A primeira referência à sua existência é de 897 como Lagoa de Ovil e foi coutada no séc. XII devido à sua abundância em caça e pesca. Durante os séculos viu a sua dimensão alterada por movimento naturais ou acções da população que vendo as suas culturas e casa alagadas iam vazando a lagoa para o mar. Em 1982, pela primeira vez a Barrinha secou. Felizmente renasceu e, embora se encontre poluída, muitas espécies de fauna e flora aqui podem ser encontradas.
Situada a 3 km a sul de Espinho, tem uma forma grosseiramente triangular e a sua maior extensão, na direcção N-S, é de cerca de 1,5km e na direcção E-W de cerca de 1km. O corpo aquoso da Barrinha resulta fundamentalmente das águas drenadas de Rio Maior, que desagua a norte da laguna e da Ribeira de Maceda a sul. Em épocas de chuvas intensas as águas das ribeiras fazem transbordar a laguna, alagando os terrenos e forçando os habitantes da região a restabelecer a ligação com o mar através da reabertura do canal, que, posteriormente, é novamente encerrado por acção das vagas e da deriva litoral. Os terrenos que enquadram directamente a laguna, são, a S e SW, constituídos por dunas fixas, por vegetação arbórea e arbustiva, por vezes muito densa, particularmente na margem da laguna. Contudo, os edifícios dunares encontram-se muito destruídos em virtude da implantação de infraestruturas de urbanização (ruas e esgotos) e pela construção de casas. A W contacta com o cordão de dunas litorais e a respectiva praia,. As dunas, na parte norte do cordão, estão muito desmanteladas por intenso pisoteio. A N o corpo aquoso é limitado por antigos fundos com vegetação rasteira, por instalações militares e por uma pista de aviação. A E o contacto faz-se com terrenos de cultura.
Embora de pequena dimensão, é a única estrutura litoral com as características próprias das zonas húmidas. A praia, o cordão dunar, a lagoa, onde abundava variada fauna piscícula, rodeada de vegetação rasteira e arbustica e limitada a sul por extenso pinhal, fizeram deste local, num passado recente, um sítio aprazível, de lazer e recreio, e um excelente habitat de invernada e nidificação de muitas espécies de aves, algumas sujeitas a proteção como, por exemplo, o Abetouro galego. Factores resultantes do crescimento demográfico e do desenvolvimento industrial da região enquadrante, alteraram desastrosamente as condições ambientais da Barrinha de Esmoriz. Tal facto deve-se, fundamentalmente, ao lançamento de efluentes industriais e urbanos nas águas da Barrinha, canalisados de Sul pela Ribeira de Maceda a de Norte pela ribeira de Rio Maior e ainda à utilização de algumas áreas como vazadouros de entulhos e lixos, como por exemplo a margem esquerda da parte terminal da Ribeira de Maceda. A estes factores, que conduzem irremediavelmente à degradação do ambiente, juntam-se ainda outros, resultantes da construção de habitações de veraneio e respectivas infraestruturas de urbanização na zona dunar e ainda, a construção de um campo de jogos, a Norte, de instalações militares e de uma pista de aviação.
Porque é a Barrinha importante? É certo que a sua extensão não é comparável nem à Ria de Aveiro nem à Ria Formosa sendo, no entanto, essa característica que a torna interessante: a variedade de espécies que podem ser encontradas num espaço tão diminuto é relevante. Na Barrinha podemos encontrar quatro tipos de habitat diferentes: pinhal, cordão dunar, área agrícola e zona húmida. Aí podemos encontrar garças reais, patos reais, patos marrecos, patos negros, mergulhões, borrelhos, galinhas de água, maçaricos, gaivotas, gaivinas, pardelas, andorinhas do mar, felosas, milhafres pretos, lontras. Foi encontrado, morto, um ganso patola. A população piscícola, apesar de já ter sido muito rica e variada, é agora quase inexistente, fruto da poluição, baixa altura da água e grande quantidade de vagetação aquática, principalmente juncos, espécie esta que se está a tornar infestante. Sobrevivem aínda algumas enguias. Muitas aves usam este espaço não só para residir e nidificar mas, e mais correntemente, para fazerem pausas durante as suas migrações. Este é um papel de extrema importância, pois sem a existência de lugares como este as aves teriam mais dificuldades a realizarem as suas viagem de milhares de quilómetros. É pena que as pessoas não se apercebam da importância da Barrinha e que continuem a construir, despejar entulho e caçar na sua área. As autoridades têem-se mostrado incapazes de resolver o problema, e apesar de os vários concelhos poluidores já se terem reunido para tomar decisões, de a Quercus ter feito várias acções no terreno e de ter editado um livro sobre a Barrinha de Esmoriz e da vontade de algumas vozes esquecidas, apenas promessas ficaram no ar e a limpeza e o reordenamento necessário, bem como a denominação de Zona de Paisagem Protegida numca chegaram acontecer. A vida que ainda aqui existe não é mais do que um ensinamento que a Natureza nos dá.