A Segurança na Caminhada é do Guia da Chapada
Associação dos Condutores de Visitantes
da Chapada dos Veadeiros


METODOLOGIA

        Nossa proposta de curso tem um caráter participativo com as comunidades envolvidas no processo de implantação da atividade ecoturística numa região; elas detém conhecimentos práticos sobre a natureza que é um acervo cultural riquíssimo que precisa ser resgatado e valorizado para ser dado a conhecer a outros brasileiros ou estrangeiros que visitam o interior do Brasil.
        As comunidades que vivem perto de atrativos naturais, normalmente não tem acesso ao ensino formal ou aos bens de consumo culturais para que possam entender por si mesmas os processos que possibilitam a um lugar ser um atrativo ecoturístico e manté-lo com qualidade ambiental compatível com a atividade.
        O resgate e valorização de sua própria cultura é o primeiro passo para criar a auto-estima necessária para perder a timidez, valorizar seus conhecimentos e saber comunicá-los aos visitantes.   Um ex-garimpeiro da ACV-CV tem dois motivos para ter orgulho: primeiro, de que era garimpeiro de cristal, e se não fosse pela sua atividade não haveria relojinho digital ou computador, ou sistemna de comunicação neste mundo (e isso já cria uma ligação direta entre o visitante que usa esses bens e o guia com sua atividade anterior); e o segundo motivo é que ele garimpava dentro de um Parque
 

O contato com uma nova cultura dá ao
visitante a possibilidade de sentir uma
integração maior com a natureza.....

Nacional quando ninguém ligava prá isso, e hoje ele ajuda a preservar um dos lugares mais bonitos do Brasil, garantindo para futuras gerações a beleza e intregridade do lugar.
        A partir daí, aquela ligação direta se torna uma relação de simpatia, propícia à disseminação de outras informações relativas ao meio cultural dos guias, como o uso das plantas, das rochas, hábitos de animais, enfim, tudo o que compõe o acervo de informações de um guia para um grupo no atrativo cultural. Uma vez uma guia da ACV-CV, nativa de São Jorge, casada, mãe de 8 filhos, mostraba as plantas do cerrado para seu grupo, e comentava 'as gargalhadas que na Chapada o melhor tratamento para nervosia era uma série de chás, começãndo com o verga-tesa, passando por pau-doce e acabando com chá de gritadeira-do-cerrado, aludindo a uns afrodisíacos usados pela população local, e presentes ao longo da trilha. Em momentos como esse cria-se um elo entre visitante e a natureza numa espécie de volta ao encantamento, perdido com a visão cientifica, fragmentada, e enquadrada na realidade social. (Neste momento, é impossível imaginar alguém perguntado se o verga-tesa é aprovado pelo Ministério de Saúde).
        O contato com uma nova cultura desvinculada de seus próprios parâmetros é que dá ao visitante a possibilidade de sentir realmente uma integração maior com a natureza e aquela sensação de liberdade e de bem-estar propiciados por uma caminhada ou outra atividade ecoturística, guiados por pessoas de outro meio cultural, com informações novas sobre o uso de recursos naturais.
 

CURSOS BÁSICOS

Grade Curricular Mínima

Primeira Parte - Coneitos de Ecoturismo; Princípios de Vida Sustentável; Tentativas Brasileiras em preservar àreas naturais: os Parques Nacionais e outras unidades de conservação, oficiais e particulares. O que é um Plano de Manejo de uma área.

Segunda Parte - A ecologia da região; levantamento participativo da história e geografia; a origem dos nomes de rios, montanhas e povoados; as principais fontes de renda dos moradores, a população atual, distâncias dos principais centros urbanos, índices pluviométricos e regime de chuvas; meteorologia prática. As principais fitofisonomias do Cerrado; a flora da região; quais as espécies mais úteis à população local, e dessas quais as endêmicas; outras espécies úteis não utilizadas; conversas de raizeriros, como entender os nomes científicos. Fauna: os bichos mais vistos do lugar, como eles se comportam, as espécies ameaçadas de extinção.

Terceira parte - As 4 principais funções de um guia e sua relação com a natureza; as técnicas de caminhada em grupo e de excursionismo de mínimo impacto. Guiando preventivamente, evitando acidentes: conceitos de segurança em trilhas e em lugares longe de cualquer ajuda. Primeiros socorros em trilhas, as ocorreências mais frequêntes e como tratá-las.

Quarta Parte - De bem consigo mesmo, com a natureza e com o visitante: apresentação pessoal, roupas adequadas, banho tomado. O Kit guia: equipamentos obrigatórios. Saber falar, saber calar na trilha. O que o visitante espera numa visita à natureza.

Quinta Parte - Como continuar o treinamento; avaliação participativa e monitoramento da atividade. Constituindo uma associação, formação de treinadores. Reciclagem sempre, durante toda a vida. Como conseguir apoio de financiadores e ONG´s. Questões de gênero.

Voltar


 

Envíe um mail para rap@tba.com.br comentando este web site.
Copyright © 1998 ACV-CV Associação dos Condutores de Visitantes da Chapada dos Veadeiros
Última Alteração: Outubro 06, 1998 1