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Laboratório de
Línguas Indígenas da UnB |
Ethnologue: Languages of the World do SIL |
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No que tange à América do Norte e à Central, este arrolamento tem por base a classificação de C.F & F.M. Voegelin (1964 e 1965) que também está resumida por Bright (1980). No que se refere ao Brasil, acompanha o livro de Aryon Dall'Igna Rodrigues (1986). Para o restante da América do Sul, segue o livro de Ernest Miggliazza e Lyle Campbell (1988). Para um leigo no assunto como eu, esses trabalhos têm a vantagem da simplicidade, pois se valem de uma hierarquia que geralmente não ultrapassa três níveis: tronco (filo), família e língua. Para a Meso-América (México, Guatemala, Belize e parte de Honduras) foi consultado também o trabalho de Terrence Kaufmann (1980). E vez por outra foi feita uma consulta ao site Ethnologue do SIL International (antigo Summer Institute of Linguistics ou, como se intitula no Brasil, Sociedade Internacional de Lingüística). A classificação de Kaufmann é mais complexa, e mais ainda a do SIL, por considerar um número mais amplo de níveis de inclusão. Esta última, além disso, adota um critério mais restrito para identificar línguas, que as torna bem mais numerosas.
As línguas não mais faladas, marquei-as com um asterisco (*). Certamente os diferentes autores só as incluem em suas classificações quando há sobre elas um mínimo de informação que permita fazê-lo. O fato de uma língua não ser mais falada não quer dizer que o povo que a usava não mais existe; pode ter simplesmente passado a falar uma outra, geralmente a do estado moderno ao qual está subordinado. De qualquer modo, não quis ser exaustivo na inclusão de línguas que não mais se falam; incluí quase que somente aquelas que constituem pontos de referência históricos. Ou então para fazer companhia à única língua viva de uma família e assim mostrar que ela não é isolada.
As unidades mais inclusivas, os troncos (ou filos) estão com seus nomes grafados em letras grandes e em negrito. Os nomes das famílias estão em letras de tamanho médio tipo fantasia. E os nomes das línguas estão em letras menores. Com poucas exceções, os nomes das línguas são os próprios nomes dos povos que as falam. Os diferentes etnônimos colocados numa mesma linha correspondem a uma só língua.
Os falantes das línguas desta família se concentram na parte noroeste do continente norte-americano (interior do Alasca, oeste do Canadá, noroeste dos Estados Unidos). As línguas mais meridionais da família e de certo modo espacialmente distantes das demais são a dos Navajo e as dos Apache do sudoeste dos estados Unidos.
Este tronco corresponde mais ou menos à unidade que o SIL denomina de Algic (Álgico), da qual exclui a família Muskogee. Desta, por sua vez desmembra uma família Gulf (Golfo) e uma família Coahuilteca, esta com uma única língua.
Para o SIL estas últimas quatro línguas (Natchez*, Atakapa*, Chitimacha* e Tunica*) constituem a família Gulf (Golfo do México), não incluída em unidade mais abrangente.
Para o SIL, esta língua (Tonkawa*) é a única integrante da família Coahuilteca, não incluída em unidade mais abrangente. O casal Voegelin, entretanto, põe a língua Coahuilteca como isolada dentro do filo Hoka.
O SIL não reúne as famílias Siouana, Iroquesa e Caddoana e a língua isolada Yuchi numa unidade mais ampla como o tronco Macro-Siouano.
Seneca, Cayuga, Onondaga Mohawk e Oneida são os nomes dos cinco povos que se confederaram na Liga dos Iroqueses; mais tarde os Tuscarora a eles se juntaram.
O SIL não reúne as famílias Kiowa-Tano e Uto-Azteca num tronco Azteca-Tano.
Tem cerca de seis línguas.
Era falada no sudeste do Piauí.
São as chamadas Jês do Norte. Se os falantes do Panará são os antigos caiapós do sul, embora estejam hoje no norte, o termonão se aplica propriamente a eles.
São as chamadas Jês Centrais.
São as chamadas Jês do Sul.
As línguas das famílias Camacã, Crenac e Maxacali são da região que inclui o sudeste da Bahia, o nordeste de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo.
Línguas da "zona da mata" mineiro-capixaba-fluminense.
As três primeiras são de Mato Grosso e a última, do oriente da Bolívia. A língua Umutina tem atualmente um só falante (Rodrigues, 1999, p. 168).
O casal Voegelin incluiu a família Esquimó-Aleuta num tronco Ártico Americano-Paleossiberiano. Entretanto, Austerlitz (1980) não vê relação genética entre as poucas línguas isoladas e a única família englobadas pelo termo "Paleossiberiano", que se refereria apenas a sua posição geográfica. Não vê também relação entre elas e o Esquimó.
Tenho visto caracterização do Esquimó como uma língua, mas que inclui vários dialetos cujos falantes, quando não vizinhos, não se entendem, até um desmembramento em dez línguas pelo SIL. O SIL distribui essas línguas em duas grandes divisões: Inuit, que vai do estreito de Bering pelo litoral norte do Alasca e do Canadá até a Groenlândia; e Yupik, no litoral do Alasca, desde o mesmo estreito para o sul e também do outro lado do estreito, na Ásia. Por sua vez o Inuit se subdivide em: Inupiatun, no Alasca; e Inuktitut, no Canadá e Groenlândia.
Migliazza e Campbell (1988, p. 179-188) consideram um tronco Macro-Chibcha. Entretanto, o SIL, além de nele não incluir as famílias Chocó e Misumalpa e a língua isolada Uarau, que aqueles autores também relutam em inserir, dele exlui ainda a família Barbacoa, a línguas isoladas Camsá e Paez. Talvez, pois, seja op caso de não tomar Chibcha como um tronco.
Estas são as línguas chibchas que estão mais ao norte, Paya em Honduras, Rama na Nicarágua e Guatuso no norte da Costa Rica.
O conjunto Talamanca, constituído por Cabécar, Bribri, Teribe e Boruca, fica no sul da Costa Rica.
A língua Guaymí é falada no oeste do Panamá.
Falada no leste do Panamá e na vizinha região colombiana do golfo de Urabá.
Cogui, Ica e Sanjá são faladas na serra de Nevada de Santa Marta; a Chimila, nas proximidades da mesma serra; todas na Colômbia. O SIL inclui a língua Chimila na família Chibcha, mas Migliazza e Campbell (1988, p. 183) a põem na Chocó.
Falada na serra de Perijá, fronteira Colômbia Venezuela.
A família Quéchua e a família Aimara costumam ser reunidas num tronco chamado Quechumara. Entretanto, Paul Heggarty, no seu site Quechua, apoiado também em outros estudiosos, afirma que, no estado atual dos conhecimentos, ainda não se pode decidir se os paralelos entre Quéchua e Aimara se devem a uma origem comum ou se a convergências devido à sua vizinhança espacial.
Este conjunto de dialetos se estende pela região andina peruana de Jauja para o norte até mais ou menos o paralelo 11° S.
Este outro conjunto de dialetos tem sua distribuição geográfica interrompida pelo outro. De um lado, estende-se de Cajamarca para o norte, pelos Andes peruanos, equatorianos e colombianos; entra pela Amazônia do norte do Peru e Equador oriental. De outro, estende-se pelos Andes de Huncayo para o sul do Peru, Bolívia e noroeste da Argentina. Por conseguinte, o dialeto falado por Cuzco, a capital do antigo império Inca, pertence a este conjunto.
Falada no altiplano da Bolívia.
Estas duas últimas variedades ou línguas são faladas próximo à capital do Peru, estando ambas sob ameaça de se extinguirem, sobretudo o Cauqui.
Línguas faladas no altiplano boliviano. O Uru, com menos de dez falantes perto do lago Titicaca, está quase extinto.
Rodrigues (1986, p. 66), considerando que as relações entre as línguas do conjunto Aruaque ainda são pouco conhecidas, não as distribui em subconjuntos, à espera dos resultados de estudos mais recentes. Como, além disso, dele desmembra a família Arauá, deixa de considerá-lo um tronco, como fazia anteriormente (Rodrigues, 1975, p. 4035).
Até aqui as línguas chamadas Tucanos Orientais, do alto rio Negro. Daqui por diante, as Ocidentais.
Mais de um autor admite uma família Macu-Puinave. Migliazza e Campbell (1988, p. 307) os acompanham, colocando tentativamente a Puinave junto com as línguas Macu, apesar da inexistência de estudos comparativos que clarifiquem a relação destas com aquela.
Os falantes dessa família estão na fronteira colombiano- venezuelana, junto ao rio Orenoco. Migliazza e Campbell (1988, p. 307-309) afirmam que Piaroa e Macó são mutuamente inteligíveis, por conseguinte são a mesma língua. E dizem que há quem admita que Ature seria o nome que se dava no passado aos próprios Piaroa. Logo, Ature poderia ser também a própria língua Piaroa.
Línguas faladas nos Llanos da Colômbia e Venezuela.
Os falantes destas línguas estão na fronteira entre Equador e Peru. Suas línguas são extintas, quase extintas ou com poucos falantes. Segundo o SIL, o Iquito tem 150 falantes; o Arabela, em 1998, tinha 100 falantes numa população de 400; o Cauarano tinha cinco falantes em 1976; o Záparo tinha cinco ou seis em 1996. Sobre o Tauxiro, o SIL não faz referência.
Os miranhas do Peru falam um dialeto dessa língua. Já os miranhas das vizinhanças de Tefé (AM) já não falam língua indígena.
Para o SIL, o Uitoto seria uma categoria mais ampla dentro da qual estão o Uitoto, o Meneca, o Murui, o Nipode. Um dos sinônimos de Nipode é Uitoto Muinane.
Os representantes desta família ficam no rio Amazonas, no Peru, logo antes de entrar no Brasil. O SIL só faz referência às línguas Yagua e Yameo.
Suárez (1980) endossa a admissão por Mary Ritchie Key de uma relação genética entre as famílias Pano, Tacana, Mosetén e a língua Iucararé, do sudoeste amazônico, com as famílias Araucana, Chon, Alacaluf e as línguas Puelche e Yámana, do extremo sul do continente, que assim formariam um tronco. Migliazza e Campbell (1988, pp. 188-209) aceitam essa suposição e acrescentam a esse tronco Macro-Pano a família Ianomâmi.
No alto rio Madre de Dios, da bacia do Madeira, no Peru.
O SIL considera ambas como uma única língua.
São línguas do Chaco paraguaio. O SIL não faz referência ao Angaité. Dentre os dialetos do Guaná, o SIL enumera o Layana e o Echoaladi. Nas línguas da família Aruaque há também uma chamada Guaná*, extinta, da qual o SIL dá Quiniquinao como sinônimo. Essas observações valem aqui porque eses nomes estão relacionados á história dos Terenas.
Não se confunde com Macu (nome de uma família lingüística) e nem com Macó (língua da família Sáliva). Em 1964 havia somente três falantes do Macu, dos quais um com 45 e outro com 50 anos de idade junto à ilha de Maracá, no rio Uraricuera, estado de Roraima (Migliazza, 1965). Por conseguinte está à beira da extinção.
AUSTERLITZ, Robert. 1980. "Paleosiberian Languages". Encyclopaedia Britannica (Macropaedia). 15ª edição. Chicago.
BRIGHT, William O. 1980. "North American Indian Languages". Encyclopaedia Britannica (Macropaedia). 15ª edição. Chicago.
KAUFMAN, Terrence. 1980. "Meso-American Indian Languages". Encyclopaedia Britannica (Macropaedia). 15ª edição. Chicago.
MIGLIAZZA, Ernest. 1965. "Fonologia Máku". Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nova Série, Antropologia, n° 25. Belém.
MIGLIAZZA, Ernest & Lyle CAMPBELL. 1988. Panorama General de las Lenguas Indígenas en América. Vol. 10 (coordenado por Ronny Velasquez) de Historia General de América (dirigida por Guillermo Morón). Caracas: Academia Nacional de la Historia de la Venezuela (e também Asuntos Culturales de la OEA, Comisión de Historia del IPGH, Universidade Simón Bolivar).
RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. 1975. "Línguas Ameríndias". Grande Enciclopédia Delta-Larousse, vol. 9, pp. 4034-6. Edição revista e atualizada. Rio de Janeiro: Delta.
RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. 1986. Línguas Brasileiras — Para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola.
RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. 1999. "Macro-Jê". Cap. 6 de The Amazon Languages (R.M.W. Dixon & A.Y. Aikenvald, orgs.). Cambridge: Cambridge University Press. pp. 164-206.
SUÁREZ, Jorge A. 1980. "South American Indian Languages". Encyclopaedia Britannica (Macropaedia). 15ª edição. Chicago.
VOEGELIN, C.F. & F.M. 1964. "Languages of the Word: Native American Fascicle One". Anthropological Linguistics 6 (6). A publication of the Archives of Languages of the World, Anthropology Department, Indiana University.
VOEGELIN, C.F. & F.M. 1965. "Languages of the Word: Native American Fascicle Two". Anthropological Linguistics 7 (7). A publication of the Archives of Languages of the World, Anthropology Department, Indiana University.
ESTUDIOS DE LINGÜÍSTICA CHIBCHA. Este periódico da Unidversidad
de Costa Rica tem o sumário de seus volumes em um site:
http://cariari.ucr.ac.cr/~filo/publicaciones/chibcha.htm#XV
HEGGARTY, Paul (Dept. of English Language and
Linguistics, University of Sheffield). Quechua
http://www.shef.ac.uk/q/quechua/
SIL INTERNATIONAL (antigo Summer Institute of
Linguistics). Ethnologue: Languages of the World
http://www.ethnologue.com/.
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