MASSACRE NA FAIXA DE GAZA

Vingar o genocídio nazi-sionista contra o povo palestino! Lutar pela destruição do enclave terrorista de Israel!

A nova ofensiva militar imperialista no Oriente médio não esperou 2009 ou mesmo que Obama tomasse posse formalmente. Cerca de 300 palestinos já foram mortos e mais de mil outros ficaram feridos na ação militar sionista do último dia 27 de dezembro.

Este é o maior e mais sangrento ataque israelense desde a Guerra dos Seis Dias (1967), quando foram roubados os territórios palestinos sobre os quais o sionismo construiu suas 120 colônias reacionárias. Vem sendo arquitetado sinistramente desde o primeiro semestre de 2008. Inclusive o cessar fogo estabelecido entre o enclave sionista e as organizações palestinas desde junho passado e expirado em 19 de dezembro fez parte do plano. Como revela um dos maiores jornais israelenses, o Haaretz, “Preparação de longo prazo, coleta cuidadosa de informações, discussões secretas, mentiras e enganação – tudo isso está por trás da operação ‘Cast lead’, da IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês) contra o Hamas na Faixa de Gaza”.

Os objetivos dessa operação de guerra são o estabelecimento de um acordo ainda mais desfavorável aos palestinos, a desmoralização completa do Hamas, a exemplo do que aconteceu a OLP, o isolamento da Faixa de Gaza da Cisjordânia e o estrangulamento das condições de vida em Gaza, hoje uma região completamente dependente do Egito, cujo governo é aliado dos EUA.

Não bastassem os bombardeios que ceifaram já centenas de vítimas, Israel prepara uma invasão terrestre a Gaza. Tanques israelenses na fronteira do território palestino estão posicionados para entrar na área marcada pela pobreza, onde vivem 1,5 milhão de pessoas.

Na política interna do gendarme, a ofensiva atual corresponde ao início da campanha para as eleições de 10 de janeiro entre os partidos sionistas, Trabalhista, Likud e Kadima. Campanha eleitoral cujo caráter é medido pela gincana de quem defende as medidas mais carniceiras contra os palestinos. Por essa razão o atual ministro da defesa, Ehud Barak, candidato trabalhista, afirmou que “o Exército aprofundará e ampliará sua operação conforme o necessário, pois o objetivo da operação é mudar completamente as regras do jogo” (Folha de S. Paulo, 28/12), referindo-se ao controle do Hamas da Faixa de Gaza. Já a ministra de relações exteriores, Tzipi Livni, candidata pelo Kadima, prega que “Israel deve derrubar o Hamas e um governo sob minha direção o fará” (Reuters, 28/12).

AÇÃO TERRORISTA ISRAELENSE É PARTE DO RECRUDESCIMENTO DA OFENSIVA IMPERIALISTA PLANEJADA NA TRANSIÇÃO BUSH-OBAMA

Obviamente o genocídio perpetrado por Israel teve o aval da Casa Branca. Neste caso estamos nos referindo não só a Bush, mas ao próprio Obama que na campanha eleitoral se mostrou um fiel aliado do enclave sionista. Ainda quando candidato Obama prometeu "eliminar" a ameaça representada pelo Irã a Israel, durante um discurso em Washington na principal associação de defesa dos interesses israelenses nos Estados Unidos, a AIPAC. Na ocasião declarou que "Não há ameaça maior para Israel e para a paz e a estabilidade na região que o Irã. O perigo iraniano é grave e real e meu objetivo será eliminar essa ameaça" (AFP, 04/06). Obama ressaltou seu apoio ao enclave sionista referindo-se, principalmente, às "ligações indestrutíveis" entre Estados Unidos e Israel: "Como presidente jamais negociarei quando a segurança de Israel estiver em jogo... Aqueles que ameaçam Israel nos ameaçam", prometendo todos os meios disponíveis para o enclave se defender "de todas as ameaças vindas de Gaza ou Teerã" (Idem).

Para provar seu compromisso, Obama manteve à frente da Secretaria de Defesa, Robert Gates, atual titular da pasta no governo republicano. Este, nos últimos, dias já havia reforçado que a nova gestão democrata não alterará suas diretrizes para o Oriente Médio e o chamado “combate ao terrorismo”. A expressão máxima desse compromisso é o aval de Obama ao massacre na Faixa de Gaza “com todos os meios disponíveis” que deixou um saldo de mais de três centenas de mortos. Pegando carona nas palavras do novo chefe do imperialismo mundial, Ehud Barak declarou à CNN que “Não será uma operação pequena. A guerra contra o terrorismo está longe de terminar e temos que ser firmes no sentido de alterar a situação... Eu estou confiante que o governo americano não esperaria um dia para atacar se a cidade de San Diego (Califórnia) fosse bombardeada por Tijuana (México) com centenas de bombas".

Assim como o atentado made in CIA a Mumbai, na Índia, a ação terrorista de Israel a Faixa de Gaza corresponde a uma política traçada em comum acordo entre Bush, Obama e Israel para disciplinar militarmente o Oriente Médio. O imperialismo ianque tende cada vez mais a responder a crise econômica que atravessa por meio de ataques às conquistas operárias e recorrendo à força bélica desproporcional que dispõe contra as nações e povos oprimidos, patrocinando assim o recrudescimento da ofensiva mundial por todo o planeta. Essa dinâmica política e militar é completamente oposta daquela profetizada pelos que anunciam, inclusive os pseudo-trotskistas, o crash financeiro como a expressão cabal do fim da hegemonia ianque e mesmo do capitalismo mundial ao tocar as trombetas anunciando uma “nova era mundial” que seria necessariamente a ante-sala do socialismo, quando a realidade mais se aproxima da barbárie capitalista, ante a ausência da ação consciente e revolucionária do proletariado!

A CANALHA DA ANP, CÚMPLICE DO CRIMINOSO ATAQUE A GAZA

Logo depois do massacre, o fantoche presidente da ANP, Mahmud Abbas, afirmou que a responsabilidade da atual situação vivida na Faixa de Gaza é do Hamas: “Nós conversamos com eles e pedimos: não começem com os ataques, nós queremos a continuidade da trégua. Nós poderíamos ter evitado isso se eles tivessem aceitado” (FSP, 28/12). Abbas copiou as palavras da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, que em comunicado afirmou ser o Hamas o culpado pela “escalada da violência” na região: "Nós condenamos de forma veemente os ataques repetidos com foguetes e tiros de morteiro contra Israel e consideramos o Hamas responsável por romper o cessar-fogo e pela retomada da violência. O cessar-fogo deve ser restaurado imediatamente e respeitado em sua integridade." (Idem).

As cínicas e vergonhosas palavras de Abbas, representante da canalha da ANP vendida a Israel e aos EUA, estão a serviço de cantilena de justificar os ataques sionistas como uma “reação” aos foguetes Qassam, de fabricação caseira, lançados pelo Hamas, que tem que recorrer a armas de pouco poder de fogo devido ao boicote militar das burguesias árebes. A piada do poder “mortífero” de tais artefatos ficou demonstrada no próprio sábado, quando depois do ataque de Israel contra os palestinos, o Hamas lançou 20 Qassams deixando como saldo... uma única vítima fatal israelense contra os mais de 300 palestinos mortos pela máquina de guerra nazi-sionista.

O verso de que os ataques seriam uma “resposta” aos lançamentos de mísseis Qassam contra o território israelense é uma farsa. Enquanto mísseis caseiros atingem na maioria das vezes áreas remotas que não chegam a causar nem mesmo danos materiais, um enclave militar financiado pelo imperialismo investe sua descomunal força contra uma minúscula região onde vivem amontoadas cerca de 1,5 milhão de pessoas. A Faixa de Gaza mais se parece com uma prisão a céu aberto, com Israel buscando copiar os campos de concentração nazista.

Além dos mais, como revela o porta-voz do Hamas, Muhamed Hamdan, fiel a política de trégua momentânea com Israel, “O Hamas não atirou bombas durante o cessar-fogo. Está muito claro que quem violou o cessar-fogo foram os israelenses", afirmou à CNN. "Durante esse período de trégua, eles fecharam todas as barreiras e mataram 28 palestinos" (Idem).

O acordo de cessar-fogo de seis meses entre Israel e o Hamas expirou no dia 19. O Hamas responsabiliza Israel pela não renovação do tratado, dizendo que o governo israelense não cumpriu a promessa de levantar o bloqueio à faixa de Gaza. Com o bloqueio, Israel permite a entrada de poucos itens de necessidade básica na Faixa de Gaza, tornando a vida infernal para os palestinos. O massacre ocorre poucos dias após o Hamas ter se recusado a renovar o cessar-fogo que vigorava há seis meses. A razão: Israel, ao contrário do prometido, manteve nesse tempo o bloqueio e os ataques ao território. O isolamento da área vem provocando uma verdadeira crise humanitária, ampliando o desemprego e a miséria entre a população palestina. Foi o castigo de Israel pelo fato de os palestinos terem dado a vitória ao Hamas nas eleições em 2006. Os campos de refugiados da região vêm sendo sufocados, recebendo muito menos do que o mínimo de suprimentos em comida, remédios, combustível, água e esgoto, adubo, papel, calçados. As padarias vêm sendo fechadas por falta de gás de cozinha e trigo.

Mas não é somente devido às bombas e ao bloqueio econômico de Israel que Gaza é estrangulada.Também a OLP, o Fatah e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) de aliadas políticas do sionismo na "guerra contra o terrorismo do Hamas" tornaram-se cúmplices do bloqueio econômico a Gaza. A companhia fornecedora de água para a região costeira de Gaza, que não é controlada pelo Hamas, mas pela ANP que recebe o financiamento do Banco Mundial para pagar o combustível para as bombas do sistema de esgotos de Gaza. Desde junho, a ANP tem-se recusado a liberar o dinheiro, aparentemente porque entende que o funcionamento dos esgotos beneficiaria o Hamas. Desde os tempos de Arafat, o ministério da Saúde da Cisjordânia é responsável por comprar e distribuir quase todos os produtos farmacêuticos e cirúrgico-hospitalares usados em Gaza, onde os estoques estão perigosamente baixos. No entanto, em novembro, o ministério dirigido pela ANP devolveu carregamentos recebidos por via marítima, sob a cretina justificativa de não possuir espaço para armazenamento.

NO CAMPO MILITAR DO HAMAS CONTRA ISRAEL E O IMPERIALISMO!

Imediatamente após o massacre, o principal dirigente do Hamas, Khaled Meshaal, convocou todo o povo palestino para uma nova Intifada contra Israel. O chamamento foi transmitido pela TV Al Jazeera no Qatar e exigiu uma resposta dura contra os ataques e que “Israel sinta na própria carne o sofrimento dos palestinos”. O líder do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, disse que os palestinos nunca se renderão a Israel. “Não abandonaremos nossa terra e não levantaremos bandeiras brancas. Pode haver mais mártires e pode haver mais feridos, mas Gaza jamais se renderá” (Idem). Segundo o El País, a Jihad Islâmica afirmou hoje que todos os combatentes estão convocados a responder a carnificina israelense.

Tragicamente o chamado a terceira intifada realizado por Khaled Meshaal, líder do Hamas exilado na Síria é completamente desprovido de conteúdo real e menos ainda de conteúdo revolucionário. Primeiro, por que tal convocatória está completamente divorciada da organização de todo o povo palestino em armas para enfrentar as tropas nazi-sionistas. Segundo, por se opor a estratégia de uma economia socialista de guerra para concentrar todos os esforços e solidariedade internacional para varrer os invasores. Terceiro porque a estratégia do Hamas é, de fato, enfraquecer a intifada frente às ações terroristas cada vez mais impotentes e estéreis, vide a desproporção assombrosa de baixas dos dois lados de 300 para um em favor de Israel. A estratégia do Hamas debilita a sublevação das massas palestinas e é contrária aos métodos de mobilização permanente, como as greves e marchas populares. Vale ressaltar que apesar do bloqueio a Gaza, o Hamas de 2008 é muito mais forte do que aquele que surgiu com a primeira intifada há mais de 20 anos. Todavia seus profundos vínculos com as burguesias árabes tornam-no politicamente impotente para enfrentar o inimigo. Nem Ahmadinejad, nem qualquer outro governante nacionalista burguês ou líder guerrilheiro fundamentalista poderá acabar com o sofrimento histórico do heróico povo palestino. Nenhuma ilusão deve restar após séculos de traições das classes dominantes e teocráticas árabes a luta pela libertação nacional dos povos oprimidos do Oriente Médio.

Como marxistas revolucionários nos postamos incondicionalmente pela vitória militar do Hamas frente às forças imperialistas, sionistas e seus agentes do Fatah, mas sem depositar nenhuma confiança política em sua direção e apoiar seu programa. Alertamos que no curso desta tarefa, a superação das direções burguesas e teocráticas como o Hamas, que apesar das heróicas ações militares que encabeça é refém de um programa teocrátrico-burguês é uma condição fundamental para a conquista da verdadeira pátria palestina no conjunto dos territórios históricos rapinados pela máquina de guerra sionista.

Sem lhes depositar qualquer confiança política, os revolucionários se colocam incondicionalmente em defesa do Hamas, da Jihad islâmica e de todas as organizações da resistência palestina e árabe perseguidas pelo imperialismo, o sionismo e seus tentáculos assassinos. As guerrilhas antiimperialistas da Palestina, Afeganistão, Iraque, Síria, Irã e Líbano devem colocar todo seu aparato militar em solidariedade a Gaza para o armamento de todo o povo palestino contra o gendarme nazi-sionista.

Somente a construção do partido revolucionário, seção da IV Internacional, poderá dirigir o proletariado e as massas palestinas e árabes ao triunfo da luta pela destruição do enclave nazi-sionista de Israel e o estabelecimento de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e hebreus. É possível que o povo palestino sublevado em armas e guiado por um programa proletário comunista derrote o exército israelense, organizando-se como um exército popular revolucionário e dispondo de ferramentas políticas e sociais muito mais poderosas que a guerrilha libanesa do Hizbollah que derrotou o gendarme sionista em 2006. Esta é a tarefa fundamental de todos aqueles que se reclamam defensor da causa árabe e palestina.

As organizações que se proclamam comunistas e revolucionárias devem desencadear uma ampla campanha de solidariedade ativa internacional à luta palestina com greves, atos e protestos nas embaixadas e consulados dos EUA e Israel. A Conlutas e os comitês de solidariedade aos povos árabes de todo o país precisam assumir no Brasil esta campanha.


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