A ação expansionista
dos colonizadores portugueses provocou, no decorrer dos séculos
XVI, XVII e XVIII, alterações substanciais na linha de fronteira
que separava a América espanhola da América portuguesa. Estabelecida
em 1494 pelo Tratado de Tordesilhas, essa linha foi ignorada pelos desbravadores
e tornou-se, com o tempo, apenas uma vaga lembrança do passado.
No rumo oeste, os bandeirantes paulistas ocuparam Minas Gerais, Goiás
e Mato Grosso. Ao norte, a luta contra os franceses, holandeses e ingleses
levou os luso-brasileiros a estabelecer fortificações na
foz do Amazonas, no rio Negro e na região do Cabo do Norte, atual
Amapá. No sul, a Colônia do Sacramento, verdadeira ponta de
lança nos domínios da Espanha, marcava a penetração
portuguesa. Tudo isso foi motivado por fortes razôes econôrmicas.
Os bandeirantes buscavam ouro e índios para escravizar. No vale
amazônico, a coleta de cravo, canela, castanha, cacau, ovos de tartaruga
e madeira atraiu os colonos cada vez mais para o interior. Mas era no sul
que os interesses materiais de Portugal apareciam de maneira mais clara,
contrapondo-se de forma mais direta aos interesses da Espanha. Foi por
isso, aliás, que a disputa pela bacia platina (formada pelo rio
da Prata e seus afluentes) durou mais de dois séculos. No início,
a Colônia do Sacramento representava um entreposto para o contrabando
português com Buenos Aires e com as regiões mineiras da Bolívia
e do Peru. Depois, foi a criação de gado que levou ao povoamento
do Rio Grande do Sul. O Brasil construído a partir do expansionismo
luso só foi reconhecido, porém, após mais de um século
de negociações diplomáticas e a assinatura de vários
acordos intemacionais.