Apesar das direções reformistas, ocupação da reitoria da USP torna-se vanguarda das lutas nas universidades no país

A ocupação da reitoria da USP, que teve como estopim os cinco decretos baixados desde o primeiro dia de mandato do tucano José Serra, para ampliar gradualmente a privatização das universidades paulistas, via controle das verbas para a Fatec, USP, UNESP e UNICAMP, expressa o método de luta da ação direta dos estudantes e trabalhadores contra o governo. Suas lições, de erros e acertos devem servir como ensinamento para o conjunto das lutas em curso nas universidades de todo o país.

Primeiro, a reitoria e o governo tucano trataram de negociar o aborto da luta às costas do movimento, com os traidores do DCE (PCdoB, PT, MR8/PMDB e a direita) em troca de migalhas. Os estudantes em luta reagiram de imediato e aprovaram em uma massiva assembléia que o DCE governista estava desautorizado a falar em seu nome ou mesmo sentar-se à mesa das assembléias. Mesmo assim, correntes que se reivindicam oposição ao DCE (PSOL, PSTU e LER) se opuseram à destituição do DCE governista e traidor, com o argumento que as maiores assembléias estudantis da USP dos últimos 30 anos não eram um fórum legítimo para aprovar tal medida.

Fracassada a primeira tentativa de desocupação, a reitora apelou para os parlamentares da Frente Popular (Suplicy-PT) e para uma comissão de professores intitulados “notáveis”, para “mediar” a desocupação pacífica, tentando convencer os estudantes a saírem sem que suas reivindicações essenciais fossem atendidas, método que havia dado resultado para a burocracia universitária desmontar a greve de 2002. Mas desta vez, escaldados, os estudantes rechaçaram os “notáveis” e os parlamentares que se disfarçavam de amigos do movimento para enterrá-lo.

Em seguida, não podendo acabar com a luta unificada de estudantes e trabalhadores da USP a partir dos conciliadores de “dentro” da USP, a burguesia apela para uma campanha de demonização da ocupação via imprensa, enquanto tenta atemorizar os estudantes em luta, ameaçando-os de desocupar a reitoria da USP através da truculência da tropa de choque de Serra.

Os estudantes não se deixaram amedrontar e rechaçam tanto as ameaças de repressão como os que de dentro da ocupação traficavam o pavor como argumento (PSOL e PSTU) que defenderam a desocupação sob as chantagens policialescas de Serra e da Reitora.

Os estudantes e trabalhadores respondem com a demonstração de força, arrastando o setor mais vacilante da comunidade universitária, os professores, à greve, e fazem um ato radicalizado contra Serra no Palácio dos Bandeirantes. Serra maqueia seus decretos apresentando um novo “decreto declaratório”, tentando ludibriar a resistência com o argumento de que não pretende colocar em risco a autonomia universitária. Não engana ninguém e a ocupação segue. A direita tenta articular manifestações, mas não consegue mobilizar a comunidade universitária.

Tendo todas suas táticas fracassadas, o governo pretende matar a ocupação pelo cansaço, enquanto os setores mais vacilantes (ADUSP e PSOL, etc.) tratam de desmontar pouco a pouco o movimento.

A ocupação da USP passou por cima da política de aborto das lutas em prol da “unidade” com os governistas defendida pelas Conlute e Conlutas, e não por acaso o PSTU teve que fazer uma autocrítica formal de sua política derrotista e de conciliação com os braços do governo Lula no movimento. No entanto, a Conlute, sob a direção majoritária do PSTU, segue à reboque do PSOL, continua favorecendo, ao seu modo, a desarticulação das lutas, organizando esta Plenária Nacional apenas após 45 dias do início da luta na USP, vanguarda do atual ascenso do movimento estudantil universitário nacional.

 

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