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Espelho de Água  -- Conjuntura e Medidas Estruturais


ESPELHO DE ÁGUA NO GILÃO
CÂMARA MUNICIPAL DE TAVIRA LANÇA CONCURSO DE IDEIASTavira - Gilão - Colina de Santa Maria

"É já antiga em Tavira a ideia de criar no Rio Gilão, relativamente ao seu curso no centro da cidade, um espelho água permanente. Contudo, só em 1998 foram promovidas pelo Município diligências formais junto das autoridades portuárias para início dos estudos.
Depois disso, o Instituto Portuário do Sul (IMP) e a Câmara, iniciaram reuniões e estabeleceram tarefas com vista ao desenvolvimento dessa pretensão.
Entretanto, ainda em 1999, a autarquia contratou um gabinete projectista para a preparação de um trabalho rodoviário que, eventualmente, poderá assentar sobre a solução hidráulica a desenvolver.
Durante o ano 2000 não houve grandes desenvolvimentos relativos ao caso. Actualmente, no entanto, a vontade do IMP e da CMT evoluíram para a convergência do lançamento de um Concurso de Ideias, estando também assegurado o contributo da Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território, garantindo assim as condições evolutivas deste processo." 

Esta foi, embora resumida, a forma preambular como o presidente do município tavirense, Eng.º. José Macário Correia, aduziu elementos esclarecedores na conferência de imprensa do dia 24 de Abril, através da qual foi divulgada a deliberação do executivo, que consistiu em:

1 - Lançar um concurso de ideias nos termos e bases estabelecidos no respectivo anexo;
2 - Promover a ampla divulgação do concurso junto de todos os eventuais concorrentes e envolver a participação da população na colaboração com o júri para a escolha da melhor solução;
3 - Aprovar a decisão que recair sobre a proposta em minuta, nos termos do disposto no n.º. 3 e para os efeitos do preceituado no n.º. 4 do Art.º. 92º. da Lei 166/99, de 18 de Setembro. 

Como concorrentes foram definidos gabinetes de consultores e projectistas com especialidade em hidráulica, devendo a caracterização sumária da ideia conter adequada
fundamentação técnica.
Foi ainda estabelecido que as propostas não poderão agravar as soluções decorrentes de elevada pluviosidade, quer a montante, quer a jusante das intervenções a apresentar. As soluções também não poderão ser avaliadas tendo em conta a eventual barragem que venha a ser construída.
A entrega dos trabalhos deverá ocorrer até 30 de Maio de 2001, na Câmara Municipal de Tavira.
Ao vencedor poderá ser adjudicado o projecto e ao 2º. e 3º. classificados serão atribuídos prémios de 500 e 250 contos, respectivamente.
O Júri deste Concurso de Ideias será constituído por sete membros, em representação das seguintes entidades:
-Câmara Municipal de Tavira;
-Instituto Marítimo Portuário;
-Instituto Portuário do Sul; 
-Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território;
-Capitânia do Porto de Tavira;
-Ordem dos Engenheiros;
-Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas. 


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CONJUNTURA E MEDIDAS ESTRUTURAIS

O Embaixador José Cutileiro escreveu: "Desde que repudiou o Protocolo de Quioto, George W. Bush tem sido atacado por toda a gente... indignação com o 43º Presidente dos EUA que quer destruir o futuro... convém pôr as coisas em perspectiva. Primeiro, o fundamento científico das medidas preconizadas no Protocolo está longe de ser sólido. Segundo, a adesão de Bill Clinton obrigava os EUA a muito menos do que se procurou dar a entender - e no Senado, cuja ratificação seria necessária, estava o unanimemente contra. Terceiro, os outros países industrializados..., como os EUA, precisam de energia e precisam de manter as suas empresas competitivas. Proteger as gerações vindouras é tarefa no âmago do dilema utilitarista, bem conhecido de quem tenha tentado perder peso ou deixar de fumar --em que condições se deve sacrificar o prazer imediato para poder vir a gozar de um prazer futuro? Com a complicação de, neste caso, a recompensa não vir a ser dada a quem se sacrifique, mas aos seus filhos e netos...
Déspotas iluminados talvez pudessem tomar depressa as medidas consideradas necessárias para suster o aquecimento global; em democracia de voto e sondagem, vai demorar muito tempo."
Temos de agradecer ao Embaixador J. Cutileiro por nos ter mostrado como pensa a classe política das maiores potências e, por arrastamento, a dos países economicamente mais débeis. A conjuntura --política do tapa-buracos-- tem de prevalecer sobre medidas estruturais entendidas por necessárias. Só porque se vive em democracia... A gente que tem mais poder e que manda pensa -e pensará?- que haverá sempre tempo para rectificar e reequilibrar as condições de vida no planeta Terra. O astrofísico Hubert Reeves não tem tal entendimento, nem o grupo de cientistas congregados no Painel Internacional para as Alterações Climáticas (IPCC). Atentemos no que nos diz este Painel. 
Desde a Revolução Industrial (1750) as concentrações de dióxido de carbono aumentaram 31 %, acréscimo sem precedentes nos últimos 25.000 anos. Desde a mesma data o metano registou mais 151% fazem parte do conjunto de gases que provocam o efeito de estufa - alguns especialistas chamam-lhes gases fatais - que também inclui os halocarbonetos - o CFC também destrói o escudo defensivo que constitui a camada de ozono e o óxido nitroso. Todos eles são necessários para a vida na Terra mas em percentagens apropriadas. Acontece que as que se estão a verificar já representam uma sobredosagem que, obviamente terá efeitos nefastos.
O organismo internacional IPCC avisa-nos que os cenários de vida no nosso planeta, para o século que começou, são deveras alarmantes. Se forem tomadas medidas estruturais, com vista a suster as agressões às condições naturais, talvez se possam a atenuar algumas das consequências que já se ensinam bem negativas. Pelo contrário, continuando a reger-nos pelo imediatismo, então no futuro próximo ter-se-á de contar com maléficos desenvolvimentos em cadeia, provavelmente letais. Abrir-se-á a caixa de Pandora?...
Para que não fiquem em saco-roto, escalpelizemos e desmontemos sumariamente os argumentos das gentes da acção política. A falta de solidez do fundamento científico das medidas preconizadas no Protocolo de Quioto é, no mínimo, um sofisma. Nesta matéria é impossível apresentar fundamentação sólida, de ciência exacta. A crítica séria só poderá incidir sobre as bases quantificáveis que permitem inferir, em projecção, os cenários negativos conhecidos. Aqui, nesta área, o único método viável é de aproximações. Seria outro se já soubéssemos o que nos falta conhecer... e não é pouco!
Quanto à questão, pseudo-polémica, do prazer imediato versus prazer futuro, seria bom se fizesse alguma reflexão sobre os novos problemas das camadas mais jovens que têm vindo à luz do dia. A moda é o prazer radical e para já, sem haver o cuidado mínimo de se medirem as consequências nefastas mais evidentes. Parece que se deixou de dizer aos educandos, nos lares e nas escolas, que a vida e tudo o que nos rodeia está sujeita e funciona com equilíbrios regularmente instáveis. Quando há abusos ou excessos, normalmente pagamos por isso. Não vale a pena chorar pelo leite derramado porque já não iremos a tempo de prevenir seja o que for. Nem de remediar !
Não, o que está em causa não é qualquer prazer futuro. É uma vida humana com a qualidade mínima para as gerações vindouras e para as actuais mais recentes. A continuarmos a agredir a Natureza, como nos últimos decénios, será que a vida humana terá futuro?!?...
Agora ninguém pode saber se, num determinado ponto da fita do tempo, serão eficazes as medidas estruturais que se vierem então a tomar para evitar o pior. Quem conhece a probabilidade primária também não esquece o saber antigo: O seguro morreu de velho e não deixes para amanhã o que podes e deves fazer hoje.
Só por presunção e arrogância é que se pode dizer que se sabe o suficiente dos mecanismos naturais para ainda podermos estar descansados. Não é honesto afirmar-se que, de acordo com a experiência, na Natureza tudo se regenera e tende a recuperar o que se degradou. Deixar para depois a aplicação de medidas estruturais, é agora justificado como um modo de ganhar tempo. Será mesmo?!? Não servirá de nada queixarem-se, amanhã pode ser tarde e já não haver tempo...
A. Raposo

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