Mudança de hábito ajuda a tratar insônia



Percepção individual, relação com outras doenças, uso de medicamentos, alternância de horários e alimentação inadequada são aspectos que estão associados a possíveis distúrbios do sono e afetam diretamente as atividades do nosso dia-a-dia. Quando se fala de insônia mais do que o desconforto geral, a saúde torna-se bastante prejudicada em decorrência de um sono comprometido e, em tempos de globalização da vida moderna, o problema torna-se bem sério e cresce a cada dia. Contudo, as atuais abordagens clínicas são bem-sucedidas, já se conhece muito sobre insônia e como tratar desse distúrbio tão presente nos dias de hoje.


Novo conceito sobre insônia


"Ao menos 7 horas de sono são indispensáveis para obter um devido descanso físico e mental", assim recomenda Ademir Baptista da Silva, neurologista da Universidade federal de São Paulo (Unifesp). O alerta do médico se relaciona ao descanso apropriado e obedece a critérios individualizados, esse tempo de sono deve ser priorizado por uma questão de saúde. Diante disso hoje se reconhece até mesmo um conceito moderno de insônia, o qual vincula o distúrbio a quem não dorme ou dorme mal. "Hoje, considera-se com o distúrbio quem demora para dormir, acorda muito cedo, desperta durante a noite ou não teve um sono reparador", diz ele. Além disso, muitos são os fatores que geram a insônia e várias são as classificações médicas que existem para objetivar uma terapia para minimizar os impactos causados para a produtividade humana.


Como são os tipos mais comuns de insônia


Em resumo, a insônia é dividida em primária - caracterizada pela dificuldade cerebral em adormecer - e dentro dessa encontram-se três tipos: a idiopática (pessoas que têm os mecanismos de fazer dormir frágeis), psicofisiológica (causada por um fato marcante na vida) e outra conhecida como insônia por impercepção do estado do sono. Segundo o médico, as primárias são menos freqüentes, porém o tratamento é difícil e em alguns casos podem ser crônicas e durar anos até se conseguir bons resultados.


Já as insônias secundárias, com maior prevalência populacional e muitas vezes com caráter agudo ou transitório, têm outro fator que leva ao seu aparecimento, ou seja, é propiciada pela altitude, uso de determinados remédios, depressão, apnéia ("ronco"), ansiedade, movimentos corporais, asma, inadequação de horários de trabalho, ruídos e outros fenômenos que podem agir durante o sono e perturbar o ciclo cicardiano. Assim, pode mudar o ritmo dia/noite e interferir no avanço ou atraso de fase horária. "Em todos esses casos existem tratamentos e para isso é fundamental um bom histórico clínico, já que temos uma gama de doenças que causam insônia e um grupo de insônia que causa por si só", diz Baptista, que informa que as mulheres são mais afetadas e que o problema atinge mais as pessoas acima dos 50 anos.


Medicamentos e terapias comportamentais


Outro fator que deve ser considerado vem a ser a duração da insônia, que em casos agudos pode depender de um serviço de emergência tanto quanto um enfarto, por exemplo. Em detrimento disso, as insônias necessitam de avaliação criteriosa antes de se propor um tratamento, por isso deve-se ponderar o uso de medicamentos para dormir. "É preciso fazer uma verificação geral e checar todos os dados e inclusive o histórico revelado pelos pacientes", diz o neurologista, que indica remédios em casos bem específicos e não de imediato como preferem muitas pessoas.


Após o diagnóstico pormenorizado, o que também se preconiza atualmente é o tratamento não medicamentoso por meio da mudança de hábitos aliada à conscientização do problema. Conhecida por terapia cognitiva-comportamental, essa é uma alternativa viável e composta de medidas simples que ajudam a controlar o sono. Indicada por grande número de especialistas em distúrbios do sono, é uma das formas mais eficazes de combater a insônia e através da programação de horários para dormir, evitar estímulos como barulho, temperatura, luz, consumo de álcool e cafeína e adoção de técnicas de relaxamento. São mecanismos que produzem resultados bastante satisfatórios para muitas pessoas e dependem do vínculo efetivo dos pacientes para um controle desse problema de saúde. "Definimos o sono como um bom hábito e só pode ser reparado com o próprio sono", diz o médico Ademir Baptista da Silva.


Danilo Tovo
www.bancoreal.com.br - set/2002

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