Editorial : Para o proletariado revolucionário nom existe a derrota.

 

  O boletim Ígneo nasce para avivar o pensamento e a aspiraçom d@s proletári@s conscientes, para abrir o caminho da luita por um mundo novo, para despertar o espírito humano e desenvolver o seu poder transformador, para o esforço revolucionário por umha vida verdadeiramente livre, verdadeiramente humana.

  O boletim Ígneo vai ser mais que um órgao de expressom d@s Comunistas Revolucionári@s (Autonomia Obreira). Vai ser tamém um órgao de difussom da teoria do comunismo de conselhos e do pensamento revolucionário em geral, um órgao ao serviço do desenvolvimento do pensamento próprio da classe obreira, orientado às trabalhadoras e trabalhadores conscientes e à mocidade anti-capitalista dispost@s à luita por umha sociedade sem classes.

  Este boletim será em princípio tremestral, incluindo vários suplementos segundo convenha, e é gratuito. Somentes terám um preço de custe os números especiais, que estarám destinados íntegramente a temas determinados.

  Ígneo pretende ser antetudo um órgao de expressom do proletariado revolucionário, estando aberto à discussom política e a todos os problemas imediatos, sempre partindo da defesa dos interesses da classe obreira.

  Ígneo defende os princípios revolucionários: o desenvolvimento da autonomia obreira, d@s trabalhadores/as como sujeitos revolucionários; a luita pola organizaçom do proletariado como poder revolucionário, para suprimir o trabalho assalariado e o capital e toda forma de explotaçom e opressom, realizando o verdadeiro comunismo; a destruiçom revolucionária do Estado burguês e da separaçom entre a sociedade e o poder político organizado, como condiçons da verdadeira democracia para as massas explotadas; a autoconstituiçom do proletariado em naçom e a construiçom dumha auténtica comunidade humana mundial, acabando com todas as desigualdades, limitaçons e estreiteces nacionais.

  Ígneo nom pretende ser um órgao de adoctrinamento, senom que tenta, na medida das suas capacidades, ser um órgao de clarificaçom e de difussom da verdade, que é sempre revolucionária. Concibe-se como um meio para a autolibertaçom material e espiritual da classe obreira, que vai além da "política" e entende a luita de classe como o processo no que, no esforço por cambiar a sua própria situaçom imediata, @s trabalhadores/as avançam na transformaçom do mundo e desenvolvem a sua própia consciência, abrindo assí simultáneamente o processo de transformar-se a si mesm@s.

  Ígneo começa a sua andança com "ç" e "nh", mas nom se trata de nengum órgao intelectualoide nem representa as posiçons do nacionalismo existente. Tampouco o que se conhece como "independentismo". A nossa posiçom a favor da reintegraçom da escrita do galego no tronco linguístico lusófono obedece a um critério internacionalista, mais que a consideraçons de carácter lingüístico e histórico que, sendo correctas, nom podem ser o decisivo. A nossa posiçom prática é, por conseguinte, flexível, pois consideramos que a extensom do reintegracionismo nom será resultado da sua utilizaçom momentánea, senom da sua difussom real entre @s trabalhadores/as e o uso na sua vida real, o que require de meios e esforços que hoje som em parte inexistentes, em parte insuficientes. Por isso, utilizaremos a norma reintegracionista seguindo criterios lingüísticos próprios e sempre e quando nom entorpeça significativamente as nossas tarefas políticas de agitaçom e difussom; nas condiçons actuais nom se utilizará mais que para publicaçons predominantemente teóricas.

  Ígneo, como Comunistas Revolucionári@s, nom é dependente nem está integrado em nengúm sindicato ou partido político. O programa que aquí se defende passa pola supressom dessas formas de organizaçom, produto e expressom da época reformista e hoje reaccionárias e impotentes para o combate contra o capitalismo; a luita pola emancipaçom da classe obreira require de novas formas de organizaçom, que sejam umha auténtica emanaçom do movimento obreiro espontáneo e cujo princípio seja a  cooperaçom autoorganizada desde abaixo. Portanto, qualquer vinculaçom, directa ou indirecta, do nosso grupo com este tipo de organizaçons estará circunscrita a objectivos ou tácticas temporais, sem que em nengum caso isto poda condicionar a independência da nossa actividade e dos nossos órgaos de expressom.

 

  Companheir@s,

 

  O comunismo nom foi ainda realizado. Só o foi a ilusom do comunismo. E nom hai maior derrota que sermos derrotad@s pola ilusom da derrota. Namentres, a emancipaçom da classe obreira e da espécie humana segue ainda por ser conquistada. A necessidade da luita revolucionária é hoje maior que nunca.

 

  Nengum outro mundo é possível sem o esforço por umha autolibertaçom integral humana!

 

  Revoluçom mundial ou afundimento na barbárie!!!

 

 

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-- Cita da contraportada --

 

 «A propriedade privada fixo-nos tam estúpidos e unilaterais que um objeto só é nosso quando o temos, quando existe para nos como capital ou quando é imediatamente possuído, comido, bebido, vestido, habitado, em resumo, utilizado por nos. (...)

  No lugar de todos os sentidos físicos e espirituais tem aparecido assi a simples alienaçom de todos estes sentidos, o sentido do ter. O ser humano tinha que ser reduzido a esta absoluta pobreza para que puidesse alumear a sua riqueza interior.

  A superaçom da propriedade privada é, por isso, a emancipaçom plena de todos os sentidos e qualidades humanos; mas é esta emancipaçom precisamente porque todos estes sentidos e qualidades se tenhem feito humanos, tanto em sentido objetivo como subjetivo.»

 

Karl Marx, Manuscritos de París, 1844.

 

 

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