POLÊMICA

Uma resposta ao "embaixador" do Partido Obrero no Brasil

Artigo extraído do JLO nº 19 (abril/97)

Em março deste ano, o ‘intelectual uspiano’ e ‘embaixador’ no Brasil do Partido Obrero da Argentina, Osvaldo Coggiola, escreveu um artigo ("Condições políticas de luta para refundar a IV Internacional"), publicado na revista do PO, "En defensa del marxismo" nº 16, identificando a Liga Bolchevique Internacionalista (LBI) e o PBCI da Argentina, que conformam a Corrente Bolchevique pela IV Internacional (CBQI), com o espartaquismo, e rotulando-a de "sectária" e "degradada": "Seu exemplo mais acabado (e vicioso) é a tendência Spartacist, com sede nos EEUU e pequenos grupos em outros países (da qual os chamados "bolcheviques" do Mercosul constituem apenas uma versão degradada)".

O Sr. Coggiola não perde a oportunidade de lançar calúnias contra a LBI. Em sua recente viagem a Londres, onde procurava convocar uma Conferência internacional aberta, com o The Militant (agora, Partido Socialista), a ITO (Oposição Trotskista Internacional), tentando atrair a Lutte Ouvrière, aproveitou a visita a algumas organizações da esquerda para semear a calúnia de que a LBI seria financiada diretamente pelo Estado burguês.

Admira-nos a sua petulância! Este senhor que abandonou a militância no PO em plena ditadura militar, quando o partido era perseguido e seus militantes caçados, para dedicar-se ao academicismo e conseguir obter os privilégios proporcionados pela USP. Agora, coberto de mordomias financiadas pelo Estado, ainda tem a coragem de abrir a boca para dizer que a LBI é financiada pelo Estado burguês!

A LBI, desde sua fundação, em 1995, vem travando duras batalhas contra o Estado, sendo perseguida constantemente por sua atividade militante. A LBI participa ativamente do movimento dos sem-terra, dirigindo ocupações, organizando comitês de autodefesa para enfrentar os bandos armados do Estado. Sofre perseguições, como a demissão e um processo judicial de um camarada da Santa Casa de Misericórdia no Rio Grande do Sul, por estar organizando uma mobilização dos trabalhadores contra a direção do hospital. Participou de greves e várias lutas, como o ato contra o Mercosul, que foi reprimido ferozmente por atacar de frente o governo FHC e o Estado capitalista. Não cabe aqui, no entanto, ficar respondendo às sórdidas mentiras lançadas do alto de sua cátedra por este diletante, pois estas já são respondidas no nosso dia-a-dia militante, mas analisar, em seu artigo, as claras evidências do revisionismo que hoje domina por completo o PO da Argentina.

Um Problema da ‘Atualidade’

O artigo inicia citando que: "O VIII Congresso do Partido Obrero definiu que ‘a questão da direção política internacional da classe operária é um problema objetivo da atual situação mundial’, reivindicando a luta pela reconstrução da IV Internacional" (grifo nosso).

Mesmo depois de Trotsky ter escrito no Programa de Transição em 1938, na fundação da IV Internacional, que "a crise histórica da humanidade reduz-se à crise de direção revolucionária", pois as condições objetivas para a revolução socialista não só já estavam maduras, mas começavam a apodrecer, o PO, em seu VIII Congresso, diz que Trotsky errou e que "a questão da direção política internacional da classe operária é um problema da atual situação mundial" (grifo nosso).

Fica evidente que, para o PO, no período anterior, as condições objetivas para a revolução socialista mundial não estavam postas. Somente hoje, com a queda dos Estados operários do Leste Europeu e a conseqüente derrota do proletariado mundial, que vem causando um profundo retrocesso ideológico, econômico e social para a classe operária, o PO começa a considerar que a questão da direção política internacional passa a ter relevância na atual situação mundial.

Desnuda-se, desta forma, a concepção do PO de caracterizar a burocracia stalinista e seus Estados operários como o principal entrave para a revolução mundial, o que o fez aliar-se ao coro do imperialismo mundial e dar vivas ao fim dos Estados operários do Leste, caracterizando a queda do muro de Berlin, por exemplo, como um processo revolucionário de alcance mundial!

As condições objetivas para a revolução: fome, miséria, desemprego, crise do capitalismo, o estancamento das forças produtivas estão postas em nossa conjuntura já há bastante tempo. No entanto, a luta pela construção do Partido Mundial da Revolução Proletária, a IV Internacional, condição subjetiva para a Revolução, foi traída pela maioria absoluta das correntes que se reivindicam trotskistas.

Na verdade, os argumentos do VIII Congresso servem para o PO tentar explicar a sua completa falta de iniciativas internacionalistas, a exceção da TQI, conformada com o POR boliviano; de curtíssima duração, devido aos amplos desvios nacionais-trotskistas de ambas as organizações. Desde que a TQI foi dissolvida há cerca de 15 anos atrás, foram congeladas todas as perspectivas internacionais do PO. A conduta oportunista deste partido o impediu de realizar, até hoje, um balanço crítico da TQI, e no artigo referido do senhor Coggiola, o POR boliviano mal é citado em três curtíssimas linhas.

Apesar das dificuldades impostas pela atual etapa, a LBI faz um tremendo esforço para estender suas relações internacionais a correntes de vários países, tendo conformado a CBQI, em conjunto com o PBCI da Argentina, na luta pela reconstrução da IV Internacional, considerando-a como uma necessidade histórica não somente da atual etapa, mas desde quando o stalinismo transformou a Internacional Comunista num instrumento contra-revolucionário. Passava, então, a ser necessária a construção de um novo instrumento para organizar os explorados rumo à revolução proletária mundial. A IV Internacional, fundada por Trotsky em 1938, era esse instrumento, mas foi destruída pelos epígonos do trotskismo que, após a morte de Trotsky, rasgaram o Programa de Transição e se adaptaram ao democratismo pequeno-burguês. Hoje, nosso combate por reconstruíla representa a fortaleza do marxismo, que apesar dos duros golpes sofridos nesta etapa, permanece vivo na estratégia socialista, enquanto o capitalismo sucumbe em crises permanentes e as necessidades objetivas do proletariado o empurra cada vez mais à luta, ultrapassando por vezes as suas direções.

Enquanto a LBI luta por formar uma alternativa proletária, baseada na reconstrução da IV Internacional e a vigência do Programa de Transição, o Sr. Coggiola, em seu artigo, tenta justificar uma composição oportunista que o PO vem buscando conformar. Para isso, utiliza-se de uma podre caracterização das correntes "que se reclamam da IV Internacional", sem qualquer discussão programática, caracterizando-as como: sectários, direita, centro, esquerda e revolucionários. Tais classificações, criadas pelo Sr. Coggiola das correntes ditas ‘trotskistas’, sem qualquer vínculo com a luta de classes, visa maquiar uma provável aliança entre os rotulados de "revolucionários" e os de "esquerda". Assim como o PT chama a formação de uma frente de "centro-esquerda", utilizando esta classificação abstrata para aliar-se a setores da burguesia que se diz ‘progressista’, o Sr. Coggiola utiliza-se dos mesmos malabarismos para justificar uma provável aliança do PO com setores democratizantes, que sequer defendem o método da revolução proletária para a tomada do poder e a instauração da ditadura do proletariado, buscando conformar um agrupamento oportunista.

Quem seriam os "sectários"?

Aqueles que minimamente acompanham nossa imprensa regular (o Jornal Luta Operária) sabem das polêmicas que já travamos em várias oportunidades com o espartaquismo, seja contra diversas posições assumidas em sua trajetória: guerra das Malvinas; defesa da criação do Estado de Israel etc.; seja na luta travada no Sindicato dos Municipários de Volta Redonda, ou na rigorosa crítica que fizemos quando da ruptura das relações fraternais com o grupo Luta Metalúrgica.

Apesar disso, somos identificados propositalmente neste artigo como a "versão degradada" do espartaquismo. E a cara-de-pau do Sr. Coggiola é tão grande, que para analisar o espartaquismo, utiliza-se textualmente de nossas críticas públicas a esta corrente, transferindo-as para seu artigo, como sendo de sua autoria:

1- "não desenvolvem nenhum trabalho sistemático em direção do movimento operário" (En defensa del marxismo, nº16). Esta crítica do Sr. Coggiola é a mesma que a LBI sempre fez a esta corrente: "Os espartaquistas viram evaporar todos os seus esforços investidos na criação de seções nos países semi-coloniais graças à sua própria política abstencionista na luta em defesa das nações oprimidas contra o imperialismo e por sua concepção de partido alheio à luta da classe operária"(JLO nº 10, junho de 1996).

2- "Na guerra das Malvinas proclamaram o neutralismo, igualando o país semi-colonial à potência imperialista" (En defensa del marxismo, nº 6, pág. 31) . O artigo diz o mesmo que a LBI já havia escrito há quase um ano: "na guerra das Malvinas, entre a Argentina, dirigida pela Junta Militar de Galtieri e a Inglaterra de Tatcher, a LCI bradou ‘Derrotar Tatcher! Derrotar a Junta!’ num febril esquerdismo para esconder que, sob o véu da neutralidade, se opunham à política de ficar do lado militar da nação oprimida, a Argentina, contra os caças e porta-aviões de Tatcher, que, numa clara rapina imperialista, tomavam as ilhas Malvinas para fixar uma das mais disputadas bases militares do Atlântico"(JLO nº 10).

3- "Comicamente criticam o ‘castrismo’ do SWP, mas apóiam variantes piores: a burocracia russa na invasão ao Afeganistão" (En defensa del marxismo, nº 16, pag. 31). Neste ponto, há uma redução das críticas que já travamos com a LCI: "no Afeganistão, onde em vez de levantar uma política revolucionária, apoiando a intervenção soviética, mas orientando a classe operária a superar a política reacionária da burocracia stalinista, a LCI deu ‘Vivas ao Exército Vermelho!’, uma caricatura grotesca do stalinismo que nada tinha a ver com o exército revolucionário dirigido por Trotsky e, ainda mais, formaram uma brigada em Nova York para saldar a ação da burocracia, cujo nome homenageava o burocrata russo Yuri Andropov" (JLO nº 10). A invasão ao Afeganistão deveria ser apoiada. Era progressiva na medida em que poderia expandir as conquistas históricas do proletariado russo para o Afeganistão. No entanto, o Sr. Coggiola, esquecendo-se da própria posição do PO neste episódio, de defender a ocupação do exército vermelho no Afeganistão, considera que é um absurdo o espartaquismo ter apoiado não só a burocracia russa (que, segundo ele, é "uma variante pior que o castrismo" porque invadiu o Afeganistão) , mas a própria invasão ao Afeganistão!

4- "apoiaram o golpe militar e o Estado de sítio de Jaruzelski na Polônia (1981)" (En defensa del marxismo, nº 16, pag. 31). Esta citação do artigo em análise foi uma das primeiras críticas que elaboramos contra os espartaquistas: "Apoiaram o massacre criminoso dos stalinistas poloneses, emblocando-se com Jaruzelski contra o levante dos operários poloneses em 1980" (JLO nº 0, maio-junho de 1995).

5- "Campanha contra a pena de morte do ativista negro Mumia Abu-Jamal e na reivindicação geral da questão negra nos EEUU, a margem da intervenção do movimento operário organizado" (En defensa del marxismo, nº 16, pág. 32). Sobre a política do espartaquismo quanto à opressão especial já travamos vários debates, sendo o último recentemente publicado no Jornal Luta Operária nº 18, de março de 1997: "Lutar contra a opressão especial sofrida pelos negros, mulheres, homossexuais, etc. é uma tarefa fundamental para os marxistas revolucionários. Contudo, fazer isso com campanhas superestruturais, sem qualquer ligação com a luta de classes, como prega a LCI,...transformaria a luta contra a opressão especial em algo abstrato...". Ou ainda: "Era uma clara opção por abandonar a luta de classes para promover arrecadação de fundos com a vitrine espartaquista, como a campanha pela libertação de Abu-Jamal, que, ao invés de ser levada para dentro da fábrica, foi realizada numa grande festa, com música, dança e nenhuma luta concreta junto à classe operária de Volta Redonda".

Se o Sr. Coggiola nos considera como "uma versão degradada do espartaquismo" e, apesar disso, copia de nossas críticas públicas a esta corrente todas as suas posições contra a mesma, só podemos considerá-lo como a ‘degradação da degradação’, um charlatão, provocador e caluniador!

O centro do ‘trotskismo’!?

Entre as organizações do "centro" trotskista, Coggiola começa citando o SWP inglês de Tony Cliff! Uma organização que não reivindica o trotskismo e possui uma trajetória em completa oposição com a IV Internacional. Ao mesmo tempo, diz que o SWP "não reivindica a IV Internacional". Mas o que então estaria fazendo em um artigo que propunha-se a analisar as organizações "que se reclamam da IV Internacional"?

A resposta é mais do que clara, apesar do SWP se opor terminantemente ao trotskismo e à IV Internacional, tendo sido expulso de seus fóruns, já após o II Congresso, em 1950, o Sr. Coggiola considera que esta organização faz sim parte do campo que se reivindica trotskista, independentemente de sua vontade e política! A generosidade do Sr. Coggiola para com o cliffismo não é despropositada. Cliff foi expulso durante a Guerra da Coréia quando se opôs publicamente à defesa militar do Estado operário deformado norte-coreano contra os ataques genocidas do imperialismo ianque, alegando que a Coréia do Norte era tão capitalista quanto sua vizinha do Sul, o que servia de justificativa para sua adaptação ao anti-sovietismo do imperialismo. Hoje, que a corrente do Sr. Coggiola compartilha dos mesmos argumentos de Cliff em 1950 no que diz respeito a Cuba, China, Vietnã e demais estados operários para justificar seu alinhamento com a contra-revolução de Yeltsin e a restauração capitalista no Leste europeu. O altamirismo renuncia à defesa dos Estados operários e reabilita, quase meio século depois, a corrente de Cliff como trotskista. Se os anti-defensistas altamiristas, contra todo o legado de Trotsky, consideram-se trotskistas, porque também não deveriam considerar trotskistas os cliffistas?

Para continuar utilizando o prestígio do legado de Trotsky, renunciando a política que o revolucionário internacionalista defendeu durante toda a vida, o altamirismo tem que fazer passar como trotskista até os que conscientemente combatem o trotskismo.

A "Esquerda" são os Possíveis Aliados

Chegamos, então, ao ponto mais crítico do artigo do embaixador do PO no Brasil. Logo no primeiro parágrafo, define como esquerda as correntes "que reivindicam a IV Internacional, reconhecem sua crise e admitem a inexistência de um centro internacional, e possuem uma intervenção real na luta de classes e no movimento operário de seus países". Ou seja, o Sr. Coggiola considera que para ser esquerda não precisa ter uma política de independência de classe, basta ter "intervenção real na luta de classes"! O que importa para o PO não são as posições políticas, mas o peso eleitoral das correntes.

Desta forma, Lutte Ouvrière aparece como a primeira organização de "esquerda". A argumentação utilizada? É porque "obteve recentemente na França mais de um milhão e meio de votos (5-6% do eleitorado)" (En defensa del marxismo, nº 16, pag. 33)!! Desnuda-se completamente a visão movimentista, eleitoreira e oportunista, impregnada no PO. Por essa definição, o próprio SU, apesar de sua política direitista, se reconhecesse a crise da IV Internacional e admitisse a inexistência de um centro internacional, poderia ser considerado como "esquerda" entre os que se reclamam trotskistas no Brasil, onde elegeu o prefeito da cidade de Porto Alegre, uma das principais capitais do país.

As aberrações existentes neste artigo só fazem se avolumar. Em nome de uma virtual aproximação do PO com o The Militant (Militant Labour-ML), uma corrente ignóbil, que capitula sistematicamente ao imperialismo ‘democrático’, o Sr. Coggiola a transforma na segunda organização do campo da "esquerda" dos que se reclamam trotskistas.

Novamente, a explicação é eleitoreira e quantitativa: "Militant Labour é a organização de esquerda mais forte da Inglaterra (e pelo que parece, da Escócia). Teve dois deputados através do Labour Party (LP)...". Esta é a única explicação dada pelo Sr. Coggiola para considerar esta organização como sendo de "esquerda"!

Suas posições políticas nada importam! Uma organização que, na guerra das Malvinas, ficou criminosamente ao lado da Inglaterra, defendendo uma guerra justa contra a ditadura da Argentina. Defendeu a criação do Estado de Israel, uma máquina de guerra do imperialismo norte-americano contra o povo árabe. Defende a continuidade das tropas britânicas na Irlanda e a dominação colonial exercida pela Inglaterra. E hoje, mudou de nome para Partido Socialista, numa manobra que visa tentar ser identificado como o representante oficial da social-democracia inglesa, já que neste país não existe ainda o PS, como na França, ou Espanha. A mesma manobra utilizada pelo morenismo na Argentina, quando adotou o nome Movimento ao Socialismo - MAS, que foi duramente criticado pelo PO à época, como eleitoreira e oportunista.

Mas nada disso importa! Militant Labour é uma organização da "esquerda" e ponto final. Afinal, "teve dois deputados através do Labour Party"! Considerar "esquerda" uma organização com a trajetória direitista como a do ML só denuncia o caráter podre e oportunista desta aproximação com o PO da Argentina.

Pelos mesmos motivos de proximidade ao PO, o Sr. Coggiola finaliza este ponto, citando a AMR-Proposta de Franco Grisolia (Itália) como uma outra organização da "esquerda".

Utiliza-se, não mais nos admira isso, dos argumentos de sempre: "A AMR-Proposta está defendendo um combate importante nesse fenômeno central que é o Partido da Refundação Comunista (PRC) da Itália, tendo reunido cerca de 16% dos delegados em seu último Congresso Nacional (do qual saiu com 4 membros no Comitê Nacional, contra dois anteriormente)".

Neste mesmo Congresso do PRC, a política aprovada pela ampla maioria foi de continuar dando o seu apoio ao governo Prodi, que vem implementando ferozes ataques às conquistas dos trabalhadores italianos e desenvolvendo uma política privatista e recessiva que já demitiu milhares de operários. Tudo em nome de conseguir atender às exigências do Tratado de Maastricht, possibilitando a entrada da Itália na União Européia.

Apesar disso, a AMR-Proposta segue com seu "entrismo" criminoso, apresentando a Refundação como uma alternativa classista e subordinando-se à disciplina política de sua direção. No atual quadro, onde o PRC é fiel apoiador do governo, permanecer intervindo em seu interior é tornar-se co-responsável pelos ataques desferidos pelo governo Prodi contra os trabalhadores italianos.

O Sr. Coggiola, no entanto, ao invés de criticar o entrismo da AMR em um partido governista, faz o contrário, considera não só justa sua posição, como "um combate importante neste fenômeno central que é o Partido da Refundação Comunista (PRC) da Itália"(grifo nosso)!

"Revolucionários somos nós"

Por fim, o Sr. Coggiola classifica neste ponto somente "A corrente revolucionária composta pelo PO e as organizações com as quais desenvolve um trabalho internacional". Perguntamos: Que corrente será esta... Quando ocorreu o seu Congresso de fundação? Quando realizou Conferências, ou mesmo Encontros formais dos organismos diretivos das organizações que a compõem? A resposta será uma só: Nunca! O Sr. Coggiola, agora, virou vidente , passou a enxergar fantasmas e acha que somente eles poderão salvar o mundo do capitalismo!

O evidente nacional-trotskismo que corre nas veias deste senhor transborda transparentemente neste último ponto de seu artigo. Nem sequer deu-se ao trabalho de citar quais são "as organizações com as quais (o PO) desenvolve um trabalho internacional" e formam com ele uma fantasmagórica "corrente revolucionária". Não importa citá-las, o que importa é que "A corrente revolucionária (é) composta pelo PO". As outras são do segundo e terceiro escalão!

E para finalizar com chave de ouro, rejeita completamente a concepção leninista de partido para a "Internacional Operária", o que já faz cotidianamente em sua militância, defendendo que esta seja acompanhada por um "acordo político revolucionário em que se delimitam e explicitam as eventuais divergências". Ou seja, as decisões devem ser "acordadas", não pode existir centralismo e as frações devem ser públicas! Afinal, o Sr. Coggiola busca a formação de uma Internacional Operária, ou de uma Federação de partidos que se autoproclamam revolucionários? Esta última opção, segundo o seu artigo, é a correta. Assim, não haverá grandes mudanças com o que hoje já ocorre na chamada "corrente revolucionária composta pelo PO" e as organizações que assistem ao seu Congresso e aderem, na medida do possível, às suas resoluções.

A podridão desta suposta "corrente revolucionária" é tão grande que permite em um único país (Brasil), a existência de duas "seções": uma, representada pelo "intelectual uspiano", Osvaldo Coggiola, e a outra, pela organização gangsteril Causa Operária. No entanto, as divergências metodológicas, pessoais e políticas que o Sr. Coggiola possui com Causa Operária, não tem coragem de explicitá-las publicamente. Ou seja, sequer o ‘intelectual’ diletante leva às últimas conseqüências sua concepção federativa internacional, o que causaria um desastre completo no caso do Brasil e em qualquer organização que se proponha a construir uma Federação de "revolucionários".

Só nos resta lamentar que ainda hajam militantes que acreditam neste projeto nacional-trotskista, anti-leninista e, conseqüentemente, anti-trotskista federativo do PO da Argentina, que, agora, resolveu expandir sua suposta "corrente revolucionária"... O problema é que escolheu parceiros nada revolucionários para esta tarefa: AMR, The Militant etc.


NÚMERO ATUAL NÚMEROS ANTERIORES PÁGINA INICIAL


1