A história é fictícia, ambienta-se apartir do século XIX, no Rio Grande do Sul, em um município também fictício chamado Antares.
A família dos Vacarianos, criadores de gado e altamente influentes na região, encontraram uma familia concorrente, os campolargo. Entre as guerras de domínios, encontramos a narração das barbáries cometidas em nome da honra. Eram vacarianos em vantagem seguidos pelo avanço dos campolargos. Sai geração, entra outro patriarca e a richa vai tomando menor intensidade, até o ponto de tornarem-se amigos de longa conversa. Durante a narrativa observa-se as fases políticas do país, salienta-se o jogo de interesses, não esconde-se a realidade das pessoas e de seu interior egoísta e sentimental. N a década de sessenta, deste século, ocorre uma greve em Antares impedindo inclusive o enterro de sete pessoas. Eis que levantam-se os mortos de seus caixões e a situação toma vulto. Voltam os personagens para suas casas e lá defrontam-se com a realidade desmascarada. Alguns viram seus filhos preocupados com a herança, outros sua esposa com o amante, outro reencontrou o amigo de boas conversas e lá trocaram mais alguns assuntos. Teve também o que pode conversar com a esposa amada que esperava seu primeiro filho. Desenvolve a história com os mortos exigindo serem enterrados, independente a existência de uma greve ou não. Políticos e homens influentes desdobram-se em reuniões para decidirem até mesmo se o que estava acontecendo realmente era fato. Os mortos, em espera na praça central, decidiram revelar os segredos de cada pessoa influente. E foi o vexame. A verdade doía e a coisa corria assustadoramente. Resolve-se atacar os mortos que em tal circunstância, voltam aos seus caixões e são finalmente enterrados. Volta a vida diária da cidade. Inicialmente o ocorrido é lembrado com frequência mas o tempo ousou apagar as lembranças reveladas na praça central. E é mais uma realidade do ser humano que Érico Veríssimo nos expõe de forma humorada e sincera. Algumas características são contínuas e bem vindas nas obras de Veríssimo, são elas: A ambientação no Rio Grande do Sul; A análise de algum fato histórico; A profundidade com que trata seus personagens; A diversidade psicológica; A diversidade financeira; A ênfase na importância familiar; Alguma pincelada a respeito de música erudita e Os transtornos causados pela ignorância nos tratos do relacionamento social. Concentrar sua atenção na política brasileira foi o ponto diferencial desta obra. Foi o elemento que criou outro elo entre o leitor e o escritor. Fato impressionante estava explícito na forma como negociavam o poder, os vacarianos e campolargo. Via-se este tipo de domínio superar a lei e a igreja, os distanciando do período medieval, deixando claro o quanto foi importante o movimento renascentista europeu. Podemos estranhar esta comparação entre o medievo e o homem do campo no Rio Grande mas este último adquire poder sobre o domínio religioso. A riqueza satisfazia, preenchia qualquer lacuna que podesse impedir a ascençao ao domínio de um povo. É mais uma fase que o ser humano se via obrigado a passar. Fica claro a mudança que houve do período da alma, até o século XV e a fase do comércio, da burguesia, do poder econômico, amanhecido em Constantinopla, refletido em Genova e Veneza e exportado para Espanha, Portugual e outros. E o tempo com seu passar, viu a decadência da pecuária e a ascenção da agricultura e viu o relacionamento politico dos vacarianos se envolver em negociatas importantes para a continuidade do domínio. Pela política e seus cupinchas o homem manchava seu passado mas não perdia de vista suas posses. A saga de Getúlio Vargas que desde os primórdios de suas intenções foi num crescendo. Primeiro como governador do RS, depois com a espera do momento correto para candidatar-se à União e aí sim sua efervecência política nas duas fases que comandou o pais. Torna-se claro que pela visão de Érico, Getúlio, aparte as falhas, chocou-se em demasia com a situação de decadência da moral humana quando no ramo político. Claro está também que não somente neste ramo mas também na sociedade como num todo. Mutilado pelo envolvimento amoral de suas ações, fato necessário para obter maiores regalias às pessoas comuns, Getúlio não encontrou outra forma de suportar a dor e a miséria da alma em que se encontrava senão livrar-se da vida. Suicidou-se e fim. Novos presidentes, novas formas de governar e no entanto, nenhuma melhoria sólida para o futuro. Surgem então os mortos, ressuscitados por conta que, nem mesmo eles sabiam. De inicio podemos ver este fato como uma fuga da realidade, característica pouco comum em Érico mas com o passar da narrativa vislumbramos a moral da história. Cada morto advinha de um setor diferente da sociedade. Desta forma o escritor pode fazer uma explanação objetiva dos fatores que cercam cada ser humano em sua respectiva pluralidade social. Chocou-se a mulher rica ao ver seus filhos em altos brados quando tratando da herança e pouco significando a morte do ente. Vislumbrou-se a dor do pobre que ao chegar em seu quartinho lá estavam seus dois livros amarelados, seus chinelos, sua cama e a vastidão da solidão. Ali viveu e após a morte, tendo até mesmo voltado do impossível, de nada significava sua chocante situação. Viveu pelo nada e nada representava aos outros, apenas aos dois livros, aos chinelos e ao quarto escuro e funesto. Viu-se no personagem alcoolatra a amizade firme obtida entre amigos do copo, a sincera partilha da dor de Ter sido dominado pela droga, pela vida fácil. O marido em plena saudade da esposa, chocou a mim quando reencotrou a família e o filho que estava por nascer. É dolorosa a partida quando tem-se que romper o laço definitivo do amor puro e sincero. Confeço Ter sentido muita dor, profunda admiração à dedicação da mulhre e ao desejo do homem em tocar pela última vez o ventre que continah a vida do filho tão esperado. Foi muito bela a narrativa. Foi impoortante o prazer proporcionado pela sinceridade do amor familiar. Quanto aos outros personagens, prefiro não fazer uma análise até porque tiveram apenas atenção coadjuvante do escritor. Esta é a visualização suscinta deste livro que recomendo. Como passatempo, como aprendizagem histórico política e como sensibilização aos fatos da vida, ao ser humano. Caso você já o tenha lido e gostaria de comentar, por favor, sinta-se a vontade para expor suas idéias, seus interesses. Agradeço sua atenção. Cleomar S. dos SantosRetorna para Início da Home Page