Veja se você consegue entender o que virou o nosso futebol.

Saiba mais sobre o Campeonato Brasileiro

Campeonato Brasileiro de Futebol

Aí está de novo o Campeonato Brasileiro.
Tudo igualzinho como todos os anos e a história se repete.

Ricardo Teixeira, presidente da CBF fez questão de ressaltar, no dia da divulgação da tabela que o rebaixamento, de agora em diante, acontecerá sem qualquer espécie de salvaguarda para clubes de maior ou menor tradição. Palavras dele, Ricardo Teixeira.
(lembra do Bahia e do Fluminense?)

Copinha João Havelange,
uma história de bagunça
.

Nocauteados, Clube dos 13 e CBF cederam e admitiram o Gama na Primeira Divisão. A CBF implorou à Fifa que levantasse a punição ao clube brasiliense: não fosse assim seria ela, a CBF, quem sentiria na carne os rigores da entidade que comanda o esporte no mundo. Em troca, o Gama retirou as ações na Justiça que o colocavam na Série A. Pela primeira vez, o script não correu como queriam alguns dirigentes. Se não cedessem, um negócio de US$ 70 milhões iria por água abaixo. O Gama reclamou de uma decisão da Justiça Desportiva e venceu. Em linguagem popular, os mandatários do futebol brasileiro tiveram que engolir o Gama goela abaixo.

Por detrás do imbróglio jurídico que quase parou o campeonato está uma história de impunidade a alimentar viradas de mesa. Não que escândalos sejam privilégio tupiniquim. Na Europa, há casos de arrepiar, alguns escabrosos. A diferença é como a justiça é feita. No Brasil, clube grande nunca é rebaixado para a segunda divisão. Os resultados de campo sempre são alterados por alguma questão jurídica de última hora. Na Europa, há fartos exemplos de que a Justiça é para todos.

Em 1991, explodiram denúncias de compra de resultados sobre dirigentes do Olympique, de Marselha. Naquele ano, o clube mais tradicional da França havia sido campeão europeu. Resultado: o Olympique teve o título cassado pela Fifa e foi automaticamente rebaixado. Teve que ser campeão da segundona francesa para voltar ao convívio dos grandes em seu país. Na Itália, o Milan foi rebaixado duas vezes. Nem o peso de ter 102 anos e ser o mais campeão dos times italianos vergou a lei básica do ascenso e descenso. O Milan, então, foi para a segundona e voltou com resultados de campo – não no tapetão. Sua história não ficou manchada por isso, ao contrário. O mesmo se repetiu com o Torino. O grande Atlético de Madrid, de Gamarra e Hasselbank, chegou em último lugar no campeonato espanhol. A tabela da segundona já está pronta, sem direito a choro nem vela – com o Atlético incluído.

Agora, discute-se a criação de uma Liga Profissional por parte dos clubes. O desafio é construir a entidade longe dos vícios que impregnam a maior paixão nacional há décadas. Se os dirigentes conseguirem, acabarão de vez com qualquer comparação possível a Serra Leoa. E mandarão para o limbo a frase terrivelmente atual cunhada na década de 50 pelo técnico Flávio Costa: “o futebol brasileiro só evoluiu do túnel para dentro do campo”.

 

A LEI DO MAIS FORTE

Os fatos mostram que a justiça vale para os fracos ( que novidade )
1974
• O Vasco ganha na Justiça Desportiva o direito de fazer a final com o Cruzeiro, disputada em uma só partida, no seu estádio, por conta da invasão de campo de um torcedor no Mineirão, na fase classificatória. No Maracanã, os cariocas vencem. Sobram boatos de que o mando de campo foi comprado.
1982
• O Palmeiras é rebaixado. Em vez de disputar a segundona em 83, é inventada a Taça de Prata, cujo campeão somava-se aos classificados para a fase final da Série A no mesmo ano. O Palmeiras vence o torneio e, assim, volta ao grupo de elite sem jogar a segundona.
1986
• Santos e Corinthians ficam em último e penúltimo lugares. Para não serem rebaixados, no ano seguinte surge a Copa União, concebida pelos 13 maiores times do país. É o embrião do Clube dos 13.
1988
• Santos e Corinthians estão de volta à primeira divisão, organizada pela CBF, sem terem disputado a segunda divisão.
1992
• Último colocado no ano anterior, o Grêmio é rebaixado. Sua campanha na Série B, em 92, é ruim e as chances de ser campeão ou vice são quase invisíveis. O regulamento, então, é alterado: em vez de dois, sobem 12 times. Assim, o Grêmio volta à Série A.
1996
• Fluminense é rebaixado em campo, mas os clubes e a CBF recolocam o clube na Série A em 1997 por conta da tradição.
1997
• Apesar de entrar pela porta de trás, o Fluminense é rebaixado de novo. O constrangimento impede que a virada de mesa seja adotada pela segunda vez.
1999
• O Botafogo-RJ leva 6 a 1 do São Paulo, mas ganha os pontos da partida. Sandro Hiroshi atuou com inscrição irregular: tinha registro em federações de dois estados brasileiros. Os pontos salvam o Botafogo-RJ e resultam no rebaixamento do Gama.


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Entenda porque o Campeonatio Brasileiro
virou Copinha João havelange

DOSSIÊ DA CRISE

• O caso Gama-CBF-Clube dos 13 começou em novembro de 1999, quando o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) reverteu os pontos do jogo São Paulo 6x1 Botafogo devido à escalação irregular do atacante Sandro Hiroshi, baseando-se em resolução de diretoria que alterou um artigo do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol (CBDF). Assim, o Botafogo escapou do rebaixamento e o Gama caiu.
• Revoltado, o Gama apelou à Justiça Comum para ficar na Série A. Como a Fifa proíbe ações dese tipo, o clube utilizou o PFL e o Sindicato dos Técnicos de Futebol do Distrito Federal. O Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília, expediu liminar em favor do Gama. O STJ manteve a decisão.
• No dia 29 de junho, a Fifa suspendeu o Gama de qualquer competição e proibiu os outros times de manter qualquer relação esportiva com o clube de Brasília.
• Estava criado o impasse: a CBF não podia organizar nenhuma competição sem o Gama. Por outro lado, se incluísse o Gama, seria punida pela Fifa e o Brasil ficaria eliminado dos torneios mundiais, inclusive Copa do Mundo.
• Sai o acordo, finalmente: o Gama retira as ações na Justiça Comum que impediam a realização do campeonato brasileiro. Em troca, é incluído na primeira divisão. Sem ações na Justiça, a Fifa levanta as punições a Gama e CBF.
Teremos este ano o campeonato Brasileiro de novo. E com Gama, Fluminense e Bahia. É brincadeira..



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