MILHÕES DE PESSOAS SÃO ATINGIDAS PELAS ENCHENTES EM SANTA CATARINA
Uma tragédia anunciada cujos
responsáveis são os governos Lula Há semanas o oeste do estado de Santa Catarina vem sendo açoitado mais intensamente por chuvas torrenciais que atingem o conjunto do país. Campos e outros cinco municípios do Rio de Janeiro, onde 13 mil pessoas já abandonaram suas casas também decretaram estado de emergência. Em menor escala, mas de um modo geral, a população trabalhadora de diversas outras cidades vem perdendo tudo que possuía na vida e até a própria vida com as enchentes, desabamentos ou com suas seqüelas, como as doenças decorrentes das águas contaminadas (leptospirose, hepatite, dengue). As chuvas são um fenômeno freqüente no país, mas extremamente destruidor para uma massa de pessoas que vive sob condições cada vez mais pauperizadas, desmentindo trágica e cruamente os falaciosos índices de melhorias econômicas apresentados pelo governo Lula. Santa Catarina acumula mais de uma centena de mortos e desaparecidos. O Vale do rio Itajaí, onde se localiza Blumenau, foi a região que mais sofreu. Em muitas cidades, 80% das moradias foram afetadas por enchentes e deslizamentos de terras, mais particularmente, os bairros proletários com piores condições de saneamento e construções precárias. As peculiaridades do clima, como a superposição de três regimes pluviométricos (o tropical, e as frentes polares de percurso oceânico e continental) de modo algum justificam a tragédia, como tentam passar a mídia e os governos burgueses. As condições climáticas somente se converteram na desgraça que vitimou 1,5 milhões de pessoas, não por coincidência e quase exclusivamente da classe trabalhadora, devido ao capitalismo que provoca a degradação habitacional do homem e do ambiente pela especulação imobiliária e pela poluição em uma região densamente povoada, dispersa por uma ocupação urbana extremamente desordenada. O número de pessoas atingidas é, entretanto, muito superior ao que divulga a imprensa. UMA CONSEQÜÊNCIA DA BARBÁRIE CAPITALISTA Para os capitalistas os grandes desastres naturais são tratados com completo descaso e, além disto, procuram desavergonhadamente ganhar com a desgraça alheia. A região do Vale do Itajaí é conhecida pelos freqüentes desastres naturais como tornados, chuvas intensas, inundações e deslizamentos de terra (este fator é o maior causador de mortes) num solo composto sobretudo por material argiloso. Um elemento que não pode ser esquecido de modo algum, faz parte da chamada “zona de convergência intertropical”, que tem como característica prolongadas chuvas e ventos fortíssimos. Estudos feitos pela Universidade Federal de Santa Catarina (Atlas de Desastres Naturais do Estado de Santa Catarina) destacam que as cidades de Blumenau e Brusque são as mais propensas a estes desastres. Ou seja, o fenômeno não é novo, mas sistemático, não foi surpresa, uma vez que a sua previsibilidade já vem sendo apontada desde a década de 80 do século passado. Blumenau, por exemplo, teve 32 inundações em 24 anos! Hoje, avaliam os técnicos da defesa civil, “cerca de 60% das áreas atingidas estão em risco iminente e que... dificilmente serão ocupadas novamente. Qualquer chuva pode provocar novos deslizamentos” (Zero hora, 28/11). Para onde vai esta população? Resta-lhe voltar às áreas de risco, consumando um círculo vicioso sem solução. Em uma região formada basicamente por montanhas, vales e rios eram previsíveis desastres com esta envergadura, mas nada foi feito. Projetos de canais artificiais para desviar o excesso de água para o mar, alargamento das margens do rio Itajaí, diques de contenção etc. foram simplesmente engavetados pelos governos de plantão. O império da “indústria” do turismo, que tem como carro chefe a indústria têxtil e a Oktoberfest, em conluio com a especulação imobiliária (que derruba a Mata Atlântica), é que fala mais alto, empurrando a população trabalhadora e pobre para as encostas dos morros e às zonas ribeirinhas, sujeitas a riscos e medo permanentes. DAS PREFEITURAS, GOVERNOS ESTADUAL E FEDERAL RESTAM APENAS AS MIGALHAS E... REPRESSÃO Muito distante da realidade apresentada pela mídia, acerca de que há uma ampla rede de distribuição de gêneros de primeira necessidade, a população flagelada está à míngua, faminta, à beira do desespero. Sem água potável, comida, agasalhos e remédios tem como única alternativa para sobreviver a este martírio provocado pelos governos burgueses, partir para a ação dos “saques” às grandes redes de supermercados e farmácias. Na mídia e pelo governo foi tratada como criminosos comuns, sendo brutalmente reprimida pela polícia do governador aliado de Lula, Luiz Henrique (PMDB). Dezenas de pessoas jogadas na indigência nestes últimos dias foram presas por participarem de saques. A PM colocou seus batalhões para proteger os ricos e a sagrada “propriedade privada”, decretando inclusive toque de recolher. Em contrapartida, dezenas de pessoas pobres foram presas. Grandes comerciantes se aproveitam da situação para encarecer – e esconder - ainda mais os produtos de primeira necessidade. É em socorro destes verdadeiros criminosos que sai o Estado e os governos. O governador catarinense Luiz Henrique teve como primeira providência diante da catástrofe acalmar os turistas e depois deslocar o batalhão de choque para reprimir os flagelados que passam fome, sede e frio. O Palácio do Planalto não ficou atrás. Prometeu liberar R$ 1,6 bi de ajuda apenas quando as dezenas de corpos começaram a aflorar em meio aos escombros das cidades em ruínas localizadas no Vale. Esta verba destinada aos cinco estados (SC, RS, ES, RJ, SP) com milhões de pessoas atingidas é no mínimo uma provocação. Aos banqueiros doa a fundo perdido quatro vezes mais; para as montadoras multinacionais mais 4 bi! Esta quantia mal cobre as despesas iniciais para as obras de alguns diques de contenção apenas no Vale do Itajaí. Enquanto isto a “grande ajuda” que o governo presta às famílias trabalhadoras flageladas que perderam tudo é liberar uma parte limitada do próprio Fundo de Garantia!!! Em outras palavras, para a burguesia o governo da frente popular doa bilhões e bilhões; para a população trabalhadora pobre que perdera tudo, adquirido com enorme sacrifício durante toda a vida, algumas miseráveis migalhas. Concretamente, o responsável pela centena de mortos, os milhares de desabrigados e cidades praticamente em ruínas não foi o desastre natural em si (que poderia ser evitado), mas os governos da frente popular em nível federal e seus amigos no âmbito estadual, como Luiz Henrique e Sérgio Cabral, os quais, sem o menor pudor, simplesmente cortam verbas destinadas às obras de prevenção contra enchentes e deslizamentos, em nome do “superávit primário” e da Lei de Responsabilidade Fiscal. É preciso organizar comitês populares para arrecadação e distribuição de doações solidárias, reorganizar e controlar a economia, ocupando as empresas e supermercados para colocá-los a serviço da reconstrução das condições de vida da maioria da população trabalhadora e pobre, ou seja, somente o embrião de um governo da classe operária, produto da revolução socialista é que pode pôr em pé um eficaz plano de obras públicas que evitem os desastres produzidos pela natureza e beneficiem a população pobre. ![]() ![]() ![]() |