O mestre Zen Thich Nhat Hanh faz de Vivendo Buda, vivendo Cristo uma espécie de precioso livro de auto-ajuda. Baseado em uma conjugação de conceitos do budismo e do cristianismo, o autor revela técnicas cotidianas capazes de inspirar não só espiritualistas, mas também os que buscam a meditação como fonte de equilíbrio e paz, adaptadas à vida moderna. São ensinamentos valiosos oferecidos por alguém que fala com conhecimento de causa. Nascido no Vietnã, em 1926, Thich Nhat Hanh tornou-se monge aos 16 anos, e desde então mostra ao mundo como é possível viver a espiritualidade de uma forma simples e ecumênica, sem o peso do dogma.
Um dos trunfos da obra, preferida por um monge beneditino e apresentada por Odete Lara, uma adepta dos ensinamentos do mestre, é a ausência de preconceitos entre religiões. O autor passeia entre as trajetórias de Buda e de Jesus Cristo sem ater-se apenas aos personagens históricos. Tem respeito por conceitos teológicos, mas os considera um meio e não um fim. Vê virtudes e defeitos nas religiões, pregando a tolerância como sentimento inevitável para a vida.
O mote de Vivendo Buda, vivendo Cristo é deixar-se guiar pelo autoconhecimento e pela prática da meditação, para compreender a profundidade da vida. Por isso, Cristo e Buda seriam símbolos do autoconhecimento, serviriam como exemplos de conduta e não como salvadores da pátria. "Apenas discutir Deus não é a melhor maneira de usar nossa energia", ensina Thich Nhat Hanh. "Não é uma questão de fé, é uma questão de prática."
Outro aspecto desta narrativa é a generosidade das histórias e experiências que o autor vivenciou. Além de anos de monastério, Thich Nhat Hanh acumula uma intensa atividade como pacifista, iniciada durante a Guerra do Vietnã. Ele fez parte da comissão de paz vietnamita que nos anos 60 ajudou a encontrar uma trégua na guerra com os Estados Unidos. Mas as autoridades do Vietnã não aprovaram a iniciativa de voltar ao país. Em 1967, ele chegou a ser indicado ao Prêmio Nobel da Paz por Martin Luther King, Jr.

Editora Rocco