ALMEIDA GARRETT

 
 
É o escritor mais completo de todo o séc. XIX, 
porquanto nos deixou obras-primas na poesia, no 
teatro e na prosa, inovando a escrita e a composição 
em cada um destes géneros literários. 

Nasceu em 1799 no Porto e faleceu em Lisboa em 
1854. Na infância recebeu uma formação religiosa e 
clássica. Conclui o curso de Direito em Coimbra, 
onde adere aos ideais do liberalismo. Em 1823 é 
obrigado a exilar-se em Inglaterra (após a subida ao 
poder dos absolutistas), onde inicia o estudo do 
romantismo (inglês), movimento artístico-literário 
então já dominante na Europa. Regressa em 1826 e 
passa a participar na vida política; mas teve de 
exilar-se novamente em Inglaterra em 1828, depois 
da contra-revolução de D. Miguel. Em 1832, na Ilha 
Terceira, incorpora-se no exército liberal de D. Pedro 
IV e participa no cerco do Porto. Exerceu funções 
diplomáticas em Londres, em Paris e em Bruxelas. 
Após a Revolução de Setembro (1936) foi Inspector 
Geral dos Teatros e fundou o Conservatório de Arte 
Dramática e o Teatro Nacional. Com a ditadura 
cabralista (1842), Garrett é posto à margem da 
política e inicia o período mais fecundo da sua 
produção literária. Com a Regeneração (1851) 
recebe o título de visconde e é nomeado Ministro dos 
Negócios Estrangeiros. 

Tem o grande mérito de ser o introdutor do 
Romantismo em Portugal ao nível da criação textual 
- processo que iniciou com os poemas Camões 
(1825) e D. Branca (1826). Ainda no domínio da 
poesia são de destacar o Romanceiro (recolha de 
poesias de tradição popular cujo 1.º volume sai em 
1843), Flores sem Fruto (1845) e a obra-prima da 
poesia romântica portuguesa Folhas Caídas (1853) 
que nos dá um novo lirismo amoroso. Na prosa, 
saliente-se O Arco de Sant'Ana (1.º vol. em 1845 e o 
2.º em 1851), romance histórico, e principalmente as 
suas célebres Viagens na Minha Terra (1846). Com 
este livro, a crítica considera iniciada a prosa 
moderna em Portugal. E quanto ao teatro, deve-se 
mencionar Um Auto de Gil Vicente (1838), O 
Alfageme de Santarém (1841) e sobretudo o famoso 
drama Frei Luís de Sousa (1844). No domínio da 
pedagogia escreveu o tratado Da Educação (1829) e 
no da política devemos citar Portugal na Balança da 
Europa onde chega a prever uma federação 
peninsular para resolver a crise do país. 
 

Bibliografia: 
Andrée Crabbé Rocha, O Teatro de Garrett, 2.ª 
edição, Coimbra, 1954 
Ofélia M. C. Paiva Monteiro, A Formação de Almeida 
Garrett, Coimbra, 1971 
António José Saraiva, "O Conflito dramático na obra 
de Garrett", in Para a História da Cultura em 
Portugal, Vol. I, 4.ª edição, Lisboa, Bertrand, 1978, e 
três artigos incluídos na mesma obra, Vol. II, 4.ª 
edição, Amadora, Bertrand, 1979 
David Mourão-Ferreira, "A poesia confidencial das 
Folhas Caídas" in Hospital das Letras, 2.ª edição, 
Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, col. 
Estudos Portugueses, 1981 
Jacinto do Prado Coelho, "O sincero fingido?" in Ao 
Contrário de Penélope, Venda Nova, Bertrand, 1976 
Jacinto do Prado Coelho, "Garrett Prosador" e 
"Garrett, Rousseau e o Carlos das Viagens" in A 
Letra e o Leitor, 2.ª edição, Lisboa, Moraes Editores, 
1977 
José-Augusto França, "Garrett ou a Ilusão Desejada" 
in O Romantismo em Portugal, 2.ª edição, Lisboa, 
Livros Horizonte, 1993

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