A Revoluçom proletária e

a conquista da democracia

 

 

Citas de Rosa Luxemburg e Anton Pannekoek

 

 

  «Umha vez conquistado o poder, o proletariado (...) deve -e a isso está obrigado- aplicar medidas socialistas imediatas do modo mais enérgico, inflexível e sem contemplaçons, é  dizer, tem que exercer a ditadura, mas a ditadura da classe e nom a dum partido ou umha camarilha; ditadura da classe que supóm a publicidade mais extensa, a participaçom mais activa e sem travas das massas populares, a democracia ilimitada.»

 

  «A teoria da ditadura em Lenin e Trotski parte dum pressuposto tácito, segundo o qual a revoluçom socialista é cousa que haverá de fazer-se meiante umha receita que tem preparada o partido da revoluçom; este nom tem mais que aplica-la enérgicamente. Por desgraça -ou, quiçais por fortuna, depende das circunstáncias- isto nom é certo. (...) O que temos no nosso programa nom som senom alguns indicadores gerais, que amossam a direcçom em que devem tomar-se as medidas, sendo estas, além, de carácter predominantemente negativo. Sabemos, mais ou menos, o que é preciso destruir de antemao a fim de alhanar o caminho à economia socialista; nom existe, embora, programa de partido ou livro de texto socialistas que nos ilustrem acerca do carácter que haverám de ter as mil medidas concretas e práticas, amplas ou estritas, para introduzir os fundamentos socialistas na Economia, no Direito e em todas as relaçons sociais.» 

 

  «A prática do socialismo exige umha transformaçom espiritual completa das massas, degradadas por séculos de dominaçom burguesa de classe. Instintos sociais em lugar de instintos egoístas, iniciativa das massas em lugar da desídia; o idealismo, que fai superar todos os sofrementos, etc.. (...) A única possibilidade dum renascimento reside na escola da própria vida pública, na democracia mais ampla e mais ilimitada, na opiniom pública.»

 

Rosa Luxemburg, A revoluçom russa, 1918.

Y

 

  «A conviçom de que o proletariado deve desenvolver o seu poder económico meiante o domínio do processo de produçom, através dos conselhos de fábrica, e que toda a política de força das gentes de Noske deve rebotar sobre isso, pode conduzir a um neo-proudhonismo, se um crê que este método é suficiente para transportar a sociedade, meiante a sua própria força milagrosa, sem maiores luitas revolucionárias do proletariado, à orde comunista. E, por outra parte, umha tendência neo-blanquista volve-se evidente na conceiçom de que umha minoria revolucionária poderia conquistar o poder político e mante-lo nas suas maos, e que isto é a conquista da dominaçom polo proletariado.»

 

  «Nós nom somos nenguns fanáticos da democracia, nom temos nengum respeito supersticioso polas decisons por maioria nem rendemos tributo à crença de que todo o que faga estará bem e deve acontecer. A acçom é crucial, a actividade é poderosa sobre a inércia massiva. Onde o poder aparece como factor, queremos usa-lo e aplica-lo. Se, apesar disso, rejeitamos decididamente a doctrina da minoria revolucionária, é justo pola razom de que tem que conduzir a um poder aparente, a vitórias aparentes e com isso a graves derrotas.»

 

  «A doctrina da minoria revolucionária, da ditadura de partido comunista, significa umha subestimaçom do poder do inimigo, umha subestimaçom do necessário trabalho de propaganda, o que tem que conduzir aos mais graves reveses. A revoluçom somentes pode vir das massas, e somentes polas massas é levada a cabo.»

 

Anton Pannekoek, O novo blanquismo, 1920.

 

 


 

 

Todas as citas procedem da ediçom de "O novo blanquismo" no Igneo nº 4, especial teórico, 2004.

 

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