Divulgando o Sapateado Por Aí !
~~~~~~~~ Informativo No. 358 / 26.05.2003 ~~~~~~~~~   

Como em todos os anos, a edição 2003 do "Tap Encontro Brasil",
organizado por Cláudio Figueira e que aconteceu de 22 a 25 de maio
no Rio de Janeiro com diversos eventos, permitiu mais uma vez a
integração de sapateadores de diversas origens e ampliou a
possibilidade de se compartilhar o que vem sendo criado e executado
em função do crescimento do sapateado nacional.

A jam session de música e sapateado, que aconteceu na quinta-feira
no "Bastidores", abrindo o evento, foi mais uma vez uma grande festa
de diferentes estilos e improviso rasgado, com a participação de
diversos expoentes do sapateado brasileiro e o regozijo da platéia
presente, entre praticantes, entusiastas e frequentadores do bar.

O show realizado no sábado, no Teatro Odylo Costa, na UERJ, mostrou
o que de fato uma mostra não-competitiva deve apresentar:
diversidade. Inúmeras performances com as mais diferentes intenções,
criadores, estilos musicais e coreográficos permitiu que o público
pudesse ter a chance de ser arrebatado - o que acontece com esta e
aquela performance, mas não sempre, de forma distinta para cada
espectador, para o bem da liberdade de exercermos nossos padrões
pessoais de gostos e opiniões. 

Essa é uma das mais importantes funções de uma mostra como a que o
"Tap Encontro Brasil" oferece: permitir que sejam apresentados não
simplesmente números coreográficos, mas verdadeiras chances de
"apaixonamento" tanto de quem executa quanto de quem assiste.
Independente de ser um número com acompanhamento musical ou a
capella, de ser executado por adolescentes ou adultos, de ser amador
ou profissional, em ritmos brasileiros ou em canção estrangeira,
solo ou em grande número de componentes, o mais importante é que cada
número permita a possibilidade real de que o público possa se
emocionar, seja por um arrepio, um sorriso, uma lágrima, uma
gargalhada, um comentário, um bater inconsciente de pés sob os bancos
do teatro ou a ampla intensificação do gosto por essa arte. 

É claro que nem sempre isso aconteceu e nem sempre acontecerá, mas o
fato de tanta gente ensaiar, ir para o palco e "dar a cara a tapa"
sem o stress de ansiar por uma premiação, certamente é o que pode
mover o sapateado para um futuro cada vez mais promissor -- e nada
premia mais a arte de forma incentivadora que o aplauso sincero do
público e a satisfação que deve permear cada sapateador quando se
deixa o palco após uma apresentação. A troca de experiências nos
workshops, no convívio dos bastidores e a possibilidade de poder
assistir a tantas criações distintas em noites como as que
aconteceram no Tap Encontro são importantes instrumentos para que
todos possam compartilhar as diferentes visões do que vem sendo
executado em tantos diferentes cantos do Brasil, sejam em academias,
companhias ou salas de aula. 

Felizmente, aquela ranço que tantas vezes ocorria relativo ao desejo
de alguns de se mostrar "superior" a algo que nem se define bem o que
é (justamente numa mostra não-competitiva onde isso jamais deveria
ter a chance de acontecer), este ano se mostrou cada vez menor, mais
light, para o bem do sapateado. Dançar (e dançar, e dançar) para o
prazer de quem executa e quem assiste acima de tudo, a cada ano que
passa felizmente vem sendo mais e mais o mote, talvez porque esteja
entrando no espírito dos que participam todo ano de festivais como o
"Tap Encontro" o pensamento de que o importante é criar e executar
seu trabalho da melhor maneira possível, sem a preocupação com uma
daninha e desnecessária comparação, seja por quem cria, seja por
quem executa, seja por quem assiste. Uma comunhão de boas intenções, 
em todos os sentidos.

No fundo, mais do que querer mostrar que se é um "melhor do que",
mais do que decorar ou ser simplesmente orquestrado, o que se deve
pretender sempre é "se jogar", é conquistar e ser conquistado pelo
inenarrável prazer de sapatear, aquele frêmito de passos e
combinações que soma, doma e toma não apenas toes e heels, mas
transpira por todo o corpo de quem executa, ultrapassa os limites do
palco e transpassa para a platéia que assiste. Expressividade e
coração, transbordantes, não apenas portanto simplesmente executar
sequências com correção: é isso o que pessoas como eu (vestindo a
camisa do leigo espectador que deseja ser arrebatado) esperamos ver
cada vez mais com mais e mais intensidade nos anos que estão por vir.

A mostra deste ano apresentou 10 grupos amadores e 11 profissionais,
muitos do estado do Rio de Janeiro, com importantes presenças de
outras localidades: Campinas esteve no palco com um solo da mestra
Christiane Matallo, e o estado de Minas Gerais trouxe, da cidade de
Araguari, o premiado Grupo Arabesque, do estúdio de mesmo nome, com
coreografia e participação especial da mestra carioca Cintia Martin,
ambos apresentados na sequência profissional do espetáculo. Pela
ordem de apresentação, os seguintes grupos amadores abriram a festa:

Grupo Prisma - Coreografia "Cats", de Vivian Marinho

Academia do Tap - Coreografia "Tô Saindo", de Christiane Tachlitsky

La Danse Arte e Cia. - "Baião Destemperado", de Patricia Taranto

Lyceu Escola de Dança - "Xique-Xique", de Maria Luisa Cavalcanti

Amely Pacheco Sala de Dança - "Festa no Cangaço", de Amely Pacheco

Grupo Cultural de Dança Ilha - "Young Tap", de Paula Sabbatino

La Danse Arte e Cia. - "Submundo", de Patricia Taranto e Beatriz
Coutinho

Grupo de Dança Com-Passos - "Charles Chapliniando", de Aline Gama e
Fernanda Reis

Cia de Sapateado Petite Danse - "Revolução", de Renato Valverde

Grupo de Dança Rio - "Erro de Sistema", de Carol Cavaliere

Em seguida, na parte profissional, os seguintes números foram
apresentados:

Móbile Cia. de Dança - "O Tempo", de Patricia Taranto

Academia do Tap - "Nega do Cabelo Duro", de Patricia Carillo

Ballet Cláudia Araújo - "Solidão", de Carlos Viegas

Christiane Matallo (Campinas, SP) - "Cumplicidade", de Christiane
Matallo 

Grupo Tapopular - Coreografia "Tapopular", de Luciana Belchior

Academia do Tap - "Antes que Esqueçam", de Roberta Martins

Orquestra Brasileira de Sapateado - "Longe", de Amalia Machado

Studio Arabesque (Araguari, MG) - "O Corpo do Som", de Cíntia Martin,
com participação especial de Cíntia Martin

Grupo de Dança Rio - "Siga-me", de Carol Cavaliere

Academia do Tap - "Guerreiro Menino", de Flávio Salles

Só de Sapato - "Non Sense", de Cláudio Figueira

Como de costume, os professores dos workshops internacionais deste
ano fecharam com chave de ouro a noite de apresentações. Em oito
números, Lane Alexander, Michelle Dorrance e a North Carolina Youth
Tap Ensemble, dirigida pelo mestre Gene Medler, deram um grande
espetáculo para o público presente. 

Michelle Dorrance mostrou-se mais uma vez uma virtuose de agilidade,
técnica apurada, velocidade e precisão, em coreografias solo,
sequências de improviso e também junto com a North Carolina Youth Tap
Ensemble, a jovem companhia sempre vigorosa e vibrante em números de
diversos coreógrafos, com direito a uma aplaudida aparição-relâmpago
de seu diretor Gene Medler em um dos números. O mestre Lane Alexander
apresentou três instigantes solos que permitiram mais uma vez a
percepção, por parte dos espectadores, coreógrafos e sapateadores,
que não basta apenas criatividade, talento e a execução precisa de
braços, pernas e passos: tudo deve estar envolvido por uma camada
consistente de expressividade e emoção, sinceras e contagiantes, que
causem na platéia uma crescente onda de prazer e satisfação -- o que
Lane Alexander realmente causou. Um grande show, que terminou com a
tradicional confraternização no palco unindo os convidados
internacionais e os diversos sapateadores que participaram do evento.

Parabéns, mais um ano, a Cláudio e Carmen Figueira pela sempre
esmerada organização (que ainda teve, fechando o evento, a já
tradicional apresentação com entrada franca de diversas companhias
no Recreio Shopping no dia 25), parabéns a todos os que participaram
do evento. Congratulações a todos por mais um Dia Internacional do
Sapateado, comemorado no dia 25 de maio não somente no Rio de 
Janeiro mas em todo o Brasil.

~~~~~~~~ Divulgando o Sapateado por Ai' ! ~~~~~~~~~   

Um abraço a todos e votos de uma excelente semana,

Marcelo Batalha

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"Ah! A vida! Quantas vezes nossas queixas beiram 
o insuportável, quantos problemas nos parecem 
insolúveis e as esperanças (ah! As esperanças!) 
como se assemelham a palidas chamas de velas 
em final de pavio...." (Picasso)
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  DIVULGANDO O SAPATEADO POR AI 
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  Informativo periodico, sem fins lucrativos, a nao 
  ser o engrandecimento do sapateado brasileiro.
  Criado em abril de 1998 - Editor: Marcelo Batalha 
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