¥Tudo Sobre Leis Químicas
Lei da Conservação da Massa (Lavoisier)
Lavoisier mediu
cuidadosamente as massas de um sistema antes e depois de
uma reação em recipientes fechados. A figura ilustra uma possibilidade de se testar a Lei de Lavoisier em um procedimento simples. ![]() |
Provocando o contato entre as soluções
reagentes (cloreto de sódio e nitrato de prata), surge um
sólido levemente acinzentado, o precipatado de cloreto de prata
e uma solução aquosa de nitrato de sódio.
Lavoisier constatou que a massa do sistema antes e depois
da reação é a mesma.
Com base em inúmeras experiências, Lavoisier enunciou a Lei
da Conservação da Massa:
"Numa reação
química, não ocorre alteração na massa do sistema".
Soma das massas dos REAGENTES = Soma das massas dos PRODUTOS |
Ou: "Na Natureza nada se perde, nada
se cria, tudo se transforma".
É bom frisar que, depois de Lavoisier enunciar esta lei, outros
cientistas fizeram novos experimentos que visam testar a
hipótese proposta por ele e, mesmo ao utilizarem balanças
mais modernas, de grande sensibilidade, os testes confirmaram o
enunciado proposto.
Quando um pedaço de ferro é abandonado ao ar, vai se
"enferrujando", ou seja, vai sofrendo uma reação
química. Se compararmos a massa do ferro inicial com a do ferro
"enferrujado", notaremos que este último tem massa
maior.
Será que neste caso a massa não se conserva?
O que acontece é que os reagentes dessa reação química são ferro
(sólido) e material gasoso, proviniente do ar.
massa do ferro + massa dos gases (ar) = massa do ferro "enferrujado"
Como o sistema inicial
é constituído por ferro e ar, e o sistema final por
ferro "enferrujado", o aumento de massa efetivamente
não existiu.
Por essa razão é necessário utilizarmos sistemas fechados
para verificar a Lei de Lavoisier.
¬ Voltar
Lei das Proporções Definidas (Proust)
No final do século XVIII, através de
inúmeros experimentos, Proust mediu as massas dos reagentes e
produtos de uma reação e calculou as diversas relações
possíveis entre elas.
Vamos considerar a reação química de decomposição da água,
para que você possa entender como ele procedeu:
água ® oxigênio + hidrogênio
Se fizermos diversos experimentos com quantidades variadas de água pura e analisarmos as massas dos produtos, teremos o seguinte:
Água |
Oxigênio |
Hidrogênio |
|
I) |
18 g |
16 g |
2 g |
II) |
180 g |
160 g |
20 g |
III) |
9 g |
8 g |
1 g |
IV) |
45 kg |
40 kg |
5 kg |
|
|
|
Vamos fazer a relação | massa de oxigênio | |
para cada amostra de água: | ||
massa de hidrogênio |
moxigênio | 16 g | moxigênio | 8 g | |||||||||
I) | = | = | 8 | III) | = | = | 8 | |||||
mhidrogênio | 2 g | mhidrogênio | 1 g | |||||||||
moxigênio | 160 g | moxigênio | 40 kg | |||||||||
II) | = | = | 8 | IV) | = | = | 8 | |||||
mhidrogênio | 20 g | mhidrogênio | 5 kg |
Se fizermos agora a relação | massa de água | |
para cada amostra de água, teremos uma relação constante igual a 9. | ||
massa de hidrogênio |
Quer dizer que, independentemente da origem da amostra de água (de chuva, de rio, de mar), desde que pura, teremos uma proporção constante entre as massas de água, de hidrogênio e de oxigênio:
ÁGUA |
® |
HIDROGÊNIO |
+ |
OXIGÊNIO |
||
Proporção: | 9 |
: |
1 |
: |
8 |
Como há proporcionalidade entre massas envolvidas numa reação, podemos construir os seguintes gráficos:
![]() |
![]() |
Repetindo experimentos com decomposição de outras substâncias, Proust afirmou:
"Numa dada reação química, existe uma proporção constante entre as massas das substâncias participantes".
ou
"Qualquer composto, independentemente de sua origem, tem uma relação constante entre as massas de seus elementos constituintes".
Esquematicamente
|
X |
+ |
Y |
® |
Z |
+ |
W |
1ª experiência |
x1 |
|
y1 |
|
z1 |
|
w1 |
2ª experiência |
x2 |
|
y2 |
|
z2 |
|
w2 |
x, y, z, w representam as massas das substâncias X, Y, Z e W
x1 | y1 | z1 | w1 | |||
= | = | = | ||||
x2 | y2 | z2 | w2 |
Lei volumétrica de Gay-Lussac para as reações químicas
Vamos examinar alguns exemplos de medidas
de volumes de gases que participam de reações gasosas.
Como o volume de um gás varia bastante com a pressão e a
temperatura, esses gases devem estar todos em idênticas
condições para que seus volumes possam ser comparados.
Síntese do cloreto de hidrogênio
gás hidrogênio | + | gás cloro | ® | cloreto de hidrogênio | |
(I) 1 L | 1 L | 2 L | |||
(II) 0,5 L | 0,5 L | 1 L | (pressão e temperaturas constantes) | ||
(III) 50 mL | 50 mL | 100 mL |
Neste caso, temos a proporção de 1 para 1 entre reagentes, para 2 de produto.
1 |
: |
1 |
: |
2 |
Síntese da água
gás hidrogênio | + | gás oxigênio | ® | vapor de água | |
(I) 50 L | 25 L | 50 L | |||
(II) 20 L | 10 L | 20 L | (pressão e temperaturas constantes) | ||
(III) 100 mL | 50 mL | 100 mL |
Na síntese da água, temos uma relação de volumes de reagentes de 2 (hidrogênio) para 2 (oxigênio), formando 2 de água.
2 |
: |
1 |
: |
2 |
As observações experimentais de Gay-Lussac podem ser sintetizadas em uma lei.
Lei volumétrica de Gay-Lussac |
"Nas mesmas condições de temperatura e pressão, os volumes dos gases participantes de uma reação química mantêm relações que podem ser expresas por números inteiros e pequenos ". |
Observe outro exemplo:
Síntese do gás amoníaco
gás hidrogênio | + | gás nitrogênio | ® | gás amoníaco | |
(I) 3 L | 1 L | 2 L | |||
(II) 0,3 L | 0,1 L | 0,2 L | (pressão e temperaturas constantes) | ||
(III) 900 mL | 300 mL | 600 mL |
Nesta síntese, temos uma relação de volumes de 3 para 1 reagentes, para 2 de produto.
3 |
: |
1 |
: |
2 |
Atráves dos exemplos você poderá notar que o volume do gás
produto não é necessariamente igual ao dos reagentes.
Retome cada exemplo.
Síntese
do cloreto de hidrogênio
reagentes: v + v = 2v produtos: 2v
Síntese
da água
reagentes: 2v + v = 3v produtos: 2v
Síntese
do gás amoníaco
reagentes: 3v + v = 4v produtos: 2v
Com exceção da síntese do cloreto de hidrogênio, em que
houve conservação do volume, nos demais casos tivemos redução
do volume.
Os trabalhos de Gay-Lussac não puderam ter uma explicação
teórica compatível com a Teoria Atômica de Dalton. Foi
Avogrado que em 1811 explicou os resultados experimentais das
reações entre gases, valendo-se da idéia de que os gases eram
formados de moléculas que poderiam ser formados por
mais de um átomo.
Vamos representar as sínteses que utilizarmos como exemplo
através das equações que conhecemos hoje, uma vez que elas nos
permitem entender do que dependem as reações volumétricas.
É bom frisar, no entanto, que essas equações não eram
conhecidas pelos cientistas da época. Foi através do trabalho
de inúmeros estudiosos da Química que se pode chegar a elas.
Síntese do cloreto de hidrogênio
H2(g) |
+ |
Cl2(g) |
® |
2 HCl(g) |
||
+ |
® |
|||||
v |
v |
2v |
||||
volume dos reagentes = volume do produto |
Síntese da água
2 H2(g) |
+ |
O2(g) |
® |
2 H2O(g) |
|||
+ |
® |
||||||
2v |
v |
2v |
|||||
volume dos reagentes: 3v |
volume do produto: 2v |
Neste caso, dizemos que há uma contração
de 1/3, isto é, o volume do gás produto é 1/3 menor do que o
dos reagentes.
Assim:
Volume dos reagentes: 3v Volume dos produtos: 2v
Contração (absoluta): 3v - 2v = v
Em relação ao volume inicial, houve uma contração de v para
3v, ou seja:
3v - 2v |
1 |
|||
Contração (relativa) |
= |
= |
||
3v |
3 |
Síntese do gás amoníaco
|
H2(g) |
+ |
3 N2(g) |
® |
2 NH3(g) |
|||||
|
|
+ |
|
® |
|
|
||||
|
v |
|
3v |
|
2v |
|||||
volume dos reagentes: 4v |
volume do produto: 2v |
Neste caso, dizemos que há uma contração
de volume igual a ½, isto é, o volume do gás produto cai o
equivalente à metade do volume inicial (reagentes).
Assim:
vinicial - vfinal | ||
Contração (relativa) | = | |
vinicial |
4v - 2v | 1 | |||
Contração (relativa) | = | = | ||
2v |
2 |
Veja agora um exemplo de reação de decomposição, em que há expansão do volume. Trata-se da análise do Cl2O gasoso:
Cl2O |
® |
Cl2 |
+ |
½O2 |
|||
® |
+ |
Neste caso, o volume expandiu-se de ½, ou seja, o volume do produto é 1,5 vez o dos gases reagentes.
É bom lembrar
que numa reação química: o
volume dos gases pode não se conservar. |
Como a Teoria Atômica proposta por Dalton não conseguia explicar a contração de volumes observada em algumas sínteses, Avogrado formulou uma hipótese ou princípio, que foi capaz de explicar as conclusões de Gay-Lussac, através da introdução do conceito de molécula.
A proposição teórica de Avogrado pode
ser enconstrada atualmente com o nome de hipóteses, princípio
ou lei.
Este princípio, enunciado em 1811, pelo italiano Amedeo
Avogrado, pode ser assim enunciado:
"Se tivermos volumes iguais de quaisquer gases, desde que medidos nas mesmas condições de temperatura e pressão, teremos o mesmo número de moléculas". |
![]() |
![]() |
![]() |
Pressão: P Temperatura: T Gás: Cl2 Volume: x |
Pressão: P Temperatura: T Gás: NH3 Volume: x |
Pressão: P Temperatura: T Gás: H2 Volume: x |
Como Avogrado explica a lei de Gay-Lussac?
Consideramos a síntese do gás amoníaco:
3 L de hidrogênio | + | 1 L de nitrogênio | ® | 2 L de gás amoníaco |
(P, T) | (P, T) | (P, T) |
Nesta reação, o número de moléculas x
de nitrogênio combina-se com 3x de hidrogênio, dando 2x
moléculas de gás amoníaco. É a proporção de moléculas
que nos fornece a proporção de volumes, de acordo com
Avogrado.
Mas, hoje, você já sabe equacionar a reação mencionada,
usando fórmula e coeficientes de acerto. Então observe:
3 H2 |
+ | 1 N2 |
® | 2 NH3 | ||
Volume V | ![]() |
|||||
Volume V | ![]() |
Volume V |
![]() |
Volume V | ||
Volume V | ![]() |
![]() |
![]() |
Volume V | ||
3x moléculas |
x moléculas |
2x moléculas |
||||
Proporção em moléculas e em volumes: 3:1:2 |
O príncipio de Avogrado traz algumas conseqüências importantes:
a) Numa reação entre gases, os coeficientes de acerto, além de nos fornecerem a proporção de moléculas que participam da reação, dão também a proporção em volumes (em iguais condições de pressão e temperatura) que reagem e se formam.
Exemplo:
Combustão do monóxido de carbono
2CO + O2 ® 2CO2
os coeficientes: 2, 1 e 2 indicam que:
para cada duas moléculas de CO precisamos de 1
molécula de O2 e se formam 2 moléculas de CO2.
para cada xL de CO são necessários x/2L de O2
e se formam xL de CO2 à mesma P e T.
b) A proporção de moléculas
entre dois recipientes contendo gases a igual pressão e
temperatura é a proporção de seus volumes.
Exemplo:
A |
B |
|||
3,0 X 1023 |
6,0 X 1023 |
|||
Se VA = 11,2 L então | VB = 22,4 L |
|||
pois: |
NA |
VA |
||
= | ||||
NB |
VB |
NA | 3,0 X 1023 | 1 | VA | 11,2 L | 1 | |||||
= | = | ; | = | = | ||||||
NB | 6,0 X 1023 | 2 | VB | 22,4 L | 2 |
c) Como você sabe de moléculas e número
de mols se relacionam, já que 1 mol corresponde a 6,0 X 1023
moléculas, podemos dizer que a proporção em mols
entre dois recipientes contendo gases (a igual pressão
e temperatura) é a proporção de seus volumes.
Vamos examinar um exemplo:
X |
Y |
||||||||
0,5 mol de H2 | 4 mols de CH4 | ||||||||
P, T |
|||||||||
P, T |
|||||||||
Se VX = 5 L | então | V = 40 L | |||||||
pois: | nX |
VX | 0,5 mol | 5 L | |||||
= | = | VY = 40 L | |||||||
nY |
VY | 4 mols | V |
Bibliografia: Novais, Vera Lúcia Duarte de. Química - São Paulo: Atual, 1993.