Os canhões de Jonh Knivet no Rio
Matéria enviada por: Por Luiz Henrique Ferreira Spingarn

Com as andanças de mergulhadores de naufrágio, afinal mergulhador de naufrágio passa mais tempo mergulhado em livros e pesquisas do que na água, descobrimos um fato pitoresco da DA HISTÓRIA DO BRASIL e da HISTÓRIA DO MERGULHO NO BRASIL, trata-se da história de JOHN KNIVET relatada em livro de memórias escrito pelo protagonista em 1590 e comprovada por documentos existentes no CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA MARINHA na ilha das cobras no Rio de Janeiro.
Com a palavra JOHN KNIVET:
..."A este tempo vieram noticias de Portugal informando ter saído da Inglaterra uma frota de navios com destino ao Brasil, razão pela qual, o governador( Salvador Correia de Sá) ordenou a construção de um forte, as suas próprias expensas, sobre um rochedo que ficava à boca do porto,( não se localizou até o presente momento o tal rochedo e sítio aonde ocorreram os fatos aqui narrados, com as probabilidades de Laje, Radier de Villegagnon, Santa Cruz)mas tão perto da margem estava o forte que três meses depois de construido, o mar o carregou com todas as 14 peças que nele estavam.
....Estava cativo dos Portugueses, junto com outro, aprisionado na frustada incursão do Desire o seu nome era André Towers e era médico com numerosas curas fato pelo qual os portugueses o tomavam por feiticeiro, pois prognosticava muitas coisas, tinha um olho só, e dizia aos lusos que naquele olho residia um espirito mau. Pois bem este indivíduo decidiu fazer um maquinismo para retirar do mar os canhões que afundaram.
Consistia tal aparelho no seguinte: fez construir uma peça de couro toda untada de graxa e recoberta de pixe de modo a que água nenhuma nele penetrasse;
juntou a esta peça uma grande carapuça e um vasto nariz, atando a este três bexigas.
Instigou-me a mergulhar no mar dentro disto, dizendo que era muito fácil de se fazer.
- Se eu for bem recompensado irei, arriscando minha vida nesta façanha. Comunicou então ao governador, que ao ouvir a idéia me chamou , prometendo-me 1000 coroas e um passaporte para voltar ao meu país ou para onde eu quisesse ir, se eu colocasse um cabo nas argolas dos canhões.
Aceverei-lhe que procuraria fazer o melhor possível com a ajuda de Deus. Pronta a engrenagem de couro, muitos portugueses se dirigiram ao local, para em atitude solene acompanharem o feito.
Vestido com a armação de couro, foi lançado ao mar em dezoito braças (aprox. 39m) de profundidade amarrado a uma enorme pedra.
Mau grado a carapuça imensa, toda recoberta de pez e breu e cuja única virtude era ser grande, o peso da pedra fez-me afundar.
Foi uma luta insana para mim, pois sendo a pedra mui pesada levava-me ao fundo ao passo que a água impelia-me para cima, em razão da carapuça cheia, parecendo-me que a corda a qual eu estava atado acabaria por fazer-me em pedaços.
Quando me vi em tais apuros, tomei de um canivete que carregava comigo e cortei a corda. Logo subi à tona e rasgando as bexigas que me recobriam o rosto respirei com sofreguidão. Durante um mês andei meio desorientado por motivo desta aventura....

Nota: As tentativas de fabricação de escafandros repetiam-se pelo fim do sec. XVI.

Eis a aventura do João Knivet como primeiro mergulhador "equipado" do Brasil.

Outras informações o meu endereço é spingarn@mito.com.br


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