Apresentação A Liga Bolchevique Internacionalista está publicando o segundo número de sua revista teórica, Marxismo Revolucionário. Essa edição dedica-se a fazer um balanço dos principais acontecimentos da luta de classes em escala nacional e internacional no ano de 1997. A diversidade dos temas abordados reflete o esforço da LBI em dar respostas políticas, à luz do marxismo, para questões tão vastas que vão desde a luta do campesinato brasileiro até os últimos desdobramentos da guerra civil na ex-Iugoslávia ou no antigo Estado operário do Camboja. Além de fazer um balanço das lutas do último ano, incluimos uma polêmica teórica sobre a origem e a crise das conquistas operárias no pós-guerra na Europa e América Latina. Para os revolucionários, como dizia Engels, o marxismo é um "guia para a ação", e a expressão de sua vigência histórica é que ele continua como ferramenta indispensável para orientar a intervenção da vanguarda operária na luta pela derrocada do sistema capitalista. Buscando seguir essa lição, a LBI apresenta nesta publicação, em dois artigos,uma análise sobre o Zaire, apontando as tarefas mais urgentes dos explorados africanos para superar as direções burguesas e pró-imperialistas que ascendem hoje ao poder, cuja expressão mais atual é o próprio novo governo do ex-Zaire (hoje Congo), dirigido por Laurent Kabila. Também incluímos um artigo acerca do recente crash mundial das bolsas de valores, como substrato da crise capitalista e responsável por uma nova onda de destruição das forças produtivas, de liquidação dos parques industriais das semi-colônias e de um feroz ataque às conquistas operárias, impelindo o proletariado mundial a organizar sua resistência à rapina imperialista. No terreno nacional, apresentamos aos leitores a discussão sobre qual a posição do movimento operário diante da greve das polícias. A mobilização dos policiais avaliada aqui como produto do esgotamento financeiro dos Estados, que teve como principais exigências o aumento salarial e melhores condições de policiamento e armamento, foi apoiada por quase toda a esquerda, desde o PT e PCdoB até os setores que se reivindicam trotskistas, como o PSTU. A LBI foi a única organização no país a opor-se a esta perigosa orientação de apoiar uma manifestação que teve como objetivo o fortalecimento da repressão policial contra os explorados ao defender, em oposição a política sindicalista da esquerda reformista, que era preciso lutar para romper com a estrutura do aparato repressivo através de uma política revolucionária dirigida aos baixos escalões das FFAA e da Polícia Militar (cabos e soldados) impulsionando a criação de células comunistas no seu interior e, com a radicalização da luta de classes no país, formar sindicatos vermelhos em busca de disciplinar os setores rasos da tropa à uma orientação anti-capitalista. Ainda sobre a luta de classes no Brasil, além de um artigo sobre o centenário do massacre de Canudos e um balanço do último Congresso da Central Única dos Trabalhadores, acompanhamos os desdobramentos de mais um capítulo da integração do Partido dos Trabalhadores ao Estado burguês, onde em seu 11º Encontro Nacional foi aprovada a construção de uma ‘frente de centro-esquerda’ com setores da burguesia, buscando construir um novo eixo de reagrupamento político-patronal para as eleições presidenciais de 1998, demonstração de que sua função é ser um instrumento do regime contra as interesses dos trabalhadores, o que coloca para a vanguarda classista a tarefa de denunciar e derrotar as traições da frente popular no interior do movimento de massas. Para a LBI, o esforço por intervir nos principais acontecimentos da luta de classes está intimamente ligado a tarefa de construir um partido revolucionário mundial, colocando a serviço desse objetivo todos os seus recursos materiais e humanos. A própria batalha por consolidar a Corrente Bolchevique pela Quarta Internacional (CBQI) neste último período como um pólo de reagrupamento revolucionário é a expressão prática da importância central que damos a essa tarefa. As várias reuniões de estruturação da CBQI tanto no Brasil como na Argentina realizadas em 1997 e a participação em jornadas de discussões internacionais com outras organizações que se reivindicam trotskistas na Inglaterra e nos EUA, inclusive com agrupamentos dos quais somos adversários políticos, são passos importantes não somente para solidificar a CBQI como também para clarificar as posições marxistas-revolucionárias no interior do movimento operário, único método capaz de avançar no sentido da reconstrução da IV Internacional. No exato momento em que se completam os 80 anos da Revolução Bolchevique e os 150 anos do Manifesto Comunista, a tarefa de reconstruir o partido revolucionário mundial para organizar a vanguarda operária na luta pelo socialismo é a expressão viva de que os ensinamentos de Outubro continuam de pé e que a luta de Marx, Engels Lenin e Trotsky pela revolução mundial seguem seu caminho justamente na estruturação de uma forte corrente internacional centralizada e de combate. |
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