BALANÇO DO 8 DE MARÇO Órfãs de uma direção classista e combativa, as mulheres trabalhadoras atacadas pela ofensiva capitalista nada têm a comemorar Nos atos políticos realizados do Dia Internacional da Mulher Proletária, CUT, CTB, UNE e MST esforçaram-se por fortalecer a blindagem em torno da figura do governo Lula, financiador das grandes empresas com recursos públicos, enquanto estas acentuam a exploração das proletárias. O fato da Conlutas, majoritariamente dirigida pelo PSTU, realizar “atos independentes” das centrais governistas já pelo segundo ano consecutivo deve-se unicamente à recusa das outras centrais a sua participação, conforme lamenta a própria Conlutas em seu manifesto: “No ano de 2008 a Conlutas fez um esforço no sentido de construir um 08 de março unitário com a organização do 08 de março coordenada pela Marcha Mundial de Mulheres [movimento policlassista dirigido pela CUT e UNE, tropa-de-choque feminista do governo Lula], mas durante a reunião, ficou explícito o caráter do ato que a Marcha estava querendo construir.” (Sítio da Conlutas). A vulnerabilidade da Marcha governista, intransigente na defesa da governabilidade da Frente Popular, tolerante apenas ao alinhamento completo com sua política, impediu que a Conlutas integrasse o ato, mesmo com seu eixo semi-governista de limitar-se a clamar a Lula “medidas concretas” para “salvar os trabalhadores da crise”. Tratamento “especial” recebe a Intersindical, hegemonizada pelo PSOL, que permanece integrada ao “ato unitário”, aliada de primeira hora do PT e PCdoB devido seu infalível serviço prestado a estes partidos nos estratégicos sindicatos em que dirigem conjuntamente, de porta-voz da política governista e na sabotagem das lutas dos trabalhadores. Vale destacar que o último ato unitário, em 2007, foi construído sob um compromisso das entidades organizadoras de desviarem o ativismo para local distinto do encontro de Lula com Bush, que se realizava precisamente nos dias 08 e 09 de março em São Paulo. Neste caso, a “unidade antiimperialista” foi bastante útil para os governistas despistarem e inviabilizarem qualquer protesto organizado contra Lula e seu amo ianque. Em São Paulo, a integrante da Oposição de Luta dos Teleoperadores e militante da LBI, interveio no ato da Conlutas para denunciar aos mais de 500 trabalhadores presentes o governo Lula como patrocinador e as centrais “chapa-branca” como co-participes dos ataques que a patronal vem desferindo contra mulheres e homens trabalhadores com retirada de direitos e demissões em massa. Sendo assim, consiste ainda mais criminosa a conduta da Conlutas diante desta brutal ofensiva que representa a demissão dos 4.270 operários da Embraer, base do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, entidade mais importante da Conlutas, dirigido pelo PSTU desde a década de 1980. Longe da Conlutas organizá-los para a ação direta, ocupando a principal fábrica da Embraer, emparelhou-se com a arqui-pelega Força Sindical para literalmente “mandar os operários para casa” enquanto as duas centrais acordam com a empresa uma “negociação” na justiça patronal do trabalho. Se fôssemos pautar apenas a bandeira mais elementar da mulher trabalhadora, do livre direito ao aborto, é insultante a disposição do PSTU, à frente da Conlutas, “em favor da unidade” com quem se opõe a que as mulheres governem seu próprio corpo. Se no plano sindical a Intersindical é aliada incondicional das centrais governistas, a “mulher” psolista em quem os sindicatos da Conlutas e o PSTU defenderam que as trabalhadoras votassem a presidente em 2006 pela “Frente de Esquerda”, Heloísa Helena, está engajada junto com Pastoral Operária, até a extrema direita da Igreja católica, passando por artistas, parlamentares e empresários, na construção do “3º ato em Defesa da Vida”, a ser realizado em frente à Catedral da Sé, em São Paulo, no dia 28 de março, como parte da campanha “Brasil sem Aborto” que promete “transformar 2009 no ano oficial em ‘Defesa da Vida’, um exemplo para todo o Brasil.” (Sítio da Sagrada Família, www.sagradafamilia.org.br, 22/01/2009). As mulheres trabalhadoras, criminalizadas por realizarem abortos, nas mais precárias condições, que acumulam a árdua jornada doméstica com a venda da força de trabalho sob ainda maior grau exploração que seus companheiros de classe, que vêem seus filhos morrerem nas filas de hospitais, nada têm a comemorar como querem entorpecê-las as direções vendidas do movimento. Neste 8 de Março, padecem pela crise que só existe para os explorados. Permanecem órfãs de uma central proletária que lute pelo seu mais elementar direito ao aborto em hospitais públicos, creches, saúde e educação para seus filhos, etc., além de organizar o proletariado para sua saída triunfante frente à crise depositada sobre seus ombros. Afinal de contas, neste instante em que é posta a teste, a Conlutas abre mão de exercer a direção genuína dos trabalhadores para assumir o papel de “conselheira sindical rejeitada” do governo Lula. Esta é a grande lição deste 08 de Março. Cabe às mulheres trabalhadoras construírem uma genuína direção revolucionária e comunista para derrotar a ofensiva capitalista, a burguesia e governo Lula, responsáveis pelos ataques a seus direitos e condições de vida! ![]() ![]() ![]() |