Memória do número anterior
As luitas proletárias na Alemanha
Índice:
1. Alemanha.
1.1. A situaçom geral do movimento
proletário na Alemanha.
1.2. A situaçom dos obreiros da
Opel
1.3. A derrota da folga de Opel e as
análises da CCI.
a) A teoria da extensom.
b) A mistificaçom e
ideologizaçom da realidade pola CCI.
c) Como conclusom, a reafirmaçom
do ponto de partida.
1. Alemanha.
1.1. A situaçom geral do movimento proletário na Alemanha.
Este inverno @s proletári@s alemans tenhem comprovado as verdadeiras
conseqüências da restricçom do seguro de desemprego, namentres a alta taxa de
paro e a crise da economia alemá semelham nom alterar-se por isso. Estas
dificultades para sair da recessom explicam-se porque a causa da crise
económica nom som os custes da força de trabalho, senom a tendência mundial do
capitalismo a destruir a sua própria rendabilidade.
Quanto mais se desenvolvem as forças produtivas, mais batem contra as
relaçons de produçom baseadas na extracçom de plusvalor, e fam-no mais
rápidamente, esgotando o ciclo de crescimento e instalando a crise permanente.
Isto somentes pode compensar-se reduzindo o preço da força de trabalho, para
favorecer assi o crescimento da plusvalia através da expansom do volume de
produçom global. Mas esta mesma expansom está enfrentada à rendabilidade do
capital: a criaçom de postos de trabalho require cada vez maiores inversons,
especialmente num capitalismo altamente desenvolvido tecnológicamente como o
alemám, e isto nom resulta rendável sem umha expectativa tangível de
incrementar proporcionalmente os benefícios. Deste modo, ainda que a burguesia
acomete umha degradaçom permanente, absoluta e acelerada do trabalho
assalariado e do conjunto de condiçons de existência da classe obreira, nem
sequer com isso pode evitar que a rendabilidade do capital caia até o ponto de
paralisar a produçom e obrigar a reduzi-la, mantendo ademais infrautilizadas as
forças produtivas já instaladas, incrementando a massa de parad@s e obrigando a
intensificar ainda mais a ofensiva contra o proletariado como única saída.
Isto é de especial interesse para julgar a reforma laboral que pretendem
os capitalistas no Estado espanhol, que segundo a CEOE deverá orientar-se
segundo o "modelo alemám" de
reduzir os salários e flexibilizar a jornada. Nom será suficiente repeti-lo:
nas condiçons do capitalismo decadente a tendência ascendente ao paro crónico
nom é produto da falta de crescimento, senom do próprio crescimento da economia
capitalista. Naturalmente, os empresários e os seus ideólogos nom som
"marxistas", se movem no terreo das justificaçons superficiais das
causas da crise, que som tamém as que lhes convenhem políticamente. A classe
burguesa nom pode admitir que tem chegado a sua fim, pensa de tal modo que
justifica a sua própria existência. Contudo, no caso alemám a realidade canta:
a renda per cápita alemá leva umha tendência descendente desde meiados dos 90.
Seria errado pensar, como os apologetas do capital, que a crise do
capitalismo alemám radica na falta de reformas, frente a capitalismos
relativamente ascendentes como na Itália ou no Estado espanhol. Isto é
confundir distintos níveis de desenvolvimento. A crise do capitalismo alemám é
umha crise que, ainda que vinculada no seu estoupido à crise económica mundial,
está determinada ao mesmo tempo polas características próprias do nível de
desenvolvimento tecnológico meio da economia alemá. Para o capitalismo
establecido no Estado espanhol, cuja componhente tecnológica meia está mais
atrasada, esta crise é umha crise "futura", e a isto deve-se que nom
experimente tantas dificultades para manter o crescimento. Com esta componhente
tecnológica inferior possibilita-se um maior ritmo de criaçom de emprego e
aproveitam-se melhor os benefícios potenciais da precarizaçom da força de
trabalho -require-se menor inversom meia em capital por posto de trabalho, co
qual require-se à sua vez menor liquidez para acomete-la e tamém rendabiliza-se
mais rápido-.
Mas, finalmente, a contradiçom fundamental do capitalismo impom-se cada
vez com maior virulência a nível mundial: o próprio desenvolvimento das forças
produtivas suprime trabalho humano e, com el, tamém trabalho impago, plusvalor,
o que chegado um ponto provoca umha descompensaçom crítica. O trabalho
excedente que proporcionam 10 trabalhadores, ainda que o fixessem de balde, nom
compensa o plusvalor proporcionado por 100 trabalhadores incluso cum salário
relativamente alto. Os 10 trabalhadores proporcionariam dez horas de plusvalor
por cada hora de jornada laboral, mas os 100 trabalhadores, cobrando incluso a
metade do valor que producem em conceito de salário, proporcionam 50 horas de
plusvalor por cada hora de jornada.
Dado que o valor dos produtos está determinado polo tempo de trabalho
empregado na sua fabricaçom, calculado em termos de custes da força de trabalho
e em desgaste de meios de produçom e materias primas (que tamém som trabalho
humano materializado), e que, umha vez no mercado, a tendência é à equiparaçom
dos preços medios# co valor real através
da competência internacional, o resultado é finalmente o descenso dos preços
unido a um descenso tendencial da taxa de benefício (relaçom entre o capital total
invertido e a massa de plusvalor obtida). Os benefícios netos podem aumentar,
mas nom o suficiente para compensar os incrementos da inversom em meios de
produçom e materiais. As crises nom se devem a que a burguesia nom obtenha
benefícios, senom que se producem muito antes: quando a inversom produtiva
deixa de ser-lhe rendável.
As luitas contra a reforma laboral alemá podem ter remitido, mas virám
outras polos mesmos motivos subjacentes: que a única saída para a burguesia é
atacar ao proletariado, e a única saída para o proletariado é defender-se. Os
economistas burgueses, que somentes conhecem o funcionamento superficial da
economia, a dinámica do mercado, já começam a pensar em termos de que a única
saída a meio praço é o incremento da jornada laboral, dado que reduzir os
salários é ao mesmo tempo socavar o mercado interno.
1.2. A situaçom dos obreiros da
Opel
Finalmente, Opel vai suprimir 9.000 postos de trabalho na Alemanha até o
2007. Isso si, sem "despidos forçosos", meiante baixas incentivadas e
pre-jubilaçons. As idemnizaçons calcularam-se multiplicando a idade, os anos
trabalhados e o salário bruto, e dividindo a quantidade entre 25. A idemnizaçom
mais baixa é de 10.000 euros. Além disto, a própria Opel tem criado umha
sociedade de emprego e formaçom nas fábricas afectadas -Rüsselsheim, Bochum e
Kaiserslautem-, para proporcionar outro emprego aos trabalhadores que abandonem
a empresa vontáriamente.
Assi é como o capital corrompe ao proletariado. Primeiro nos derrota
colectivamente, ou nos impede agir colectivamente. Logo nos presiona e
"convence", polas más ou "polas boas", de que o que nos
convém é submeter-nos. A corrupçom individual é o modo de subjugar-nos
"polas boas", mas isto nom servirá de muito aos trabalhadores, que
provavelmente nom voltem em parte importante encontrar emprego na indústria
automobilística e acabem vendo-se obrigados a optar a trabalhos de baixa
qualificaçom e piores salários. Somentes para os 3000, que vam ser
pre-jubilados, pode constituir umha saída digna.
Ante o acordo de reestruturaçom assinado por IG-Metall, o ministro de
economia afirmou que era "um bom dia para Alemanha", "outro
exemplo excelente de que directivos de empresa e sindicalistas podem praticar
umha política industrial que promete éxito", e que esperava "que
esses exemplos fagam escola em situaçons críticas como a de Opel, e nom só em
empresas tam grandes". E concluiu dizindo que: "Este acordo de futuro
demonstra que Alemanha, como fabricante de automóbeis, nom deve temer competidor
algum. Cum proceder cauteloso por parte de todos os impricados, nom hai
nengumha obriga irresistível de deslocalizar postos de trabalho de grande valor
na Alemanha".
Isto verifica por completo a nossa análise sobre a questom da
deslocalizaçom no caso da automobilística alemá (ver Igneo nº2) e sobre as
verdadeiras intençons da patronal e do governo social-demócrata.
Contudo, o conflito nom está nem muito menos liquidado. Até o 2007 nom
se completarám os despidos, e o acordo de que nom se produzirám despidos forçosos...
alcançá somentes até o 2010. Entretanto, a estrategia da companhia passa por
promover a competência entre as distintas prantas de General Motors, repartindo
o volume de produçom à pranta que ofreza custes mais baixos. Ou seja:
intensificar a divisom dentro do proletariado para acometer um programa de
flexibilizaçom crescente. Esta é a lógica dos factos e tamém a do capitalismo
mundial. Para os mais de 20.000 obreiros que conservam os seus postos de
trabalho, os salários quedarám práticamente congelados até o 2010, com aumentos
ridículos, e instaura-se umha jornada flexível que oscilará entre as 30 e as 40
horas semanais.
Igual que no caso do sector naval no Estado espanhol, vemos que o mito
da "crise" e o mito da "fim da crise" enlaçam-se para
justificar umha e outra vez o submetimento do proletariado a novos retrocesos
nas suas condiçons de vida. O mesmo acontece a nível macro-económico: a crise é
apresentada como umha crise "da economia", nom da rendabilidade
capitalista, e assi a resoluçom da crise passa por que o proletariado carregue
coa pior parte. Ironias da vida que, nestes tempos de reestruturaçom económica
permanente, podam passear-se por aí intelectualoides que afirmam que a classe
obreira nom existe, que perdeu a centralidade, que nom pode luitar contra o
capitalismo. Para carregar coas conseqüências da crise e para carregar co peso
dos esforços para remonta-la, bem que a classe obreira existe e é central, e o
capitalismo se empenha tercamente em luitar contra ela.
1.3. A derrota da folga de Opel e
as análises da CCI.
Depóis de rematar a luita, a seiçom alemá da Corrente Comunista
Internacional realizou um balanço da mesma que merece umhas consideraçons.
a) A teoria da extensom.
Desde que começamos dicussons teóricas coa CCI, co propósito de chegar a
umha maior clarificaçom sobre questons de interpretaçom da luita de classes
actual (especialmente em torno à questom da precarizaçom e a sua incidência
sobre o antagonismo de classes), cada vez quedou-nos mais claro que as nossas
diferências com eles tenhem um carácter de totalidade.
No caso da sua análise sobre a luita dos obreiros de Opel, estamos ante
umha reiteraçom da particular teoria da CCI sobre a luita de classes, que considera
a extensom das luitas, ou seja, a variável quantitativa, como o determinante do
seu triunfo ou fracasso. Este é o argumento principal que vertebra o seu artigo
"Leiçons das luitas obreiras em Opel", do 19 de Novembro. O
mesmo argumento foi utilizado no 2003 pola seiçom espanhola da CCI, para dar
por derrotada a folga autónoma dos obreiros de auxilares em Puertollano -depóis
do acidente mortal-, criticando a 'falta de unidade' cos seus companheiros da
empresa principal. Claro, esta crítica foi até tal ponto inadequada que, por
desventuras do destino, a luita nom estava entom acabada e, quando chegou
realmente dias depóis a um desenlace, o resultado foi umha vitória da classe
obreira, que lograra tirar abaixo um acordo assinado por acima polos burócratas
sindicais e impôr assi umha série de melhoras significativas.
No caso da pranta de Opel em Bochum, estamos a falar de mais de 7.000
proletários unidos numha folga autónoma e paralisando tamém a outras prantas,
encadeadas coa sua, por falta de subministros. Em lugar de analisar os factores
concretos que causaram a liquidaçom da folga por parte de IG Metall, para a CCI
somentes existem dous factores: a falta de extensom da luita e a debilidade da
consciência de classe. Ou dito doutro modo: dado que, segundo a CCI, esta
debilidade da consciência de classe concretou-se principalmente na falta de
extensom da luita -à que atribuem um efeito desmoralizador-, a sua análise pode
resumir-se dizindo que a luita fracassou porque os trabalhadores som estúpidos.
A soluçom, por suposto, é que atendam aos argumentos da CCI, que foi ao seu
encontro para ajudar-lhes a compreender como luitar.
O mais significativo nom som os "erros" da CCI, que para nós
som puras mistificaçons. O mais significativo é o método de análise da CCI,
segundo o qual a prática da classe obreira hai que analisa-la co critério da
unidade quantitativa e dos resultados imediatos. Em cámbio, para nós umha luita
autónoma derrotada no isolamento supóm um triunfo maior que umha luita autónoma
diluida na unidade controlada polos sindicatos, que é a onde conduz nas
condiçons actuais a prédica da CCI. Para nós, o resultado das luitas hai que
valora-lo na perspectiva da maduraçom da consciência de classe, ou seja, no
aspecto qualitativo da unidade de classe, nom na sua extensom. Dito doutro
modo, no seu grao de autonomia real. A teoria da "extensom", como
outras muitas, parte dumha conceiçom sindicalista e vulgar das luitas
proletárias, que nom contempla o verdadeiro potencial combativo da classe
obreira ou que meramente ve a luita de classes na sua dimensom mais
superficial, pechada dentro dos limites da legalidade burguesa, e concibe deste
modo as "luitas isoladas" dum modo pobre e abstracto.
Estas ideas nom se compensam coa afirmaçom de que "a importáncia
desta luita reside, por acima de tudo, no facto de que tem demonstrado a
capacidade da classe obreira para actuar como força independente na sociedade
actual. Nom foi coincidência que o conflito em Opel dera lugar a um debate nos
meios burgueses entre sociologistas, por um lado, que falavam dumha 'volta da
luita de classes no sentido marxista da palavra', e ideólogos dos movimentos da
'globalizaçom alternativa' e da 'luita contra o trabalho', polo outro, que
fazia tempo declararam que a luita obreira estava morta e soterrada."
Tamém sinalam que estas luitas "afectam à consciência da classe como um
todo", e que som preparadas por outras menores: "Assi, houvo
já um paro de braços caídos espontáneo hai quatro anos na Opel em Bochum, em
resposta à ameaça de despidos. Na primaveira do 2004 houvo tamém um paro
selvage na pranta de Ford de Colónia."
Tam cedo como nos adentramos na análise dos momentos concretos da luita,
vemos que o "optimismo" abstracto da CCI tem como co-relato umha
crítica igualmente abstrata do processo prático. Os princípios do método de
análise da CCI encontramo-los em afirmaçons do tipo de que, coa votaçom
amanhada polo sindicato: "A continuaçom indefinida dumha folga já
isolada foi, deste jeito, apresentada como a única alternativa, para abortar a
luita. Com isto, as questons decisivas foram varridas a um lado. Estas som:
primeiramente, como fazer que a aplicaçom das reivindicaçons obreiras fosse o
mais efectiva possível? Segundamente, quem devia negociar: os sindicatos e o
conselho de fábrica, ou as assembleas de massas e os delegados eleitos por
elas?"
Está claro que para a CCI as "questons decisivas" da luita som
consideradas dum ponto de vista teórico, nom prático. Dum ponto de vista
prático, a "questom decisiva" -para a "aplicaçom" "efectiva"
das reivindicaçons- é a da organizaçom autónoma e dos meios necessários para
defender a autonomia e orientaçom de classe da luita mesma, antes de que a
luita seja encerrada nessa falsa opçom imposta pola burocracia sindical. O
presuposto da CCI consiste em que o mero debate e o asemblearismo de base som
meios suficientes para levar a cabo a luita autónomamente. Polo contrário, para
nós a clave dumha folga já de por si autónoma, mas cumha autonomia de carácter
ainda espontáneo, é que se dote de formas organizativas adequadas, em primeiro
lugar dum organismo central composto por delegados eleitos assembleariamente e
que seja capaz de manter a unidade e a orientaçom no transcurso da luita. Isto
nom aconteceu na luita de Opel, porque tal coesom consciente da classe é
impossível sem a existência dum núcleo consciente e organizado capaz de fazer
frente às pressons e influências da patronal e os sindicatos. Como a CCI pensa
que entre o partido -eles- e a massa da classe -a asemblea e os seus delegados-
nom meia nada, nom podem existir formas de organizaçons autónomas permanentes,
nom toma em consideraçom estes problemas nem os aborda cumha perspectiva
prática e concreta. Contudo, em
realidade nom é que para a CCI nom meie nada entre o partido e a massa: a CCI
substitue a organizaçom autónoma d@s proletári@s a diferentes níveis pola acçom
unificadora da sua propaganda. He aquí o meio da CCI para desenvolver a
autonomia da classe obreira.
Como já lhes temos dito à gente da CCI, o seu argumento de que nom podem
existir organizaçons autónomas permanentes sem degenerar, sem perder essa
autonomia ou a sua orientaçom revolucionária original, aplica-se tamém, em
qualquer caso, à sua própria corrente-partido. Efectivamente, esse risco de
degeneraçom é real, é umha tendência efectiva que somentes pode
contrarrestar-se, em última instáncia, coa tendência efectiva à agudizaçom do
antagonismo de classes que impulse ao proletariado a manter umha autoactividade
independente. Efectivamente tamém, a separaçom desta dinámica e o refúgio em
teorias abstractas convirte aos grupos revolucionários em pseudo-partidos, em
grupos ideológicos coesionados por umha teoria fossilizada e unidos pola
subordinaçom do pensamento individual ao "programa".
b) A mistificaçom e
ideologizaçom da realidade pola CCI.
Entre as orientaçons gerais da CCI está criticar fortemente as análises
que tenhem em conta, num sentido prático, a estratificaçom que sofre a classe
obreira actual. Entre outras cousas criticam estas posiçons co critério de que
todo isto é render culto à "novidade", e que o capitalismo segue
sendo "o mesmo de sempre". Nom obstante isso, a CCI afirma no seu
artigo sobre Opel que:
"Fai um século, quando os obreiros em luita tratavam
principalmente com capitalistas individuais, podiam de facto impôr os seus
interesses fazendo folga pola sua conta. Mas umha vez que estas empresas
familiares se convertiram em corporaçons gigantes, que a nível nacional estám
fusionadas entre si e co Estado, os obreiros tenhem que luitar como classe:
tenhem que extender e unir as suas luitas para poder erigir umha resistência
efectiva. Hoje, como no século XX, a ideologia sindicalista de luitas isoladas,
separadas, tem-se convertido num ponto de vista burguês, umha receita para a
derrota dos obreiros."
Ou seja, como sempre, os argumentos superficiais contra as
"novidades", etc., som sempre meras justificaçons de pontos de vista
que se dam por absolutamente verdadeiros. Ainda que nós compartimos essa análise
sobre as "luitas isoladas", da mesma nom extraemos as mesmas
conclusons práticas. Em maos da CCI, essa análise serve para justificar as
derrotas e nom para contribuir a explica-las; a CCI pensa em termos abstractos,
sem ter em conta a correlaçom de forças real e o alcance dos objectivos que estám
em jogo. Co argumento da "luita isolada" nom se refuta a
possibilidade de que proseguer a folga em Bochum tivesse logrado certas
melhoras, especialmente se temos em conta que o "acordo" assinado por
IG Metall é práticamente umha rendiçom incondicional à patronal. Ademais, a
continuidade da folga poderia criar, luitando contra IG-Metall, as
possibilidades reais para a extensom da luita.
O carácter abstracto do modo de pensar da CCI condensa-se no facto de
que mide a potência das luitas em funçom da extensom -e o mesmo a resistência
do capital-. Nom mide a potência das luitas em funçom da capacidade de acción e
da solidez da autoactividade d@s proletários em luita. Tampouco tem em conta a
situaçom económica concreta de Opel a nível do mercado para valorar a sua
capacidade de resistência, meramente alude à "sobreproduçom e
sobrecapacidade mundial, nom menor na indústria do automóbel". Em lugar de
ver na causa da reestruturaçom de Opel -a crise da taxa de benefício da
companhia- umha debilidade do capital, corroborada ademais polo carácter
internacional da reestruturaçom de General Motors, a CCI somentes ve a pantasma
da "sobreproduçom", demonstranto quanto de certo havia em criticar a
sua teoria da crise do capitalismo.
Se a causa da crise do capitalismo é que sobram produtos e capital,
entom sobram tamém obreiros e as "luitas isoladas" som umha absoluta
perda de tempo. Mas se a crise do capitalismo consiste nom no exceso de
capital, senom na falta de capital, e a acumulaçom de capital precisa
acelerar-se cada vez mais para poder ser competitiva (namentres que fai cada
vez mais lento o crescimento do emprego, contraendo o mercado), entom
conclue-se que qualquer paralisaçom da produçom de plusvalor tem um grao de
efectividade maior num contexto de crise, apesar de que, por outro lado, o
capital necessite, por motivos cojunturais, reduzir a produçom. Como a teoria
da CCI considera a crise do capitalismo como umha crise radicada no mercado,
tem forçosamente que confundir por completo os factores da crise na produçom e
no mercado e considerar os últimos como os determinantes.
A nossa análise significa que umha simples folga económica, e mais umha
folga isolada, pode ser um arma mui debil para enfrentar o capital, mas nom um
arma inservível. Mais em concreto: a Opel nom poderia permitir-se despedir
alegremente, dum dia para outro, a todos os obreiros de Bochum, e por outro
lado a prolongaçom da folga significaria umha reduçom de benefícios num mal
momento.
Por outra parte, voltando sobre a cita anterior, a CCI dava a entender
que a "luita isolada" e a "luita como classe" som
essencialmente distintas. Isto é o resultado de considerar à classe co criterio
da extensom, ou seja, co critério de quantos mais melhor: o critério
sindicalista e reformista. De novo, outra abstracçom da realidade.
Logo segue: "Na Opel em Bochum, [a ideologia das luitas
isoladas] foi utilizada umha vez mais para dividir aos obreiros. Mentres
umha maioria -percebendo já a falta de perspectivas a que levava umha folga
isolada- votava volver ao trabalho, umha minoria combativa, amargada, queria
seguer sem consideraçom das consequências. Alguns deles incluso acusaram à
maioria de ter traiçoado a causa comum. Agora, a divisom estava nom só entre
Bochum e Rüsselsheim, senom tamém dentro da força de trabalho de Bochum."
É dizer, a tergiversaçom ideológica acaba na inversom da realidade. A
minoria combativa aparece, aos olhos da CCI, como responsável da divisom da
classe, mentres que a maioria aparece como portadora dumha sabedoria que nom se
sabe de onde procede... do "sentido comum"? Em lugar de analisar os
verdadeiros motivos que moveram à maioria a aceitar a volta ao trabalho,
atribue-se às conceiçons "proscritas" pola CCI ser parte das causas
do fracasso e do submetimento final aos imperativos do capital. Toda esta
fraseologia de "sem consideraçom das conseqüências", a
ideologia do sentido comum, etc., nom som mais que exemplos da forma de pensar
sindicalista. Polo contrario, os que diziam que aceitando a negociaçom
-negociaçom dos recortes- somentes se ia poor um caminho mais lento cara a
desocupaçom, expressavam umha auténtica posiçom de classe, que na prática fazia
inassumível a volta ao trabalho. Por outra banda, nom sobra repeti-lo, a teoria
das "luitas isoladas" é empregada como um justificativo, dando por
feito que se a folga continuasse teria sido umha "luita isolada".
E ante os argumentos de que a folga poderia ter triunfado de proseguer,
a CCI contesta que:
"Em apoio disto, sinalam a vulnerabilidade dos actuais métodos
de produçom 'justo a tempo'. Estes argumentos nom som muito convincentes, em
vistas da sobreproduçom e sobrecapacidade mundiais, nom menos na indústria
automobilística. Ainda mais, hai muito mais em jogo na luita obreira que
simplesmente paralisar a produçom. É por riba de tudo umha questom de inclinar
o balanço político das forças de classe em favor do proletariado, através da
extensom e unificaçom das luitas obreiras."
Antes criticamos dum ponto de vista económico a posiçom da CCI. Mas,
considerando as cousas políticamente, se cada vez que o proletariado começa
umha luita pensando na "sobreproduçom e sobrecapacidade mundiais",
entom simplesmente nom começa nada. Estes mesmos argumentos som os argumentos
da burguesia, elementos da sua força. Por outra parte, a conceiçom de
"inclinar o balanço político" pressupóm que a luita obreira deve ser
fundamentalmente umha luita política. Isto seria correcto se nom fosse, como no
caso da CCI, um argumento utilizado para saltar por acima das dificultades da
luita económica, sem a qual a luita política carece de fundamento real, é pura
fachada. E esta focage da CCI resposta a umha vontade de "estimular a
reflexom política dentro da classe", ou seja, a querer substituir a
compreensom concreta da luita de classes realmente existente pola
"reflexom política" graças à propaganda da CCI.
c) Como conclusom, a
reafirmaçom do ponto de partida.
A CCI tamém insiste em que a força da luita em Bochum impressionou à
burguesia nom "principalmente polas suas conseqüências para a produçom,
senom mais bem devido às possíveis conseqüências desta luita para os outros
trabalhadores, para o desenvolvimento da consciência da classe como um todo".
A CCI sinte que os obreiros nom uniram à sua "combatividade
intensificada" um "desenvolvimento maior do seu nível de
consciência de classe", e adopta o rol paternalista de
"compreender" aos pobres proletários, já que:
"É evidente que o proletariado terá que tenta-lo umha e outra
vez antes de que poda começar a entender a escala do problema total [a
"bancarrota da enteira formaçom social que é o capitalismo"];
que recuará repetidamente à vista da vastedade da tarefa. É o trabalho dos
revolucionários hoje ajudar aos obreiros na luita a adquirir umha perspectiva
de classe própria."
As "evidencias" da CCI somentes funcionam como justificaçons
da sua própria análise. Dizer que o proletariado "terá que tenta-lo
umha e outra vez", e que "recuará repetidamente", nom
é mais que dizer que a consciência de classe somentes pode desenvolver-se a
partir da acçom. Isto nom explica nada, mas focado como o foca a CCI, serve
para encubrir os seus erros e apresentar aos proletários -em especial a aqueles
que, frente à burocracia sindical, defendem a "folga até a fim"-
como ignorantes que carecem de "perspectiva de classe própria". Assi,
as suas análises acabam reafirmando o seu ponto de vista real e prático: a
classe obreira somentes pode luitar autónomamente graças ao "trabalho dos
revolucionarios". Trata-se, de novo, da conhecida teoria do partido
revolucionário como educador d@s trabalhadores/as, que nom é mais que umha
forma encuberta da conceiçom leninista.
Em resumo: quando nos situamos ante a problemática concreta das luitas
proletárias, queda em evidência que o ponto de vista da CCI é totalmente mecanicista
e simplificador, que nom vai além de geralidades e nom explica nada sériamente.
Por outra parte, o seu método apresenta as posiçons avançadas como posiçons
reaccionárias, os problemas de superfície como os fundamentais; substitue pola
força aparente da extensom a força real que provém do desenvolvimento da
cooperaçom consciente -e nom da consciência em abstracto-. Acaba sempre
retornado ao seu ponto de partida, porque nom analisa a realidade concreta tal
y como é, senom que a olha sempre co prisma da sua ideologia: a constataçom da
debilidade da classe serve, entom, para reafirmar a necessidade do partido; a
constataçom da impotência do proletariado -supostamente enquadrado em
conceiçons sindicalistas, como as luitas isoladas- serve para reafirmar a
necessidade da "perspectiva de classe própria", dum "nível
superior de consciência de classe", etc. -ou seja, reafirmar a necessidade
da propaganda do partido-.
# Isto significa que os preços podem
variar e funcionar como mecanismo de distribuiçom desigual da plusvalia entre
os distintos capitalistas e, portanto, os países. Deste modo se trasladam tamém
as piores conseqüências da crise mundial aos países em pior posiçom na
competência internacional.