Reproduzimos abaixo o panfleto nacional distribuido pela militância da LBI no 8 de Março, criticando os atos governistas e os limites da Conlutas, chamando a unidade das trabalhadoras com seus irmãos de classe sob um programa revolucionário para derrotar a reação do clero, a exploração dos patrões, as demissões e o machismo capitalista 8 DE MARÇO
A mulher trabalhadora na vanguarda Durante a crise financeira mundial as empresas capitalistas realizam a seguinte encenação: anunciam balanços financeiros falimentares, demitem criando pavor nos trabalhadores, fazem acordos rebaixados com burocratas sindicais que eliminam direitos históricos e, por fim, recebem gordos subsídios de socorro dos governos em todo mundo. Os primeiros a serem chantageados a trabalhar por menos, a terem seus direitos caçados, a sofrerem um aumento da opressão social e a serem demitidos são os que realizam trabalhos mais precarizados, de menor remuneração: as mulheres operárias. O objetivo da burguesia é ganhar nas duas pontas do negócio. De um lado, incrementa a exploração e a opressão de classe e seus adereços ideológicos como o machismo e o racismo, de outro, faz chantagem para receber mais benesses do Estado. O Brasil é o melhor exemplo de que essa é uma crise sob medida para os capitalistas: as vendas continuam crescendo e a produção industrial ascendente. Em São Paulo a atividade industrial cresceu 6,2% em janeiro em relação a dezembro, apesar do mês anterior ser o de maiores vendas do ano! Segundo o IBGE, “o volume de vendas do comércio fechou 2008 com elevação de 9,1%, enquanto a receita nominal cresceu 15,1%.” Sendo assim, deveria haver contratações na indústria e no comércio, mas o que vem ocorrendo é justamente o contrário. A burguesia usa o fantasma da crise para esfolar a classe operária e extorquir ainda mais do Estado que atende a seus interesses. No emprego formal foram cortadas 102 mil vagas em janeiro, enquanto sobem o número de horas trabalhadas (2,3%) e, conseqüentemente, os ritmos de produção e despencam os salários (-7,1%). Por sua vez, a contratação de 62 mil trabalhadoras, sob um piso miserável de 450 reais, pelas empresas de telemarketing de São Paulo em 2009 é uma prova inconteste de que a economia continua aquecida. MARCHA DAS MULHERES ACOBERTA QUE LULA IMPÕE SOBRE AS TRABALHADORAS A SUPEREXPLORAÇÃO CAPITALISTA Segundo o ministro do governo Lula, Carlos Lupi, “O resultado de 102 mil negativos não é bom para o país, mas há demonstrações inequívocas da melhora da economia nacional”. Há de fato, demonstrações inequívocas da farra patronal tendo como justificativa a crise. Nos últimos 6 meses o Estado transferiu R$300 bilhões para banqueiros e empresários. Para aumentar a exploração da força de trabalho feminina a burguesia precisa diminuir o direito da mulher de controlar seu próprio corpo. Daí, desde a queda da URSS, o avanço da ofensiva ideológica imperialista vem também atacando truculentamente o direito ao aborto. No Brasil, a direita clerical e política e não poucos reformistas do PT e PSOL, tendo a frente Heloísa Helena encabeçam uma cruzada “em defesa da vida” que leva ao assassinato sob condições precárias de aborto milhares de mulheres pobres. A expressão extremada da opressão sofrida pelas mulheres é o número assustador de mulheres da classe trabalhadora encarceradas. Como presente macabro no dia da mulher trabalhadora o governo Serra acaba de anunciar a construção de oito presídios femininos para comportar no mínimo 700 presas cada. Não poucas vão parar nestes infernos por roubar uma lata de leite em pó para seus filhos ou por abortar clandestinamente sem dispor das mais elementares condições de sustentar uma criança. A marginalização, a criminalização e a prisão são as verdadeiras faces da falaciosa “emancipação da mulher” para a grande maioria das filhas do proletariado em meio a barbárie capitalista do século XXI. Mesmo assim, cretinamente, PT e PSOL vão ao 8 de Março com o slogan “nós não vamos pagar nada por esta crise!”. CUT, Intersindical, UNE, MST e a governista Marcha Mundial das Mulheres tratam de fazer manifestações demagógicas no 8 de Março com o objetivo de camuflar a crueldade com que a burguesia nacional através de seu maior representante, Lula, oprime explora as proletárias e criminaliza seu direito ao aborto. CONLUTAS: CLAUDICAÇÃO DIANTE DO GOVERNISMO A Conlutas fez um chamado para a realização de atos unificados com os governistas. Uma grave capitulação à política do governo Lula. As governistas do PT e o PSOL rechaçaram a participação da Conlutas em suas manifestações. No entanto, mesmo tendo sido rechaçada pelas governistas a Conlutas promove o seguinte eixo político: “Estabilidade no emprego já, contra as demissões e a redução do salário!” Consignas genéricas e rebaixadas diante da necessidade de convocar as proletárias a organizarem-se politicamente para lutar por seus direitos elementares. Dizem menos que nada. Não faz nenhuma referência ao governo Lula, nada sobre o direito elementar da mulher a seu próprio corpo, nenhum chamado à ocupação das fábricas que demitirem trabalhadoras, como na Embraer, e muito menos ao controle operário e à defesa da revolução socialista como condição para emancipação da mulher trabalhadora de toda opressão. A ofensiva desencadeada pela crise capitalista impõe na ordem do dia a unidade revolucionária das trabalhadoras com seus demais irmãos de classe para barrar os ataques desferidos pela burguesia em todo planeta, que neste momento tem nas demissões e no corte de direitos a sua principal face macabra! RESPONDER À OFENSIVA CAPITALISTA LUTANDO NA TRINCHEIRA DA MULHER OPERÁRIA CONTRA OS ATAQUES DA BURGUERSIA Para impedir que os capitalistas joguem nos ombros dos trabalhadores o ônus da crise é preciso a ação direta de toda a classe para lutar. Agora, mais do que nunca, está colocado organizar nacionalmente uma campanha contra as demissões e preparar a construção da greve geral por tempo indeterminado, sob o eixo de ocupar as empresas que demitirem, por assembléias proletárias que limitem os ritmos de produção, a escala móvel de horas de trabalho a fim de se garantir a redução da jornada sem redução de salário, já que as mulheres trabalhadoras são as primeiras vítimas do facão das demissões. Ao mesmo tempo é preciso levantar um programa que defenda: salário igual para trabalho igual, descriminalização do aborto e direito universal sem qualquer restrição a todas as mulheres que queiram fazê-lo, realização do aborto com acesso gratuito e garantido pelo Estado nos hospitais da rede pública para as mulheres trabalhadoras, assim como o pleno direito de uso de preservativos, anticoncepcionais e pílulas do dia seguinte, distribuídos gratuitamente pelo Estado. Aposentadorias custeadas pelo Estado para donas de casa e empregadas domésticas. Criação de creches, lavanderias, restaurantes públicos e gratuitos próximos aos locais de trabalho, estudo e moradias. A erradicação completa da opressão social sobre a metade feminina do gênero humano requer a revolução socialista, liquidando o modo de produção capitalista e sua barbárie que usa o fantasma da crise para atacar as conquistas das trabalhadoras e seus companheiros de classe! ![]() ![]() ![]() |