POLÊMICA Os fura-greves do PCO agora apóiam a chapa do PT para o Sindicato dos Correios da Bahia Em conjunturas desfavoráveis para os trabalhadores como a atual, as correntes oportunistas, desde as maiores até as menores, se sentem mais a vontade para expressar posições políticas abertamente reacionárias. Uma mostra deste fenômeno é o fato do PSOL eleger como seu “herói” nacional e garoto propaganda do partido um delegado da polícia federal, membro da elite do aparato repressivo do Estado brasileiro. O PSTU, por sua vez, retoma de forma envergonhada a política de “governo em disputa", reivindicando de Lula medidas provisórias em favor dos trabalhadores, o que além de recriar falsas expectativas no governo antioperário, favorece as medidas bonapartistas tomadas a serviço da burguesia como a redução do IPI para as montadoras multinacionais. Sem contar na derrota dos metalúrgicos da Embraer conduzida pelo PSTU, via Conlutas, que aceitou passivamente as milhares de demissões, recusando-se a organizar sequer uma paralisação de protesto dos operários e menos ainda a ocupação da fábrica, iludindo-os que Lula poderia reestatizar a empresa ou de que a justiça patronal seria favorável aos demitidos. Na medida de sua insignificância programática e política o PCO não teve maiores pudores para divulgar seu apoio à chapa do PT nas eleições para a diretoria do Sindicato dos Correios da Bahia (Sincotelba). O sindicato dos correios da Bahia era dirigido pelo PCdoB, partido também governista, mas que rompeu com a CUT para fundar uma central sindical burocrática própria, a CTB. Supostamente para enfraquecer os agentes do governo Lula, o PCO chamou a votar no suposto “mal menor” o PT (!) contra o PCdoB. Demonstrando que o cretinismo não tem limites, o PCO apoia a chapa da CUT, pelega-mor, do governo federal, a chapa do partido do governo baiano, contra os coadjuvantes destes pelegos. Trata-se de apoiar o diabo, o PT, contra os chifres do diabo, o governista PCdoB. Para alegria do PCO, a chapa mais governista venceu as eleições sindicais com 72% dos votos, com todo o aparato da CUT e o patrocínio necessário dos governos federal e estadual a seu lado. Quando qualquer corrente séria, com o mínimo de independência política em relação ao governo, seu partido e sua burocracia sindical lançaria chapa própria ou pelo menos denunciaria as duas quadrilhas pelegas e governistas, o PCO quer que alguém acredite que decidiu apoiar a chapa do PT porque pensa que esta teria mais dificuldade para ser testa de ferro de Lula que o PCdoB!? Nada melhor do que deixar que o próprio PCO tente explicar seu adesismo: “chamando o voto na Chapa 1, apesar de sabermos que a Chapa do PT, nem de longe (sic!) expressa a defesa do interesse efetivo (sic!) da categoria. No entanto, dificultaria os planos da empresa, de utilizar diretamente o PCdoB como testa-de-ferro absoluto, com total controle, sozinho, sobre os maiores sindicatos e toda a Federação Nacional dos Trabalhadores do Correio” (site do PCO, 30/03/2009). Se houvesse um concurso mundial para as justificativas mais oportunistas já criadas, com esta o PCO ganharia disparado. Primeiro, porque a chapa petista expressa nada menos que os interesses opostos aos dos trabalhadores. Logo, tergiversar com um “nem longe expressa a defesa dos interesses efetivos da categoria” converte-se em um elogio rasgado ao PT que os carteiros conhecem como partido dos traíras após todo um acúmulo de quase dois mandatos petistas de arrocho salarial, negativa em pagar o adicional de risco, sobrecarga de trabalho, não cumprimento de acordos trabalhistas, introdução do famigerado banco de horas,... O termo “efetivo” usado na frase expressa um cretinismo à parte do PCO. Pode-se então supor que de alguma forma, que não seja tão “efetiva", o PT expresse os interesses da categoria para receber o apoio do PCO? É evidente que o apoio e o embelezamento da criminosa burocracia cutista em tal nível só pode basear-se na corrupção material do partido de Rui Costa Pimenta, integrante e defensor da central chapa branca, cuja corrente cutista, a Ecetistas em Lula e os dois sindicatos que dirige furaram e sabotaram as greves que se levantaram contra o governo federal nos últimos dois anos. Em 2007, o PCO ainda tentou disfarçar sua conduta de fura greve com o argumento sectário de que a paralisação nacional da categoria não era uma greve de verdade, mas sim um movimento da burocracia cutista que controlava os sindicatos e a Federação dos correios a serviço do governo do PT. Agora a mascara de esquerdista caiu e o próprio PCO assume agir diretamente em favor da eleição da burocracia petista nos sindicatos e na Fentect. Enfraquecer a hegemonia do PCdoB na Fentect que é apoiado pela direção da Empresa de Correios e Telégrafos, ligada ao PMDB é outra das justificativas amarelas do PCO para apoiar a chapa do PT. O “detalhe” é que, como todos sabem, é o PT, e não o PCdoB, o dono dos porcos. Foi do PT que a oligarquia arquicorrupta do PMDB recebeu o comando da ECT, assim como mais recentemente também foi presenteado por nada menos que a gestão das duas casas do Congresso Nacional, como parte de uma estratégia lulista por consolidar a coalizão reacionária que dirige. A proliferação de governos burgueses de centro-esquerda não tem como vanguarda o lulismo por acaso, mas porque a política de traição aos trabalhadores é melhor desempenhada sob a batuta do PT que qualquer outro partido na face da terra. A conciliação entre o comando de negociações da Fentect (PT, PCdoB, PSOL e PSTU), com o apoio esquizofrênico do PCO e o governo Lula, através do ministério das comunicações, é o principal instrumento estatal para derrotar as greves anuais da mais proletária categoria do serviço público federal. Prevenindo-se da reação dos trabalhadores ao anúncio de que não serão cumpridos os acordos salariais firmados pelo governo, da insatisfação crescente às demissões em massa e todos os demais ataques antioperários em curso, o PT não desperdiça a colaboração de classe do mais insignificante dos revisionistas e cobrou do PCO, no caso, via chapa petista à diretoria do Sincotelba, uma demonstração explícita de apoio político. Seria ingenuidade creditar tal identificação política simplesmente à demência da direção do PCO. Uma declaração de apoio explícito ao peleguismo cutista não é gratuita. Afinal, vem valendo a pena para o PCO pagar o custo político por associar-se aos pelegos de Lula. Não por acaso, neste curso oportunista mal dissimulado, até o Partido Obrero argentino, que fundou o que hoje é o PCO, acusou publicamente a ex-seção brasileira da “internacional” dirigida pelo PO (CRCI) de ser uma organização corrompida pela burocracia sindical do governo Lula que presta serviços ao Estado patronal em troca de “beneficiar-se com mais verbas para os sindicatos que controlam” (PO, nº1055), comparando-o as degeneradas correntes petistas “O Trabalho” e DS. O curso à direita do regime só será freado pela entrada em cena do proletariado sob um programa revolucionário, oposto à política de colaboração de classes, de apoiar o “mal menor", ou seja, com a derrota do oportunismo em todos seus matizes. Isto serve para os trabalhadores dos correios assim como para todas as demais categorias. Desmascarar os testas de ferro do lulismo no interior do movimento, sejam eles do PT, PCdoB ou do PCO é o primeiro passo da conquista da independência política dos trabalhadores, sem a qual é impossível organizar a resistência proletária e preparar as futuras vitórias da classe sobre os patrões e seu governo. ![]() ![]() ![]() |