O bruxismo, distúrbio involuntário que acomete as pessoas que rangem ou apertam os dentes em situações particulares, causa dores de cabeça, no ouvido e tensão nos músculos faciais. O sono pode não ser reparador e o comprometimento abrange desde a mastigação até aspectos psicológicos. Ainda não existe a cura definitiva para a doença, mas ela pode ser atenuada desde que tratada com profissionais especializados.
Conseqüências podem ser muito graves
O problema é pouco perceptível e se manifesta mais durante o sono. Porém, ao longo da vida o bruxismo pode se agravar e acarretar em muitas seqüelas para a nossa saúde. "O bruxismo pode impedir a abertura da boca, provocar estalos, gera dor crônica e atinge outras regiões do corpo, como a coluna cervical, por exemplo, em função da força exagerada que se faz na articulação do rosto", diz Marcelo Bolzan, dentista e pesquisador na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Causas do bruxismo ainda são desconhecidas
O bruxismo é considerado pelos cientistas como distúrbio do sono e as principais conseqüências estão associadas junto às articulações, musculatura do rosto e com sério reflexo nos dentes. "Em quadros graves pode desgastar totalmente a dentição, mas em média desgasta 50% dos dentes. Nos homens, há pouca dor e muita destruição. Nas mulheres, muita dor e destruição dental menor", diz Bolzan.
Tratamentos têm bons resultados, mas são paliativos
Os tratamentos para o bruxismo ainda são paliativos, mas já têm bons resultados e surtem efeitos quando bem avaliados e com medidas que minimizam especialmente as dores e a hipersensibilidade dos dentes. As placas intra-orais são bastante indicadas pelos dentistas e além disso têm boa receptividade junto aos pacientes. Essas podem controlar relativamente o problema e dependem também de ajustes periódicos para evitar maiores danos em virtude da perda do encaixe natural dos dentes. "Deve-se avaliar o custo-benefício individual se usada anos a fio", diz Bolzan.
Além dessas placas, existem ainda outras abordagens terapêuticas que podem ser utilizadas para cuidar do bruxismo. "O material das placas pode ser diferente para cada caso. Podemos oferecer fisioterapia específica e em alguns casos prescrevemos até analgésicos. O importante é fazer um diagnóstico diferencial observando todos os fatores e alterações associadas ao problema personalizado", diz o dentista José Tadeu de Siqueira, responsável pela Divisão de Odontologia e dor orofacial do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Efeitos psicológicos interferem no bruxismo
Questões emocionais são bastante ligadas ao bruxismo e o estresse é uma das principais causas da piora do ranger noturno e do apertamento diurno dos dentes. Mudança de hábitos, acompanhamento com profissionais de saúde especializados e autocontrole são algumas das dicas que os dentistas sugerem aos pacientes que têm bruxismo. Lidar com tudo isso não é fácil nem rápido, mas é possível conviver melhor com esses sintomas e com menores prejuízos da saúde bucal desde que se faça um devido tratamento.
Danilo Tovo
(www.bancoreal.com.br/medico - set/2002)
