Um livro encanta de várias formas: pela capa,
pelas figuras internas, pelo texto. Este último exige tempo,
é assimilado após sentarmos numa boa poltrona e darmos início à
viagem proporcionada pelas letras e pela capacidade do escritor.
Agora, a capa enfeitiça. Sentirmos emoção ao vermos o livro, as
grafias impressas, fazem folhear, tocar, comprar. Fotos
internas trazem a idéia de veracidade, de firmeza, de acreditar
nos fatos, elementos tão importantes para fazermos do escritor,
nosso amigo íntimo.
O livro "As Novas Aventuras de Floriano", de Silvano Silva, permite todas estas sensações. O enxergamos com desejo, o folheamos observando
fotos de saudade, o lemos com a impressão de conhecermos cada sensação
ali descrita. Silvano provou ser mestre em contar histórias de
sua juventude, de nossa juventude. Quando menino viveu no campo,
com seus bichos, seus cheiros, seus afazeres. Quando gente grande,
escreveu sobre estes belos momentos, para lembrar-nos o quanto fomos
vivos no passado.
Não se trata de saudosismo, tão comum nas praças de bairros residenciais.
Longe disso, Silvano nos embala em histórias mágicas, verdadeiras,
belas, permitindo esquecer qualquer aumento do dólar, qualquer destempero
do patrão. Li ao chegar em casa, ao me preparar para o descanso, antes
de dormir. Sonhei acordado.
Quem se identificar nas histórias ali descritas, certamente vai querer
conversar com seus filhos sobre as várias possibilidades geradas em uma
época sem tv, revistas, Internet, dvds, etc.
Quando começava a ler, pelo título, pensava, ele não vai conseguir me
envolver em assunto tão simples, em tema tão corriqueiro. Começava a
leitura e me esbaldava em bons momentos literários. É a capacidade de
Silvano em contar histórias nos deixando de boca aberta.
Mas chegava a hora em que eu tinha que dormir. Fechava o livro,
desligava a luz e sentia a impressão de que já havia sonhado o suficiente.