Editorial:

 

Um capitalismo melhor é possível?

 

 

 

  Despertar ou durmir, esta nom é a questom.

 

  Na sociedade do Sonho, a vigilia já nom se distingue do sono, e os individuos aturdidos deambulam encerrados na sua gaiola de paxaros.

 

  Um capitalismo melhor é possível?

 

  Trata-se dumha pergunta de sonámbul@. O realismo reformista (lea-se: posibilismo oportunista) é parte desde sonho.

 

  Acaso é "realista" reclamar deste sistema o que el mesmo se empenha continuamente em destruir?

 

  A pantasma do "Estado de Bem-Estar" nom existe mais que no imaginário popular deste sonho permanentizado. Mas tamém o sonho da revoluçom forma parte deste grande Sonho, e assi, na vigilia do sonho, a revoluçom pode-se aparecer em todas partes aos sonámul@s, do mesmo modo que o Deus das religions é a projecçom dumha idílica perfeiçom das qualidades humanas.

 

  Assi, entre pantasmas e fantasias, transcorre a luita de classes "real". O realismo reformista di-nos que luitemos por melhores condiçons laborais, quando o capitalismo rejeita toda reforma proletária. O resultado? um realismo traidor, um realismo de miséria.

 

  Di-nos tamém que nos organicemos em sindicatos e partidos, quando estes se encontram no seu ocaso histórico, quando fica demonstrada a sua evoluçom natural em aparelhos burocráticos enquadrados no orde burguês.

 

  Di-nos que olhemos para as frustradas esperanças nacionais das burguesias periféricas, quando o capitalismo mundial é umha realidade efectiva cada vez mais operativa, ante a qual nengumha naçom pode nada.

 

  O lema é: Luitade para 'negociar', em lugar de tragar sem mais. Esta é a derradeira palavra do realismo reformista, do realismo do submetimento ao capital a cámbio de quatro migalhas, o realismo da estupidez.

 

  A onde nos está a levar este género de "realismo"?

 

   Levamos décadas de regresons económicas, políticas, culturais, tanto a nível da sociedade como do movimento obreiro. Os seus métodos de luita permanentizam a divisom e a impotência d@s trabalhadore/as, fragmentando as luitas por empresa, ramo, território, separando a luita económica da luita política, fomentando a cultura burguesa do legalismo defensivo.

 

  De vez em quando as circunstáncias compelem à acçom aos proletári@s, e entom emergem formas autónomas de luita, mas ainda sem umha consciência clara e firme da sua necessidade, quando menos nas concentraçons de classe mais significativas. Mentres tanto, a nossa energia haverá de dirigir-se a fomentar a consciência autónoma da classe, embora esta tenha que madurar seguindo o seu próprio curso, através das luitas e do desenvolvimento dos antagonismos de classe na sociedade. Esta consciência, e a prática correspodente, som o único que pode constituir o ponto de arranque dum novo movimento proletário, umha nova praxis revolucionária.

 

 

Pola autolibertaçom proletária das cadeas espirituais do capitalismo!

 

         Luita selvage e extensiva até a imposiçom dos nossos objetivos!

 

Nem sindicatos nem partidos: autonomia d@s trabalhadora/es!

 

 

 

*  *  *

 

 

Por que morre o povo de fame?

Porque os de acima gravam-lhes com exceso.

Por isso está a morrer.

 

Por que é o povo difízil de governar?

Porque os de acima intervenhem demasiado e servem aos seus interesses persoais.

Por isso é difízil de governar.

 

Por que o povo se toma a morte à ligeira?

Porque os de acima levam umha vida de luxo.

Por isso toma-se a morte à ligeira.

 

O povo nom tem singelamente de que viver!

Sabem cousas melhores que fazer que valorar umha vida assi!

 

 

         Extrato do «Tao Te King», n. 75.

 

 

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