Mudança do estilo de vida e autoconhecimento. Com uma abordagem ampla e que não se restringe a tratamentos convencionais, o Prato (Projeto de Atendimento ao Obeso) desenvolve proposta terapêutica que vincula a obesidade à realidade de cada pessoa. Após seis anos em atividades junto ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o projeto também dispõe de um nova pesquisa que relaciona medicamento e psicoterapia e tem o objetivo de buscar formas distintas de tratar obesos sob outro ponto de vista. "Através da psicoterapia permitimos que a pessoa aprenda a se olhar e identificar suas emoções, sentimentos e percepções", diz Arthur kaufman, psiquiatra e coordenador do Prato. O trabalho não adota fórmulas temporárias ou medidas milagrosas para atender aos pacientes obesos, mas tem como meta conscientizar as pessoas diante dos motivos que levam à obesidade, que é uma patologia resultante da combinação de fatores genéticos, metabólicos, sociais, psicológicos entre vários outros. "Assim podemos dizer que a obesidade é uma doença do estilo de vida", diz o médico, enfatizando que muitas pessoas substituem pela comida prazeres que não são preenchidos no dia-a-dia. Vida sexual Alteração de hábitos e reuniões periódicas em grupo são feitas junto ao Prato, que atualmente é voltado ao público feminino. O trabalho dura três meses e as pessoas que participam devem ter entre 20 e 50 anos, primeiro grau completo, estarem dentro dos padrões médicos de obesidade, além de não ter outras patologias associadas. De acordo com o psiquiatra, não há homogeneidade no perfil dos obesos, mas características comuns são bastante freqüentes e ligadas a vários transtornos afetivos, profissionais e inclusive sexuais. "Muitas mulheres também engordam para evitar pensamentos extraconjugais ou não ter uma vida sexual. O vício da comida não é muito diferente de quem faz uso de drogas", diz ele. A ingestão de alimentos mais energéticos e conseqüentemente com mais calorias e engordativos ilustram o especial apetite de obesos, que dão preferência a comidas mais quentes, doces, massas e, segundo médico, relacionadas à infância. "Muitos tentam fazer a materialização do afeto por meio da comida, depois costumam ter sentimento de culpa, entram em depressão e voltam a comer. Dessa maneira formam um ciclo vicioso que prejudica muito a saúde", diz Kaufman. Por isso, a técnica em grupo pode funcionar devido a discussões mediadas por troca de experiências comuns e situações similares diante da falta de controle alimentar. Outras atividades Outra peculiaridade desse trabalho são as atividades que compõem o cardápio do Prato, convergem para gerar a transformação do estilo de vida e dependem de participação efetiva de todos os envolvidos. "Tudo precisa ser feito de forma conjunta", diz o médico. Além das sessões de psicoterapia, orientação nutricional, ginástica, biodança e até dança do ventre são oferecidas no projeto. Toda a inadequação alimentar de padrões saudáveis são debatidas no Prato, porém regimes a curto ou longo prazo não fazem parte das atividades. A mudança do estilo de vida, sem cobranças ou imposição de regras a serem cumpridas é a prioridade estabelecida nesse trabalho. "Propomos uma modificação para o padrão de comportamento, já que as decepções e frustrações são compensadas pela comida", diz Arthur Kaufman. Danilo Tovo www.bancoreal.com.br/medico - abr/2002 |