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Raposo Tavares - A grande marcha

Bandeira de Raposo Tavares

Além do apresamento de índios e da busca de ouro, as bandeiras tinham ainda outra função importante para a Metrópole: serviam de ponta de lança da conquista e povoamento do interior, numa época em que Espanha e Portugal estavam longe de ter definido a fronteira de seus domínios no coração da América do Sul. Em algumas expedições, essa função política e militar se destacou. Foi o caso da bandeira chefiada por Antônio Raposo Tavares, que deixou São Paulo em 1648 para desbravar milhares de quilômetros do sertão até o Amazonas.

Com a chancela do rei

Português nascido em São Miguel da Beja em 1598, vindo para o Brasil aos vinte anos, Antônio Raposo Tavares já era um experiente preador de índios quando se envolveu naquela que seria a maior façanha de sua vida. Consta que esteve em Portugal, traçando os planos da expedição, junto com altas autoridades do Reino. O objetivo era aumentar a área do interior sul-americano sob domínio português, descobrindo novos territórios e, se possível, reservas de metais preciosos. Já nessa época conhecia-se a rota de São Paulo ao Peru; pelo menos um bandeirante, Antônio Castanho da Silva, chegara até lá em 1622. Acredita-se até que as reduções jesuíticas do Itatim foram formadas para bloquear essa via de acesso aos paulistas.

Três anos pelo sertão

Preparado para enfrentar qualquer bloqueio, Raposo Tavares dividiu a bandeira em duas colunas. A primeira, chefiada por ele próprio, reunia 120 paulistas e 1 200 índios. A segunda, um pouco menor, era comandàda por Antônio Pereira de Azevedo. Viajando separadamente, os dois grupos desceram o Tietê até o rio Paraná, de onde atingiram o Aquidauana. Em dezembro de 1648, reuniram-se às margens do rio Paraguai, ocupando a redução de Santa Bárbara.

Depois de unificada, a bandeira prosseguiu viagem em abril de 1649, alcançando o rio Guapaí (ou Grande), de onde avançou em direção à cordilheira dos Andes. Estava em plena América espanhola, entre as cidades de Potosí e Santa Cruz de la Sierra (hoje território da Bolívia). Aí permaneceu até meados de 1650, explorando o mais possível a região. De julho de 1650 a fevereiro de 1651, já reduzida a algumas dezenas de homens, empreendeu a etapa final: seguiu pelo Guapaí até o rio Madeira e atingiu o rio Amazonas, chegando ao forte de Gurupá, nas proximidades de Belém. Diz a lenda que os remanescentes da grande expedição chegaram exaustos e doentes ao forte e que, voltando a São Paulo, Raposo Tavares estava tão desfigurado que nem seus parentes o reconheceram. Como resultado da aventura, vastas regiões desconhecidas entre o trópico de Capricórnio e o equador passavam a figurar nos mapas portugueses.

Antônio Raposo Tavares
Antônio Raposo Tavares

Bandeira de Raposo Tavares

Francisco Antonio Luciano de Campos - 1999-2000

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