Clube dos Escritores





O Caso Brinca de Rima

Edike Carneiro


O acaso brinca de rima
Cabe-me por encaixe o olhar inteiro das bocas do
acaso
Afasto-me quando ao meu encalço andam apressadas
bocas métricas
Mergulho em luas claras e transparentes como se o
medo fosse o raso
E não venham me dizer que almas são armadilhas
bélicas

Atento aos relatos escuto a inconstante passagem do
pensamento até o ato
Transformo-me num silêncio de lápide quando um grito
quer ser mais forte do que o fato
Fatias inteiras de um bolo de chocolate do
apartamento ao lado invadem lixos de uma favela
E não venham me dizer que corações sejam sempre as
melhores janelas

Cabe-me a leveza da escrita para deixar dito o que
tanto me aflige e alucina meu entender
Levado muitas vezes pelo interminável duelo daquilo
do que se mais quer com a razão burra de que não se
precisa querer
Lanço-me aos poucos, aproveitando-me de noites
escuras, para escrever poesias em muros que rodeiam
almas tão vazias
E não venham me dizer que estou só, louco e que
entendo por felicidade páginas de crônicas fictícias e
fugidias...

Edike



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