Do seu mérito já ninguém duvida - valor que não é contestado até mesmo quando ideologicamente combatido ou esteticamente comentado com severidade negativa. O caso dos heterônimos é, ou assim parece, o primeiro ponto de mira com que atrai curiosidades e leitura.
Esse desdobramento em nomes, biografias, obras e artes diferentes, é menos inédito, aliás, do que poderíamos supor, embora, fora de dúvida apaixonante. Os heterônimos (tratado neste estudo através da figura de Álvaro de Campos, futurista do século XX) são expressões necessárias da personalidade de Fernando Pessoa, conforme ele mesmo admite, mas que mais tarde, tornaram-se parte essencial de seu universo intelectual.
A novidade, que é a criação dos heterônimos e, das características especiais da personalidade deles. É por não ter nunca certeza do nada, é por desconfiar da existência do mundo material à sua volta, por lhe parecer tão real - ou irreal - o que pensa quanto o que percebe sensorialmente, enfim, por não saber quem é, nem quantos são, nem mesmo se é, por tudo isso ele se projetou nesses personagens fictícios, que usam de sua mente e de seu corpo para existir ou, pelo menos, para pensar e escrever.
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