Nuvens de tempestade oprimem, nuvens de tempestade pairam
Neve esvoaçante ilumina-se
Pela lua cuja forma cobre
Nublaram os céus, nublaram a noite

Continuamente nossa carroça avança
O pequeno sino toca din-din-din...
Em volta é vasto, o desconhecido se extende
Terror, terror rasteja por perto

- Mais rápido, cocheiro!
- Não posso, senhor, perdoe:
Os cavalos, senhor, estão quase mortos
Estou cego, tudo está embaçado
Tudo está coberto pela neve: não posso ver adiante
Senhor, digo abertamente
Nos enganamos, perdemos a trilha

O que NÓS podemos fazer, quando um demônio
Nos rodeia em torno do vale ?
Ali, olhe, ali ele está brincando contente
Bufando, bafejando em meu percurso
Ali, você vê, na vala
Empurrando o cavalo histérico;
Agora na minha frente, sua figura
Surgindo como um marco de estrada
Aproximando-se, tornando-se maior
Inflamando-se, fundindo-se na escuridão

Nuvens de tempestade oprimem, nuvens de tempestade pairam
Neve esvoaçante ilumina-se
Pela lua cuja forma cobre
Nublaram os céus, nublaram a noite

Nós não podemos retornar mais
Subitamente, o sino cessou
os cavalos estancaram...- Ei, o que há de errado ali ?
"Quem pode dizer -- um tronco ? uma besta ?
A fúria da nevasca, o choro da nevasca,
Cavalos ofegando, atacados pelo medo
Longe sua figura voando;
Tranqüilo no nevoeiro, os olhos brilham;
Cavalos nos arrastam em movimento
o pequeno sinho toca din-din-din...
Eu contemplo uma estranha comoção

Espíritos maus reunem-se
Diversos demônios horríveis, girando
No leitoso nevoeiro do luar
Elevando, agitando, girando
Como as folhas nos dias de outono...

Que multidão ! Para aonde estão sendo carregados ?
O que é a triste música que ouço ?
É um demônio sendo sepultado,
Ou uma bruxa casou-se ali ?

Nuvens de tempestade oprimem, nuvens de tempestade pairam
Neve esvoaçante ilumina-se
Pela lua cuja forma cobre
Nublaram os céus, nublaram a noite

Multidões de demônios vêm se reunir
Esbarrando no cume sem fim
Uivos enchendo o vale esbranquiçado
Gritos tristes rasgam meu coração

1830