gritantes que não valem nem a pena gastar-se tinta e papel para demoli-las. A única coisa interessante é como explicar que o "ortodoxo leninista" PBCI tenha operado um curso de aproximação com esta seita antitrotskista. Era evidente que o PBCI trataria logo de condenar as aberrações "teóricas" do GMO, mas não sem antes declarar as bases "sólidas" de sua nova relação com este agrupamento: "Porém, os camaradas do GMO sabem que nosso acordo não é um fato abstrato, mas sim concreto" (Que Hacer, nº 28). O que de fato está unificando estas duas seitas é o abandono do trotskismo e a conversão em um grupo messiânico, composto por pequenos-burgueses com "consciência de culpa" pela sua classe social de origem, que coletivamente deliram serem operários fabris, é o que constatamos com a prática do PBCI e, literariamente agora, no GMO. Fazemos um chamado sincero a todos os militantes e simpatizantes que ainda restam ao PBCI para romperem com estes métodos e sua política oportunista, herdada em grande parte do espartaquismo. Todas as organizações trotskistas que empreenderam um caminho de seitas, mesmo que bem numerosas, como foi o caso do healysmo, acabaram por se liquidar completamente, desmoralizando em grande parte seus militantes. A tarefa colocada neste momento é a constituição de um novo reagrupamento trotskista, que possa resgatar o pouco que sobrou da dignidade política do PBCI. |
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