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Este sou eu, depois de uma noite de copos,quando tive que tirar a foto para o BI !
O meu nome (entre outros) é David Marques. Já nasci faz bastante tempo, e não tenho signo porque a minha família era muito pobre, e a minha mãe não mo comprou na altura. Cresci eu, triste como a noite,(por não ter signo) perto do local onde vim ao mundo ali para os lados de Santa Maria da Feira. Os tempos eram difíceis. A massa viva do País, sofria vergada (mas não quebrada) á prepotência e insanidade de uma ditadura fascista. A guerra colonial vestia de preto a alma e os corpos das familias lusas. Eu na escola, ainda sem grande consciencia social e politica, começava as aulas de pé, juntamente com outros marmanjos (as outras era na escola ao lado!) a cantar (essa era a ideia) a Portuguesa. O ritual, obrigatório aliás, era seguido de perto por duas fotos omnipresentes de Marcelo Caetano e Salazar penduradas por cima do quadro preto e separadas por um crucifixo. Depois era a tabuada, as cópias, as contas de dividir e as reguadas nas mãos. Mais tarde veio a revolução e a democracia. O liceu tambem!. Aparece o FM estereo da Rádio Comercial e com ele os dias da rádio. António Sérgio e o Som da Frente eram referência obrigatória. Duas horas de culto diário durante alguns anos fizeram "mossa" no meu perfil musical.Aquilo era música para os meus ouvidos.Nada foi como dantes.Entretanto já havia as garinas. Apareciam os primeiros contactos com a vertigem da velocidade em duas rodas. Suspensão desportiva, forqueta rebaixada, escape de rendimento, capacete branco de pala (daqueles que tinham o selo da DGV , vulgo "penico") e era ver-me a abrir com a minha Kreidler de 3 velocidades de punho.
A Universidade era já ali. Coimbra e o Departamento de Engenharia Electrotécnica da Universidade estavam á minha espera em 83. Depois foi a Rádio Universidade. A rádio outra vez, só que agora do lado de dentro. O etér fervilha e sente-se algo de novo no ar.São as rádios piratas. É a emoção do clandestino e em muitos casos, o ridiculo do amadorismo. Eu e mais alguns, colocamos no ar a primeira emissão da Rádio Antena Tesa (hoje Rádio Club da Feira). Momentos áureos os que se seguiram. Livres de qualquer espartilho politico/financeiro, o pessoal dava largas á imaginação e á criatividade. Era a verdadeira e insondável riqueza dos extremos. Surgiam verdadeiras revelações juntamente com autenticas e intragáveis bostas.A Música Moderna Portuguesa entranhava-se no meu discurso. A "Dansa dos Herois" na Rádio Club da Feira corporizava essa minha Lusa paixão.Havia projectos hilariantes e originais. Bateau Lavoir, Emasfoice, General Inverno, entre tantos outros. Kome Restos (alô Pinhal Novo) com temas "Morte aos Ciclistas" e "Levei meu cão a passear" e com o não menos importante e verdadeiro hino feminino, "As Bóias", eram o exemplo da irreverencia e da marginalidade que preenchiam alguns (infelizmentes já extintos) dos projectos musicais alternativos. A cerveja, em Coimbra, bebia-se, como hoje, no Académico, no ETC, no Museu, no Moçambique, na States e na queima. Depois foi sair de Coimbra e ir trabalhar para os CTT ( hoje Portugal Telecom). Já com uns cobres na algibeira vai de comprar uma Honda Transalp 600V. A mãezinha ia-se passando. Eram os tempos da Pildrinha, Dacasca, Smile ali para os lados de Ovar e Esmoriz. O Porto, era ás vezes e tambem as concentrações de motas.Farto dos CTT, fui fazer uma perninha na Decada Informatica no Porto. Ávido de mais potência, toca a trocar a Transalp por uma Suzuki GSXR 1100. Lá se foram mais uns cobres. Depois surgiu a Televisão Independente e cá estou eu a mexer nos Emissores da TVI, mas só nos do norte. A noite continua a ser única, mas tem que ser bem regada.
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