Balbina Silvão

A ginástica escolar : 3-2=1


A introdução da disciplina de ginástica nas escolas é uma medida de grande alcance educativo, fundamental para o desenvolvimento integral dos alunos, pois a Escola não se deve limitar apenas a ensiná-los a ler e a fazer contas, devendo, também, assegurar a sua formação nos campos do espiritual e do físico. Fazer ginástica não só promove o crescimento das crianças como fomenta a sua socialização e educa a rapaziada na observância de regras de conduta e de disciplina. E é sempre agradável ver os alunos todos alinhados em formatura a praticarem ginástica.

Mas quantas horas de ginástica deve haver nos currículos? Esta é a grande questão de fundo pois quanto ao mais, toda a gente está de acordo. Os currículos actuais estabelecem 3 horas semanais. Mas não será demasiado? Pensemos um pouco de cabeça bem fria. As actividades desenvolvidas na ginástica são, basicamente, correr (quer corrida-corrida, quer correr atrás de uma bola ou com a bola nas mãos), saltar (de todas as formas menos o salto em pára-quedas), atirar objectos (vara, peso, disco) e nadar. Ora, já toda a gente deve ter reparado que as crianças, nos intervalos das aulas, fazem disto tudo um pouco. Correm, e correm que se fartam, quando brincam ao esconde-esconde, quando trepam às árvores e muros e dão grandes saltos, quando jogam futebol. Nunca param quietos, acompanhando sempre estas actividades físicas próprias do brincar com uma outra não menos importante para o desenvolvimento dos pulmões e das cordas vocais : gritam que se fartam, a tal ponto que os vigilantes têm de usar tampões anti-ruído.

Reparemos ainda que a maioria dos alunos têm uma média de 4 intervalos diários de 10 minutos, que, claro, não são inteiramente dedicados à brincadeira, pois têm de ir à casa de banho e à cantina. No entanto, podemos estimar, com grande margem de segurança, que pelo menos 10 minutos do total de 40 são inteiramente dedicados à pratica de actividades de ginástica informal, fazendo um total por semana de 60 minutos - 1 hora. Se a esta hora acrescentarmos mais uma, no mínimo, dedicada à prática de ginástica informal fora da Escola - quer a jogar futebol nas ruas, quer a correr para apanhar os autocarros ou muito simplesmente a andarem a pé - temos um total de 2 horas/semana dedicadas à prática de ginástica informal, mas tão ou mais importante do que a praticada nas escolas. E estas considerações não tomam em linha conta que é habitual as escolas oferecerem como actividades extracurriculares a prática de várias modalidades desportivas, nomeadamente a ginástica. Terá sentido, então, que a organização curricular obrigue à prática de 3 horas de ginástica? Claro que não tem. Está-se mesmo a ver que quem fixou esta carga horária semanal nunca tomou em consideração o tempo despendido pela miudagem na prática informal de ginástica, nem nas actividades extracurriculares desportivas, pois se o tivesse feito chegaria à conclusão evidente : basta 1 hora por semana de ginástica nas escolas! A Matemática é infalível : 3 - 2 = 1

A redução de 3 h/semana para 1h/semana só trás vantagens acrescidas:

Como se vê o valor acrescentado pela redução da carga horária da disciplina de ginástica para 1h/semana justifica plenamente que no próximo ano lectivo tal venha a ser implementado. Claro que será preciso publicar um diploma que confira força de lei a esta medida de gestão racional da carga horária da disciplina de ginástica. Os estudos técnicos já estão bastante avançados e falta apenas que os jurista lhe dêem aquela forma que só eles sabem dar.


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Balbina Silvão

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