15/01/2002
São João Batista do Glória - Pousada Babilônia 55,60 km
O dia anterior havia sido bem puxado. Foram 325 km de Jundiaí até São João Batista do Glória. A chuva nos acompanhou durante todo o percurso, que tinha boa parte de pista simples. Chegamos ao hotel por volta da meia-noite e, como era carnaval durante a madrugada acordamos algumas vezes com barulho. Acordamos às 7:00, nos arrumamos e fomos tomar nosso café. Como não era muito bom tivemos que ir fazer um "reforço" em uma padaria. Quando estávamos arrumando as bikes para finalmente sair descobrimos que havíamos esquecido uma coisa muito importante: o bagageiro da Cynthia! Nossa única solução, além de desistir da viagem (o que não teria a menor graça), seria levar a mochila nas costas ( o que também não teve lá muita graça). Saímos. Logo de cara uma subida para esquentar e para nos preparar para o que viria pela frente. Seguimos por 12 km na estrada que liga S. J. B. do Glória a Delfinópolis. Saindo desta estrada o terreno piorou e começaram as subidas. Depois de 10 km chegamos na entrada do Vale do Céu. Olhando de longe não era muito animador. Um monte de barracas, a galera! Mesmo assim resolvemos seguir. 1,5 km depois chegamos a uma portaria e o dono nos informou que havia camping e nos permitiu entrar para conhecer o lugar. Apesar do grande número de pessoas, o lugar é bem limpo e bem legal. É uma sequência de cachoeiras de até 10 m de altura onde é possível (quando o nível da água não está muito alto) subir e descer o rio por escadas naturais que ficam nas laterais das cachoeiras. Depois de conhecer a região fomos conversar com os proprietários que nos deram algumas dicas sobre o caminho que pegaríamos. As dicas não foram lá muito animadoras. Falaram da Serra Calçada e da Serra Branca ( que só pegaríamos no dia seguinte). Na nossa conversa descobrimos também que havíamos passado pela Cachoeira Maria Augusta... Paciência... Um pouco depois chegamos na Serra Calçada. De baixo ela impressiona, mas como não seria a primeira serra do dia... Lá fomos nós. Logo no começo percebemos o porquê do nome da serra. Ela é toda calçada com lajotas e, como nós já estávamos cansados de tanta terra, subi-la foi até que gostoso. A vista lá de cima era espetacular! Dava para ver um longo vale e montanhas com lindas ondulações. Um pouco mais para frente, entramos no Vão da Babilônia, uma formação muito bonita formada por montanhas também onduladas que formavam um vale (ou vão) de mais ou menos 500 metros de largura e muito comprido. Dá a sensação de um longo corredor natural. Chegando no vão passamos pela entrada da Cachoeira do Quilombo, mas resolvemos não entrar pois seriam 5 km para ir e 5 km para voltar (com boas subidas) e já estávamos cansados. Logo depois dessa entrada encontramos um grupo de pessoas que estava à pé para a Cachoeira do Quilombo. Uns 3 km depois chegamos à poudasa. Ela é uma casa de fazenda onde fica difícil saber quem são os hóspedes e quem são os donos. O clima do lugar era de total hospitalidade. Descarregamos as coisas e nos informaram que eram 8 km até a Cachoeira. Como ainda era cedo resolvemos almoçar e seguir sem a bagagem até lá. Para ir foi tudo bem. No final havia uma subidinha e uma longa descida que dava numa corredeira com a margem cheia de cascalho. Parecia que não tinha valido muito a pena... Tivemos que pagar 2,50 cada um para o guia nos mostrar o caminho que levava até a cachoeira. Após uma pequena trilha vimos a cachoeira. Duas quedas bem volumosas, sendo que a primeira cai de uma fenda na pedra através de uma caverna e a segunda vem logo depois dela. Valeu a pena! Para voltar para a pousada foi duro. A subida, mesmo sem a bagagem, foi bastante sofrida. Chegamos na pousada no fim da tarde e pudemos entrar no clima do lugar. Conversamos com as pessoas, conhecemos um casal de ciclistas e um grupo de trekkers (aqueles que estavam indo para a cachoeira à pé). Ainda não sabíamos muito bem o que fazer no dia seguinte e, depois de conversar com o Sr. Reinaldo (dono da pousada) e o ciclista (que tinha um GPS) optamos por ir à Casca D'Anta (uma enorme cachoeira que fica dentro da Serra da Canastra) e voltar à pousada sem a bagagem. Jantamos, pegamos os detalhes do percurso no GPS e fomos dormir. A noite foi dura pois, como acampamos do lado de fora da pousada pois não haiva mais quartos, ouvimos uma vaca mugir toda a madrugada.
16/11/2002
Pousada Babilônia - Casca D'Anta - 32 km
Acordamos literalmente com as galinhas às 6:40, tomamos um café da manhã de fazenda com tudo feito em casa (do requeijão ao café, passando por bolos e pães) e saímos às 8:20. Alguns quilômetros depois estávamos chegando na temida Serra Branca. Relamente era uma subida muito, muito forte e com pedras soltas. Empurramos em boa parte do percurso. Nos tinham informado que toda a dificuldade da ida estava na Serra Branca e que a volta seria muito mais tranquila. Mas, na verdade, depois da Serra Branca, andamos pelo chapadão com várias subidas e descidas não tão leves e por uma trilha que seguia na direção "errada" para depois voltar. Não estávamos preparados para isso e ficamos bastante abatidos. As descidas começarão a ficar cada vez mais complicadas, com mitas pedras soltas. Muito pior que muitas subidas. Finalmente, perto da 13:00 chegamos na Serra da Canastra. Paramos num restaurante, tomamos água e ali deixamos as bikes para seguir, por uma trilha, até a Casca D'Anta. A volta nos preocupava muito, pois sabíamos que seria muito dura e o tempo estava fechando. Parecia que cairia um temporal. Todos haviam nos dito que não se pode pegar chuva no Chapadão por causa dos raios. A Cachoeira Casca D'Anta é simplesmente maravilhosa! Linda! Muito alta e com um enorme volume de água. Aliás, água do Rio São Francisco que tem sua primeira queda ali. Ficamos algum tempo admirando aquele espetáculo e resolvemos voltar para o resturante. Comemos rapidamente pois o tempo só piorava. Quando saímos e vimos como estava o tempo resolvemos pedir uma carona. Não queríamos arriscar uma chuva no Chapadão, não depois de tudo que nos disseram. Conseguimos rapidamente uma carona com um grupo de jipeiros. Eles nos deixaram na pousada e, logo depois que chegamos caiu o maior pé d'água! Tínhamos tomado a decisão certa! Passamos o resto da tarde batendo papo com duas moças muito simpáticas (Liete e Peta) que são de Ibiúna. Elas se ofereceram para levar parte de nossa bagagem no dia seguinte para o hotel em São João Batista do Glória. Jantamos e fomos dormir.
17/11/2002
Pousada Babilônia - São João Batista do Glória - 38 km
Como sabíamos que o pedal seria curto não nos preocupamos em arrumar tudo tão cedo. Levantamos às 7:30, tomamos café, arrumamos nossa coisas e fomos assistir a uma reportagem que passaria (por coincidência) naquele dia no Globo Rural sobre o Vão da Babilônia. Parte da reportagem havia sido gravada ali na pousada. Com as malas arrumada e mais leves, saímos para nosso último dia. Nos depedimos de todos com dor no coração pois havíamos sido tratamos como pessoas da família. Como era esperado, pegamos algumas subidas no começo do trecho, mais depois descemos bastante. Aliás descemos muito. Ficamos impressionados com tudo que havíamos subido. No trecho final fomos ultrapassados pela Peta e pela Liete e pelo casal de ciclistas. Chegamos à pousada em S. J. B. do Glória por volta do meio-dia. Tomamos um bom banho, pegamos as coisas que as meninas haviam nos deixado e seguimos para casa. Havia terminado mias uma viagem com lindas paisagens, pessoas legais e histórias para lembrar.