HISTÓRICO


O Santa Cruz completou 82 anos de existência, marcados por uma trajetória de lutas, sacrifícios, glórias e alegrias no setor desportivo nacional. A sua história cemeçou no dia 3 de feveriro de 1914, quando um grupo de dez rapazes, idealistas e dispostos a concretizar seus objetivos, reunidos na calçada da Igreja de Santa Cruz, na Rua de Santa Cruz, resolveu fundar um clube de futebol. Desse encontro, foi feita uma ata de fundação, que marca historicamente o início de tudo.

"Ata da Fundação do Santa Cruz Foot-Ball Clube em 3 de fevereiro de 1914. Aos trez de fevereiro de mil novecentos e quatorze, à rua da Mangueira, n.2, distrito da Boa Vista, pelas 19 horas reuniram-se os srs. Quintino Miranda Paes Barreto, José Luiz Vieira, José Glicéro Bonfim, Abelardo Costa, Augusto Franklin Ramos, Orlando Elias dos Santos, Alexandre Carvalho, Osvaldo dos Santos Ramos, Luiz Gonzaga Barabalho Uchoa, Augusto Câmara, para a fundação de uma sociedade de "foot-ball". Proclamado presidente o sr. Augusto Dornelas é pelo mesmo aceito, tendo convidado o sr. Luiz Barbalho para secretariar a mesma. O presidente expôs o fim da reunião que é a de fundação de uma sociedade esportiva que tomará por título "Santa Cruz Foot-Ball Club", adotando como principal esporte o "foot-ball". Sendo posta em discursão é aprovada. O presidente comunica que vai proceder à eleicão para a primeira diretoria:presidente - sr. José Luiz Vieira; vice-presidente - sr. Quintino Miranda Paes Barreto; 1. secretário - sr. Luiz de Gonzaga Barbalho Uchoa; 2. secretário e orador - Augusto Dornelas Câmara; tesoureiro - sr. Augusto Franklin Ramos; diretor de Esportes - sr. Orlando Elias dos Santos, tendo sido empossada. O secretário lê em seguida os estatutos da nova sociedade que são aprovados. Em seguida, tratou-se das cores que o clube adotaria a seu pavilhão, sendo escolhidas as cores branco e preta, sendo aprovadas. Tendo o sr. Alexandre Carvalho portado-se mal é repreendido pelo presidente e posta em ata um voto de censura ao mesmo. Não havendo assunto a discutir-se, o sr. presidente deu por encerrada a reunião depois de haver marcado o dia 7 de fevereiro para nova reunião".

SEM PRECONCEITOS

Apesar de ter sido fundado po gente de bem, numa época em que futebol era coisa de filhinho de papai, o Santa Cruz teve logo uma marca de sua personalidade de clube sem preconceitos, voltado para o povo, identificado com todas as classes sociais. Entre os seus fundadores, havia o sr. Teófilo Batista de Carvalho, mais conhecido como lacraia, que apesar de ser menbro de uma família tradicional, era um homem de cor e gozava de muita popularidade na época. Logo, ele se sobressaiu na equipe, pelo seu futebol, e ganhou a simpatia e a popularidade do homem do povo, das classe menos favorecidas, talvez pelo seu biótipo que destoava um pouco dos outros companheiros de elite. Lacraia teve participação em todos os movimentos que atencederam a fundação do novo clube, mas não compareceu à histórica reunião do dia 3 de fevereiro, porque estava estudando para o vestibular de Engenharia.

O PRIMEIRO SÓCIO

O primeiro sócio de Santa Cruz, depois de fundado, foi o sr. Sílvio Machado, através de proposta do sr. José Glycério Bonfim. Atualmente, esse número está muito superior. O primeiro jogo do time foi realizado no Sítio do Balão, localizado à rua josé de alencar, depois passou a jogar no Derby, e hoje, o clube tem um dos melhores estádios particulares do Brasil, o Colosso do Arruda, o melhor do Norte e Nordeste de clubes.

O primeiro ídolo que surgiu no time foi Zé Bonfim, médio e atacante, sucedendo-se inúmeros outros, como Pitota, Sebastião Virada, Tará, Marinho, este último recebendo uma verdadeira consagração no Aeroporto dos Guararapes, no seu regresso da Itália, a exemplo do que aconteceu com Givanildo, quando ele retornou dos Estados Unidos, onde foi campeão da taça Bicentenária, revelando-se um dos maiores astros da Seleção Brasileira, e com Nunes, após ser convocado para o escrete nacional.

A primeira doação recebida pelo Santa Cruz foi de 85 metros de fazenda, oferta do cel. Frederico Lundgren, e muitas outras se sucederam até hoje, sendo impossível citar os nomes de todos os doadores. O primeiro jogo contra equipe de fora foi diante do Rio Negro, com vitória de 7x0, uma goleada.

O PRIMEIRO TIME

Nesse jogo contra o Rio Negro, o Santa Cruz formava a sua primeira escalação titutlar com Waldemar Monteiro; Abelardo Costa e Humberto Barreto; Raimundo Diniz, Osvaldo Ramos e José Bonfim; Quintino Miranda, Sílvio Machado, José Vieira, Augusto Ramos e Osvaldo Ferreira. Dois dias depois, aparecia o primeiro saldo, com o tesoureiro apresentando uma receita de 19 mil réis, contra uma despesa de 13 mil, ficando seis mil réis em caixa, porém insuficentes para a compra da bola para o jogo. Houve o primeiro empréstimo para solucionar o impasse, feito pelo sr. Raimundo Diniz e cada um jogador devia adquirir seu próprio matérial para o jogo.

O PRIMEIRO TÍTULO

O primeiro título aconteceria 17 anos depois de sua fundação, ou seja, em 1931, com a conquista do campeonato estadual, derrotando o Torre por 2x0, com gols de Valfrido e Estêvão, no campo da Jaqueira, em memorável decisão. O time campeão formava com Dadá, Sherlock, J. Martins, Fernando, Doia, Júlio, Zezé, Valfrido, Aluisio, Popó, Tara, Lauro, e Estêvão. Depois disso, desencabulou e arrancou para o bicampeonato, em 1932, e para o tri, em 1933, e a partir daí conheceu inúmeros outros títulos, entre os quais o de bi-supercampeão, em 1976 e o de penta-campeão, de 1969 até 1973.

A PRIMEIRA CRISE

Na existência de qualque grupo ou sociedade é muito comum a fase de crises, o importante é saber contorná-las, partindo da sua experiência para um engrandecimento cada vez maior. A primeira crise do Santa Cruz aconteceu em 1914, quando Alexandre de Carvalho deu um morro em cima da mesa, evitando com esse gesto de revolta o fechamento do clube, diante da proposta considerada afrontosa de se gastar os únicos seis mil réis existentes na caixa, num caldo de cana elétrico que era sucesso, na época, na Rua da Aurora.

"O Santa Cruz nasceu e vai viver eternamente", disse Alexandre Carvalho.

Hoje, suas palavras ainda ecoam profundamente nos tricolores de todas as gerações, evitando outras crises crônicas, despertando a todos para uma grande máxima: "os homens passam, o clube fica".


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