Bandeirismo de prospecção
Embora a caça ao índio tenha ocupado a atenção dos bandeirantes até meados do século XVII, desde os primeiros tempos da colonização houve tentativas de descobrir metais preciosos no sertão brasileiro. Ouro e prata eram, na verdade, a primeira coisa que os europeus procuravam em toda parte no período das grandes navegações. Devido à intensificação do comércio, desde o fim da Idade Média a Europa sofria escassez de metais preciosos. Os navegantes ibéricos foram encontrá-los na África, de, pois na Asia. E logo começaram a buscá-los também na América, onde lendas indígenas falavam de um lugar chamado Eldorado, de riquezas incalculáveis. Primeiras expedições No Brasil, a primeira expedição desse gênero de que se tem notícia aconteceu em 1524. Um espanhol de nome Aleixo Garcia, náufrago da armada de João Dias de Solís , partiu do litoral de Santa Catarina em busca do território dos Charcas (atual Bolívia) e voltou com amostras de prata. Isso reforçou a crença de que havia uma serra da prata nessa parte da América do Sul - miragem que Martim Afonso de Sousa andou perseguindo antes de fundar Sâo Vicente em 1532. Durante seu govemo-geral, Mem de Sá enviou de Sâo Vicente pelo menos duas expedições em busca das legendárias riquezas do sertão, em 1560 e 1561. Exceto por amostras mínimas de ouro e pedras verdes, essas expedições voltaram de mãos abanando. Pequenos resultados eram, no entanto, o bastante para manter vivo o sonho. Consta que, entre 1570 e 1584, um explorador de origem alemã, Heliodoro Eobanos, partindo do Rio de Janeiro, descobriu ouro nas regiões de Iguape, Paranaguá e Curitiba. |
A prospecção nas capitanias "de cima" São Paulo, nessa época, era a região mais pobre do Brasil: sem canaviais e engenhos, a capitania de São Vicente vivia de uma mirrada agricultura de subsistência. Além disso, era habitada por muitos índios e mamelucos que, ao contrário dos europeus e negros das outras regiões, conheciam bem o sertão. E estava localizada num ponto estratégico do planalto, na "boca do sertão". Por tudo isso, a maioria das bandeiras saiu de São Paulo. Contudo, também nas capitanias "de cima", isto é, do Nordeste, procurou-se ouro. Da Bahia, seguindo os passos de Francisco Bruzza de Espinosa ( 1554), várias entradas se embrenharam pela região do rio São Francisco, chegando à chapada Diamantina e à região de Minas Novas. Do Sergipe partiu, entre outras, a bandeira de Belchior Dias Moréia, neto de Caramuru, que ficou no sertão durante oito anos, desde 1595. Em 1603, partia do Ceará a expedição de Pêro Coelho de Sousa, enviada pelo governador-geral Diogo Botelho. Os holandeses também se preocuparam com a existência de metais preciosos no interior do Nordeste e Maurício de Nassau organizou pelo menos três expedições que percorreram o sertão. Finalmente, do Espírito Santo partiram entradas buscando esmeraldas: a de Diogo Martins Cão, em 1596, a de Agostinho Barbalho Bezerra, em 1664, e outras. |
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Francisco Antonio Luciano de Campos - 1999-2000