Memória do número anterior
A perspectiva de luita nos asteleiros do Estado espanhol
Índice:
2. Asteleiros.
2.1. A vindeira
luita interna do proletariado: o repontar do sindicalismo vs. a criaçom de
novas formas de organizaçom.
a) A táctica
oportunista dos sindicatos depois da reestruturaçom.
b) A acentuaçom
da estratificaçom dentro do proletariado e o carácter reaccionário da adesom ao
sindicalismo.
c) A mistificaçom
reformista da consciência de classe.
d) A superaçom da
dependência dos sindicatos: desenvolver novas formas de organizaçom. A rede de
grupos obreiros como modelo.
2.2. A demagogia
sindical: a 'defesa do sector público' e o 'frentismo' nacionalista.
2.3. O futuro
dos asteleiros para o proletariado. A luita pola sobrevivência dos asteleiros
civís.
2.
Asteleiros.
2.1. A vindeira luita interna do
proletariado: o repontar do sindicalismo vs. a criaçom de novas formas de
organizaçom.
Como já apontavamos no número anterior, e a situaçom actual e certas declaraçons
sindicais o confirmam, a questom do carácter burguês do sindicalismo vai-se
converter mais que nunca num problema prático de primeira orde para os
proletários do sector naval.
a) A táctica oportunista dos
sindicatos depois da reestruturaçom.
Depóis da actual reestruturaçom as plantilhas da empresa estatal
quedarám em 7.000 trabalhadores, mentres que os trabalhadores de empresas
"auxiliares" contam-se polos 30.000. Todo indica, pois, que a partir
de agora os chefecinhos sindicais, e especialmente as fracçons sindicais de
esquerda, entregarám-se mais que nunca à labor de controlar aos obreiros
subcontratados, promovendo todos os mecanismos de integraçom possíveis,
particularmente a eleiçom de delegados sindicais.
Naturalmente, como sabe qualquer obreiro cum mínimo de inteligência, os
delegados sindicais nom som umha saída e somentes tenhem utilidade aparente, em
virtude do seu poder para outorgar vigência legal a acordos forçados pola
luita. Mas, o que nom se tem tam claro, é que este poder nom é um poder que
provenha da legalidade, senom um poder que procede das plantilhas que o
elegeram, e ao que legalmente renúnciam ao conferi-lo a delegados oficiais.
Deste modo, os delegados podem assinar acordos e representar legalmente aos
trabalhadores independentemente da sua vontade e plantejamentos colectivos.
Esta é a razom fundamental que possibilita que se convirtam em agentes do
capital ou, quando menos, em instrumentos impotentes -precisamente porque, a
mesma existência do seu poder, implica, de facto, a auto-anulaçom da capacidade
de iniciativa do conjunto-. A relaçom entre base e delegados sindicais
consiste, por natureza legal e pola dinámica favorecida polos sindicatos -sem
os quais os delegados isolados carecem de resortes jurídicos-, em reempraçar
nos trabalhadores o compromisso activo e consciente na luita em comum polo
apoio passivo e a fidelidade aos seus representantes sindicais.
b) A acentuaçom da
estratificaçom dentro do proletariado e o carácter reaccionário da adesom ao
sindicalismo.
Previsívelmente, co incremento absoluto das plantilhas de empresas
auxiliares em actividade constante nos asteleiros, crescerá tamém a capa de
trabalhadores/as precarizados numha situaçom de trabalho estável ou mesmo que
passem já a contratos indefinidos. Esta capa, caracterizada ademais pola
elevada qualificaçom, pode bem entregar-se fortemente às ilusons sindicais,
sobretudo a falta doutros horizontes. A estabilidade laboral, ao acostumar ao
trabalhador a estar numha mesma empresa e a umhas condiçons de vida estáveis,
dentro do promedio ou superiores à media, proporciona a base objetiva para a
ilusom de que é possível e tem pleno sentido lograr pequenas reformas meiante
luitas imediatas e de que, para isso, podem server os mecanismos de representaçom
e acçom institucionalizados, a luita no marco da empresa, etc.. Nom obstante,
esta forma de consciência implica umha ausência de compreensom das condiçons
actuais da luita de classes, ou umha atitude de subestimaçom da capacidade da
classe para a acçom consciente (justificada com valoraçons derrotistas, ou
incluso como mera expressom de individualismo e aspiraçons dirigistas).
Nesta situaçom vai-se fazer mais evidente, portanto, que hoje -e ista é
umha contradiçom própria da época actual, na que o velho movimento obreiro
amossa-se cada vez mais inoperante e, namentres, nom existe um novo movimento
que o supere- as cousas estam a tornar-se no seu contrário:
1º) os elementos mais conscientes e organizados da classe obreira
constituem numha grande parte um polo reaccionário, salvo umha pequena parte
que busca sinceiramente superar as características reformistas e degenerativas
das organizaçons existentes, ou que busca incluso criar outras novas, mas que
carece dumha compreensom do alcanço do problema;
2º) os elementos desorganizados dividem-se, pola sua parte, entre umha
minoria consciente que nom se organiza por rejeitamento das velhas organizaçons
obreiras e os seus métodos, e umha maioria que nom se organiza nem luita por
mera carência de consciência de classe. Esta maioria, é preciso compreende-lo,
nom é o produto da simples alienaçom social e ideológica do capitalismo, mas é
principalmente o produto da degeneraçom e descomposiçom do velho movimento
obreiro e da sua forma de consciência de classe -e só com estruturas
organizativas permanentes pode a consciência de classe adquirir umha extensom
de massas-. Por suposto, as velhas organizaçons obreiras, principalmente os
sindicatos e partidos políticos, constituem sempre suportes de formas de consciência
prática "obreira" (aderida e misturada à sua vez com tendências
ideológicas particulares), mas estas formas de consciência tenhem um carácter
alienado e amoldado à sociedade burguesa, som reformistas, ou seja,
capitalistas. A autodenominaçom destas formas de consciência como
"consciência de classe" somentes é correcta dum ponto de vista
formal, nom do ponto de vista do conteúdo: @ obreir@ pensa como obreir@, mas
nom como sujeito independente, senom como mercadoria e possuidor privado desta -a
sua própria força de trabalho-, e isto nom cambia polo facto de que forme
associaçons corporativas, que nom som outra cousa que umha associaçom de
indivíduos privados para a defesa das suas propriedades particulares.
Em resumo: hoje o sector mais avançado do proletariado encontra-se
desorganizado, mentres que o sector organizado, com ter aparentemente maior
consciência que o resto, exerce nom obstante um papel reaccionário.
A confusom reinante acerca disto favorece que os representantes ou
membros das velhas organizaçons podam apresentar-se ainda como estando
"por acima" da consciência do verdadeiro sector avançado do
proletariado. Tentam assi que este adira de novo às práticas caducas,
recupera-lo para o velho movimento. Mas esta confussom tem duas bases: 1º) a
dependência material das velhas organizaçons, que radica na desorganizaçom, e
2º) a mistificaçom reformista da consciência de classe.
c) A mistificaçom reformista
da consciência de classe.
A idea de que o reformismo nom implica formas de consciência capitalista
nom se sustenta em nengumha análise dos conteúdos reais. O velho movimento
obreiro transformou o capitalismo, mas somentes para permitir à classe obreira
existir como parte de el. O seu objetivo, do ponto de vista dos seus resultados
históricos reais -nom das ilusons que se puidessem fazer os seus participantes
e dirigentes-, foi realizar a identidade entre capital e trabalho, e a sua
funçom social a auto-regulaçom da economia capitalista. Era, como dizia Paul
Mattick, "um movimento capitalista de obreiros". A sua
"consciência de classe" era umha consciência d@s obreir@s como classe
para o capital, nom ainda umha consciência de si mesmos como classe, umha
consciência do antagonismo irreconciliável que nos enfrenta ao capital e nom
umha consciência mercantil que considera a oposiçom trabalho-capital como umha
questom resolúvel meiante a negociaçom.
Dado o seu conteúdo real, quando o capitalismo está em declive e,
portanto, o próprio reformismo volta-se cada vez mais incompatível coa
existência do capitalismo, estas formas de consciência "obreira"
tenhem que amossar-se tanto mais plena e imediatamente como o que som: formas
progressivas dentro do capitalismo, mas reaccionárias da perspectiva do
comunismo, da autolibertaçom da classe obreira. E quanto menos podem
desenvolver esse aspecto progressivo, porque o capitalismo o impossibilita ou
suprime práticamente, mais se ressalta o seu aspecto reaccionário. Todo isto
sem mencionar que o próprio capital integra às estruturas sindicais e
partidárias que resultam relevantes para o controlo da força de trabalho,
principalmente através do Estado, e impossibilita que qualquer organizaçom
enquadrada no marco legal poda atacar significativamente os interesses do
capital, obrigando-a a reduzir-se ao reformismo (coa careta que se queira, já
pode ser a mais vermelha e radical) ou destruindo-a antes de que poda ser
realmente perigosa.
Respeito disto último, e contráriamente ao que pensam @s anarquistas,
abster-se de ter delegados sindicais ou da participaçom parlamentar nom altera
estes limites; todo o processo repressivo contra o independentismo vasco
ilustra mui bem qual é a política da burguesia a respeito da liberdade de
organizaçom e acçom, e que neste caso o justifique polo terrorismo é umha
questom secundária; para a burguesia terrorismo e acçom revolucionária som
práticamente sinónimos -e o pacifismo vulgar sinónimo de ingenuidade e
estupidez-. As organizaçons sindicais e partidárias minoritárias da extrema
esquerda nom escapam deste estado de cousas. Quem nom compreende hoje isto, nom
tirou as leiçons da época da ditadura franquista e vive na ilusom democrática.
Por todo o dito, o legalismo em geral é já, além dumha integraçom
fáctica no sistema, um indicativo da perspectiva política e das finalidades práticas
reais da organizaçom, estejam ou nom em contradiçom coa sua ideologia e
declaraçons. A luita de classes nom se alimenta de ilusons, as ilusons
significam a derrota e logo a repressom.
d) A superaçom da
dependência dos sindicatos: desenvolver novas formas de organizaçom. A rede de
grupos obreiros como modelo.
Voltemos agora sobre a perspectiva sectorial do naval.
Se a política oportunista dos aparelhos sindicais cala entre os trabalhadores
de auxiliares, entom tamém a ruptura cos sindicatos -que já existe até certo
ponto entre eles- terá que resituar-se num plano radical e definitivo. Até o de
agora as formas de consciência anti-sindicalistas e pola autonomia de classe
estavam ainda num estado difuso, e o suficientemente inconcretas a nível
organizativo como para cair baixo a pressom dos aparelhos sindicais umha vez o
clima de luita é inexistente. Pois, ainda que se seja consciente de que a
utilidade dos sindicatos é exigua, e que expropriam aos obreiros mesmos o
controlo da sua própria luita, nom se sabe tampouco claramente como fazer
frente e reempraçar as estruturas sindicais como organismos de centralizaçom de
forças e de orientaçom de classe. Isto somentes pode realizar-se criando novas
formas de organizaçom permanentes que, ainda que naszam à calor de luitas,
podam manter-se -incluso embrionáriamente- nos períodos de refluxo.
Do nosso ponto de vista, o elemento básico e o núcleo da actividade
destas novas formas de organizaçom devem ser os grupos autónomos. Grupos
cum tamanho reduzido, que permitam o contato quotidiano e constante entre os
trabalhadores e que se baseem no compromisso activo e directo coa perspectiva
de classe. Estes grupos autónomos elegem um delegado para coordenar-se e
comunicar-se entre si, formando umha rede de grupos. Esta forma é
flexível e permite tomar decisons rápidamente, sem necessidade das tradicionais
e rígidas assembleas de massas, impossíveis em condiçons normais dentro dos centros
de trabalho e facilmente manipuláveis polos sindicaleiros. Por outra parte,
esta nova forma de organizaçom elementar nom é nada essencialmente novo: é a
formulaçom consciente da que já é a forma prática, espontánea e mais
inteligente, na que se desenvolve de facto o processo horizontal de discussom e
coordenaçom para a luita dentro dos centros de trabalho.
Os trabalhadores tendem a formar grupos por área de trabalho e por
afinidades, e estes grupos enlaçam-se uns com outros establecendo comunicaçom.
As áreas de trabalho constituem o território básico dos respeitivos grupos. Os
grupos que se vem formando em funçom da sua afinidade na perspectiva de classe
podem unir-se, à sua vez, criando núcleos cumha consciência avançada,
organizados tamém em rede para cumprir umha funçom de orientaçom para co resto.
Se estas tendências se formalizam, o que temos é, por umha parte, umha rede de
grupos distribuidos por áreas de trabalho, que funciona como umha assemblea
flexível e se unifica com base em objetivos gerais, e por outra parte, um
núcleo ou núcleos avançados que se unem em funçom da sua visom da luita de
classes e exercem umha funçom orientativa nas luitas. Distinguiremos, nom
obstante, entre "rede de grupos obreiros" como forma de organizaçom
do movimento em conjunto, e "núcleos avançados" como agrupamentos
militantes nom limitados às tarefas e objetivos das luitas imediatas.
As redes de grupos existentes formarám unions obreiras a nível de
seiçom, fábrica ou empresa, até abrangir o complexo de produçom (incluindo
todas as fases de produçom e tamém a distribuiçom). À sua vez as unions
obreiras de complexo podem unir-se em federaçons. O princípio essencial da rede
de grupos é luitar nom com base na identidade co tipo de trabalho (ofício,
ramo) nem coa empresa, senom adoptar como território o processo material que
constitue a base real do processo de valorizaçom do capital no seu conjunto,
para ataca-lo como totalidade em lugar de fragmentáriamente. Trata-se, assi, de
concentrar toda a potência de luita do proletariado contra o verdadeiro
objetivo: o processo do capital como um todo.
Coa actual descentralizaçom e diversificaçom da organizaçom do processo
económico, este princípio aplica-se tanto aos processos produtivos que se
centralizam num único centro de trabalho, como o dos asteleiros, como aos
processos mais descentralizados, nos que as interrelaçons produtivas entre as
empresas e as fases produtivas realizam-se coa meiaçom do transporto e podem
compreender localizaçons territoriais mui distantes, mesmo até situar-se em
diferentes países e continentes.
Mas voltemos ao terreo mais imediato e prático. A diferência dos
sindicatos, estas formas de organizaçom nom só nom som formalmente
burocráticas, no sentido de que baseam a toma de decisons na democracia
directa, senom que, de facto, a democracia directa é a sua forma normal e
permanente de actividade, além dos momentos soltos da toma de decisons. Nom se
limitam a reunir-se umha vez ao mês para, fóra do trabalho, participar em tomas
de decisons, senom que essa actividade de reuniom e discussom se desenvolve de
jeito versátil e continuado, realmente vivo, quotidianamente, coa participaçom
directa de tod@s. Som a forma que precisamos para superar os sindicatos e
elevar a consciência de clase geral em sentido revolucionário. Somentes deste
modo superarám-se definitivamente as dependências objetivas que atam
individualmente ou por empresas aos proletári@s aos sindicatos, e que permitem
a manipulaçom das assembleas e o controlo burocrático das luitas.
Contudo, toda questom referente às formas de organizaçom e à sua
configuraçom e funcionamento concretos deve estar sujeita às necessidades e à
apreendizage práticas. Nós nom defendemos dogmáticamente formas de organizaçom
predeterminadas, mas si pensamos que é imprescindível molhar-se em tomar umha
posiçom coerente, porque a organizaçom de classe nom se cria ela soinha. Que o
proletariado crie as suas formas de organizaçom de modo espontáneo, nom
significa que a sua "espontaneidade" seja algo inconsciente. A idea
de que as acçons espontáneas som irreflexivas parte de considerar que a
espontaneidade é um "deixar-se levar" sem pensar onde se que vai
acabar. Quem pensa assi pensa como um intelectual, nom como um obreiro, que
está habituado a afrontar sempre trabalhos diversos e tem que pensar antes de
actuar e corregir logo os seus erros com base na prática e durante o próprio
processo de trabalho. (Certamente a tendência à desqualificaçom do trabalho
tende a suprimir isto, a voltar mecánico o trabalho, mas entom o resultado é,
simplesmente, que "nom se pensa".)
2.2. A demagogia sindical: a
'defesa do sector público' e o 'frentismo' nacionalista.
Dentro da lógica da "defesa do sector público" está o
trasfundo da cultura social-demócrata e leninista cujo ideal é a propriedade
estatal dos meios de produçom. Estas ideas cobram nova força num contexto de
crise -real ou aparente-, e reaparecem assi na escea da luita de classes, da
que foram varridas históricamente polo capitalismo mundial. Naturalmente,
fai-se imprescindível lavar a cara destas ideas, afirmando que a sua ligaçom
coa gestom burocrática e as suas conseqüências é falsa e que, em qualquer caso,
devem ir unidas a umha "participaçom dos trabalhadores" na gestom.
Estas ideas, que podem chegar incluso a ser assumidas tácitamente polos
anarco-sindicalistas -somentes que reivindicando umha "auto-gestom"-,
esquecem-se de que a crise, ou bem é irreal (como se demonstra no caso dos
asteleiros, pois agora semelha nom existir impossibilidade algumha para lograr
carga de trabalho, todo o problema se reduz a cojunturas de mercado) ou bem,
sendo real, obedece a causas intrínsecas ao próprio sistema capitalista e nom
podem resolver-se coa propriedade estatal. A reivindicaçom da estatalizaçom
significa, na prática, reivindicar do Estado burguês, do Estado que representa
os interesses do capital, a política de precarizaçom e degradaçom absolutas do
trabalho assalariado e das nossas condiçons de vida, bem baixo a covertura do
"neoliberalismo", bem baixo a do "social-liberalismo" ou
qualquer outra, reivindicar-lhe a este Estado que defenda os interesses do
proletariado. Tal absurdidez e demagogia somentes pode ocorrer-se-lhes a
elementos esquerdistas que vem a realidade baixo o prisma de ideologias mortas.
Por outra banda, saem ao passo da reestruturaçom os sindicalistas das
pátrias oprimidas, ou seja, os que em lugar de integrar-se co grande capital
estatal querem integrar-se mais bem coas burguesias periféricas e defender o
capitalismo "oprimido" por "Espanha". O caso que
directamente nos incumbe é o da Confederaçom Intersindical Galega, que,
naturalmente, foca o seu rejeitamento do plano porque suprime postos de
trabalho, mas nom quaisquer postos de trabalho, senom postos de trabalho
"galegos", já que "o acordo favorece claramente às factorias
andaluzas", "introduce a Puerto Real no mercado militar", nom
tem em conta "as graves repercusións que terá para o conxunto da economia,
non só de Ferrol e da sua área de influencia senon de todo o país, polo seu
carácter estratéxico." (Ver: "A CIG non asina o acordo da SEPI porque
aboca ao desmantelamento dos centros de IZAR Ferrol e Fene", 18 de
Decembro de 2004.)
De repente, os defensores da "classe obreira galega"
ilustram-nos coa sua defesa do capitalismo, isso si, bem ancorado na Galiza, e
especialmente se tem um "carácter estratégico", bem definido polo
carácter históricamente colonial que tem a indústria naval militar. De repente
o que importa é a "pátria", ou seja, o capitalismo galego. A defesa
dos postos de trabalho polos sindicatos e a defesa do capitalismo som as duas
caras da mesma moeda, porque cumha prática reformista nom se podem defender
realmente os postos de trabalho, senom que se assume a relaçom capital-trabalho
e se subordinam as necessidades da classe obreira aos imperativos do capital. A
única razom pola que a CIG se opóm a este plano de reestruturaçom, como a os
que lhe precederam, é por motivos políticos, pola sua táctica de oposiçom ao
sindicalismo "espanhol", rasgo que, efectivamente, é a sua única
diferência essencial co seu sindicalismo, aparte da sua distinta vinculaçom
partidária -e, a este respeito, semelha que os independentistas de Nós-UP, a
base de esforços, tenhem tamém logrado os seus postos na CIG: claro que a custe
de confundir-se co resto de burócratas, como sempre acontece co
"entrismo" (e mais se está adereçado cum "frentismo
nacional")-.
Certamente, Ferrol é umha das zonas mais afectadas por esta
reestruturaçom e as precedentes. O próprio carácter colonial do capitalismo
estatal veu-se notando aqui fortemente, cada vez que fazia carregar o maior
peso das sucessivas "reconversons" sobre os asteleiros da ria de
Ferrol, especialmente sobre Astano. Mas o carácter burguês do nacionalismo
sindical pode perceber-se tamém neste aspecto. A CIG nom se opuxo sériamente
nem a este nem ao anterior plano de reestruturaçom dos asteleiros; isto nom se
explica por falta de capacidade frente a CCOO e UGT, senom pola sua política de
integraçom co capital (que no seu caso concentra-se no ámbito galego, isto é,
coa patronal galega e coa Xunta de Galiza, mas que tamém recebe amplas
subvençons do Estado). Umha verdadeira oposiçom ao plano teria passado por
declarar a luita de classes contra CCOO e UGT, mas, por suposto, nada mais
longe das pretensons da CIG. A táctica da CIG é mais cómoda: primeiro permite
as traiçons e logo apresenta-se como a porta-voz dos traiçoados, em nome da
"combatividade" sem conteúdos e da identidade nacional.
A demagogia da CIG consiste em apresentar a CCOO e UGT como sindicatos
alheos a causa do seu carácter nacional e explicar as suas traiçons a partir
disto. Assí, resulta que CCOO e UGT "promovian moitisimas mobilizacións
no resto do Estado, em Ferrol resultaron un freo. Ademais, a súa posición
asinando coa SEPI este acordo constata definitivamente que non tiveron en
conta, en ningún caso, nin a Galiza nin aos estaleiros galegos."
(ibid.) Como fixemos notar no artigo do número 2 de Ígneo, as mobilizaçons
proletárias mais importantes do resto do Estado estiveram fortemente
determinadas polo impulso desde abaixo da classe obreira mesma, ainda que,
incluso as mais dotadas de iniciativa, nom se sairam da estratégia de
negociaçom liderada polos sindicatos dominantes. É umha simples mentira
apresentar aos que assinam convocatórias como os realmente determinantes dessas
mobilizaçons. Por outra banda, as posiçons de CCOO e UGT e do governo em
absoluto tenhem deixado de "ter em conta" "a Galiza" e
"aos estaleiros galegos". Se nom a tivessem em conta nom adoptariam a
soluçom de integrar o asteleiro de Fene co de Ferrol. Em realidade, o governo
PSOE tivo o assunto mui em conta polas suas repercusons sociais e políticas,
especialmente porque lhe puidessem supôr um pau, e tamém no aspecto económico.
As economias "periféricas" estám para o que estám: para carregar co
peso dos reajustes capitalistas. E em primeiro lugar nom sobre os capitalistas
coloniais, senom sobre o proletariado colonial.
Assi as cousas, o futuro do asteleiro de Fene depende da luita
proletária contra o Estado existente, cujo carácter nacional se reduz à defesa
dos interesses "nacionais" dos grandes capitalistas, e nom contra as
pantasmas "nacionais" inventadas polos servidores da burguesia
galega. Por suposto, a CIG é mais "radical" que CCOO e UGT, mas quem
a estas alturas nom reconheça nisto umha mera forma de oportunismo, e na
apologia da "combatividade" umha forma de camelar aos trabalhadores
para logo deixa-los tirados, é que nom tem presente a prática real da CIG. As
pintadas aparecidas em Ferrol co lema "CIG no" som umha expressom
desta realidade consumada.
2.3. O futuro dos asteleiros para
o proletariado. A luita pola sobrevivência dos asteleiros civís.
Evidentemente, o acordo de reestruturaçom nom considera nengum plano de
futuro e outras estupideces sindicalistas. Precisamente porque o que pretende é
abaratar os custes laborais, incrementando o volume do trabalho precarizado, e
porque, por outra parte, está constantemente pressionado desde o capitalismo
europeu -pressom à que nengum governo da burguesia espanhola vai opôr-se
seriamente, dado que à própria burguesia em conjunto lhe interessa mais
contratar barcos mais baratos em asteleiros doutros países-. Do que se trata,
em definitiva, é de reduzir ao máximo os custes laborais, e para isso querem
tamém empresas auxiliares que sejam mais "eficientes", ou seja, que
explotem mais e melhor aos seus trabalhadores/as. Este é o único objetivo, e o
que corroboram as sucessivas reestruturaçons, as quais somentes lhes parecerám
um "fracasso" aos que se podam crer, ainda, que os partidos que votam
nas eleiçons ao parlamento vam representar os seus interesses e nom os do
capital.
Se depois de todas as reconversons hai algum que ainda cree que o PSOE é
um partido "obreiro" mas que está "pressionado polo
capital" somentes se lhe pode dizer umha cousa: es um imbécil, ou pior, te
"fas" o tonto. Os partidos nom definem o seu carácter de classe pola
sua composiçom ou base social, senom pola sua prática real, que é em torno ao
qual se agrupa essa base social: o PSOE pode, realmente, representar a umha
parte do proletariado, mas somentes entanto estes/as proletári@s pensem e
actuem de modo burguês, como membros efectivos da sociedade burguesa e cidadáns
do Estado capitalista.
Os asteleiros civís de Gijón, Sestao e Sevilha, junto coa fábrica de
Manises, quedam pendentes dumha venda em bloco, prevista para próximos
messes, mas que como tal será seguramente inviável. Provavelmente os
trabalhadores sofrerám, agora mais isolados, a ameaça do peche se nom aceitam
umha privatizaçom por separado. As suas perspectivas de luita serám mais
difíceis, ainda que já existem tendências que chamam a umha luita conjunta em
vistas da persistência de problemas de carga de trabalho e da incertidume a
respeito da privatizaçom.
Hai que destacar que a futura privatizaçom suprimirá a obriga de
devolver as ajudas declaradas ilegais, o qual, somado às informaçons
procedentes de ex-directivos de Izar que asseguram que o "plano de
desintegraçom de Izar" já fora preparado polo PP (Ver: Suplemento de El
Mundo, núm. 253, decembro do 2004. O artigo "El fin de Izar pone en
peligro a los astilleros comerciales", por Miguel Morer), leva-nos a tirar
umha clara conclusom: o governo do PSOE utilizou a sabendas a excusa da
devoluçom das ajudas para justificar a "desintegraçom de Izar" com
base em motivos de supervivência económica.
Por outra parte, o asteleiro de Fene nom está, pese às apariências,
numha situaçom diferente. Em realidade, seria melhor umha privatizaçom que o
que acontecerá se nom se luita consequentemente: que se convertirá num mero
apêndice do asteleiro de Ferrol, numha dársena, e a sua actividade produtiva
habitual se reduzirá práticamente às reparaçons.
Em fim, as possibilidades de luita para os asteleiros que tenhem saído
pior parados som agora mais débiles que antes, mas somentes se pode ver nisto
umha impossibilidade real quando se consideram os problemas isolada e
fragmentáriamente. O problema da classe obreira no sector naval é o problema da
precarizaçom e da sobreexplotaçom, expressom da dinámica decadente do
capitalismo mundial. A luita unitária sempre tem cabida para a classe obreira
consciente, mas esige abandonar o sindicalismo por completo: organizar-se por
complexos de produçom sem distinçom de categorias, empresas e ramos, de maneira
assembleária e com estruturas de direcçom eleitas democráticamente sem
profissionais do sindicalismo nem delegados sindicais, de modo que o poder real
resida sempre no proletariado mesmo; empreender acçons cum carácter e
orientaçom simultáneamente económica e política, sectorial e geral, isto é,
contra o capital e o Estado, contra o capital sectorial e o capitalismo em
conjunto. Somentes deste modo, unindo aos proletários de todo o sector naval do
território estatal, especialmente aos que som a maioria e os mais perjudicados
polas políticas de reestruturaçom, os trabalhadores das empresas auxiliares e
os fixos dos asteleiros em situaçom precária, se lhe podem parar os pés ao
Estado capitalista.
Mas para isso é necessário ter claro que o Estado existente nom é outro
que o Estado da Ditadura do Capital, que a democracia parlamentar é a
democracia para a burguesia e que a democracia obreira somentes pode ser a
criaçom do proletariado mesmo através da sua luita e do desenvolvimento da sua
consciência revolucionária. Todo isto pode parecer excesivamente dificil,
incluso, nas condiçons actuais de organizaçom e consciência, irrealizável. Mas
cruzar-se de braços em nome do "mal menor", ainda que para alguns
poda ser umha saída temporal, para a maioria somentes nos conduzirá a um
resultado: a um futuro de explotaçom cada vez mais brutal e despiadada, mesmo a
"cruzar-nos de braços" indefinidamente -no isolamento do paro
crónico-.
A luita final é agora. Isto nom é umha declaraçom teórica. É umha
consigna prática. Xurde do reconhecimento da realidade histórica que estamos a
viver. O carácter mundial dos problemas que sofre o proletariado hoje nom é um
acidente, significa que estes problemas som a forma que toma a decadência do
capitalismo, que nos está esmagando.