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Paulistas à procura de ouro

  • Várias razões explicam a predominância do bandeirismo de prospecção sobre o de apresamento a partir de meados do sëculo XVII. Depois que a Espanha decidiu armar as reduções, escravizar índios tornou-se uma empresa bem mais difícil. E menos lucrativa, pois, com a retomada de Angola pela Coroa portuguesa, em 1651, o tráfico de escravos africanos voltou a ser controlado por comerciantes lusobrasileiros, o que provocou a queda nos preços dos indígenas aprisionados. Por outro lado, a economia do açúcar brasileiro entrou em crise quando os holandeses, expulsos do Nordeste, começaram a controlar o comércio do produto proveniente das Antilhas. Finalmente, a escassez de metais preciosos agravara-se na Europa com o esgotamento das reservas da América espanhola, tomando urgente a necessidade de encontrar novas jazidas. Em busca de saída para os seus apertos financeiros, a Coroa portuguesa, após a Restauração, passou a mandar cartas régias aos paulistas, prometendo prêmios e honrarias a quem descobrisse minas.
  • Paulistas em busca de ouro

    Um pioneiro da nova era Antônio Castanho da Silva, já em 1618, havia se embrenhado com sua bandeira pelos sertões de Cuiabá. Sempre à procura de ouro, foi dar no Peru, onde morreu em 1622. Mas foi só a partir de 1660 que as entradas começaram a ter sucesso. Em 1668, Lourenço Castanho Taques, o Velho, partiu de São Paulo para o sertão dos cataguás, que percorreu por cerca de dois anos. Em 1674, deixou a vila de Piratininga a mais importante bandeira des sa fase - a de Femão Dias Pais, que abriu caminho até a regiâo das Minas Gerais. Em 1675, partiu a bandeira de Manuel de Campos Bicudo; no ano seguinte, a de Bartolomeu Bueno da Silva, o Velho. A primeira seguiu para o norte do Mato Grosso, a segunda para Goiás. Encontraram-se em pleno sertão goiano. Nesse percurso teriam avistado uma serra em cuj os penhascos a natureza desenhara formas parecidas com os símbolos da Paixão de Cristo; chamaram-na serra dos Martírios. Anos depois, Antônio Pires de Campos e Bartolomeu Bueno, o Moço, filhos dos dois sertanistas, que ainda meninos haviam acompanhado os pais naquela ocasiâo, voltariam ao Brasil central em busca da serra lendária.

    O ouro das Gerais

    Após a bandeira de Femão Dias Pais, dois paulistas de Taubaté, Antônio Rodrigues Arzão e Bartolomeu Bueno de Siqueira, terminaram praticamente de fixar os caminhos que levavam ao ouro de Minas Gerais. Partindo em 1693, Arzão encontrou cascalho aurífero no sertão do rio Casca. Acossado por índios, retirou-se para Vitória, no Espírito Santo. De volta a Taubaté, morreu pouco depois, mas antes indicou a Bartolomeu Bueno de Siqueira, seu concunhado, o roteiro que percorrera. Seguindo essas indicações, Siqueira, em 1694, encontrou ouro na serra de Itaberaba. Nesse mesmo local, a expedição de Siqueira encontrou-se com a do coronel Femandes Furtado dé Mendonça, que explorara o vale do rio Doce. Pouco depois, chegavam a Taubaté as primeiras remessas do ouro das Gerais.

 
  • Sorocaba, elevada a vila em 1661, com sua bela igreja de São Bento, foi um dos centros de irradiação dsa entradas e bandeiras.
  • Por sua localização a sudoeste de São Paulo, era ponto de passagem natural das expedições que se dirigiam para a região das reduções jesuíticas.

    Dali partiram também figuras ligadas ao ciclo da prospecção, como os irmãos Antunes e Miguel Sutil, que exploraram ouro em Mato Grosso e Goiás.

    Figura ao lado: Igreja de S. Bento, Sorocaba

Igreja de S. Bento em Sorocaba

Francisco Antonio Luciano de Campos - 1999-2000

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