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Por Que a Água "Agrupada" Não Dá
Apoio a Teoria Homeopática 

Stephen Barrett, M.D.

Em 7 de novembro de 2001, com a provocação, "homeopatia não é toda bobagem", o site da revista New Scientist publicou um artigo que começa com: 

É uma descoberta acidental tão inesperada que desafia a crença e ameaça predominar no debate sobre se há uma base científica para se pensar que os remédios homeopáticos realmente funcionam. 

Uma equipe da Coréia do Sul descobriu uma dimensão completamente nova justamente para a reação química mais simples no livro -- o que acontece quando você dissolve uma substância em água e então adiciona mais água. 

A sabedoria convencional diz que as moléculas dissolvidas simplesmente se propagam de maneira cada vez mais separada conforme uma solução é diluída. Mas dois químicos descobriram que algumas fazem o oposto: elas se agrupam, primeiro como cachos de moléculas, então como agregados maiores desses cachos. Longe de vaguear separadas de suas vizinhas, elas ficam juntas.  

A descoberta atordoou os químicos, e podia proporcionar os primeiros insights científicos de como alguns remédios homeopáticos funcionam. Homeopatas repetidamente diluem medicamentos, acreditando de que quanto maior a diluição, mais potente o remédio se torna. 

Alguns diluem ao "infinito" até que não reste nenhuma molécula do remédio. Eles acreditam que a água retém uma memória, ou "marca" do ingrediente ativo a qual é mais potente que o próprio ingrediente. Mas outros usam soluções menos diluídas. . . . Os achados coreanos podem finalmente mostrar alguma maneira de reconciliar a potência dessas soluções menos diluídas com a ciência ortodoxa [1]. 

O artigo que o texto acima refere foi publicado em Chemical Communications, o periódico da Royal Society of Chemistry [2]. Uma vez que o artigo não menciona homeopatia, perguntei a um de seu autores (Kurt E. Geckeler, M.D., Ph.D.) se o estudo sugeria alguma coisa a respeito. Ele replicou: 

Conforme você declarou corretamente, a palavra homeopatia não é mencionada no trabalho original e o estudo em si não tem nada a ver com ela. Apenas declara que em diluição (mais de mM de concentração) de uma série de substâncias na água, foi observado um aumento do tamanho da partícula. Foi um estudo de laboratório -- qualquer coisa além disso é especulação nesse ponto. O que os jornalistas fazem de nossas publicações está além de nosso controle. Contudo, se confirmado, pode ter implicações em muitas áreas diferentes [3]. 

Produtos homeopáticos são preparados por diluições repetidas da substância original de modo que cada diluição é 1/10 ou 1/100 da concentração da anterior. O agrupamento de moléculas simplesmente significa que ao invés de cada diluição adotar uma amostra aleatória de moléculas em uma solução, pode adotar mais -- ou menos -- do que seria esperado com uma distribuição igual. (Em outras palavras, se moléculas de uma substância se agrupam em um lugar, haverá menos moléculas em outros lugares.) Com diluições repetidas, o número final de moléculas do "ingrediente ativo" se aproximaria do zero ocorrendo ou não o agrupamento. O agrupamento não aumentaria o número de moléculas conforme o "ingrediente ativo" é repetidamente diluído, assim o remédio não pode ficar mais forte conforme a solução se torna mais diluída. Nem o experimento do Dr. Geckeler apóia a noção absurda da homeopatia de que a água consegue se "lembrar" das moléculas que não estão mais lá.


Referências

  1. Coghlin A. Bizarre chemical discovery gives homeopathic hint. New Scientist, Nov 10, 2001, pp 4-5.
  2. Samal A, Geckeler KE. Unexpected solute aggregation in water on dilution. Chemical Communications 2224-2225, 2001.
  3. E-mail message from Dr. Geckler to Dr. Barrett, November 12, 2001.

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Artigo publicado em 23 de fevereiro de 2002.

Tradução: Gilson C. Santos
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